quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

História de Atenas


Por volta dos anos 500 e 400 AC, esta cidade, fundada há mais de 3.000 anos, era a mais próspera da Grécia Antiga e possuía um poderoso líder: Péricles. Nesta fase, a divisão hierárquica seguia a seguinte ordem: nobres, homens livres e uma grande quantidade de escravos que realizavam trabalhos como mercadores, carpinteiros, professores e marceneiros.

História e características sociais, políticas e econômicas

Por ser uma cidade bem sucedida e comercial, Atenas despertou a cobiça de muitas cidades gregas. Esparta se uniu a outras cidades gregas para atacar Atenas. A Guerra do Peloponeso (431 a 404 a.C.) durou 27 anos e Esparta venceu, tomando a capital grega para si, que, a propósito, continuou riquíssima culturalmente.

Alguns dos maiores nomes do mundo viveram nesta região repleta de escritores, pensadores e escultores, entre eles estão: os autores de peças de teatro Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes e também os grandes filósofos Platão e Sócrates.

Atenas destacou-se muito pela preocupação com o desenvolvimento artístico e cultural de seu povo, desenvolvendo uma civilização de forte brilho intelectual. Na arquitetura, destacam-se os lindos templos erguidos em homenagens aos deuses, principalmente a deusa Atena, protetora da cidade.

A democracia ateniense privilegiava apenas seus cidadãos (homens livres, nascidos em Atenas e maiores de idade) com o direito de participar ativamente da Assembléia e também de fazer a magistratura. No caso dos estrangeiros, estes, além de não terem os mesmos direitos, eram obrigados a pagar impostos e prestar serviços militares.

Hoje em dia, Atenas tem mais de dois milhões e meio de habitantes, e, embora tenha inúmeras construções modernas, continua com suas ruínas que remetem aos memoráveis tempos antigos. A cidade é um dos principais pontos turísticos da Europa.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

História do Brasil Colônia

Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.

Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil.

A descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. De acordo com este acordo, Portugal ficou com as terras recém descobertas que estavam a leste da linha imaginária ( 200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha.

Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas.

Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

História do Descobrimento do Brasil

Durante o período dos grandes descobri­mentos marítimos, Portugal e Espanha se empenharam em procurar um novo caminho para as índias. Em 1492, Cristóvão Colombo, a serviço da Espanha, descobre a América, abrindo uma nova perspectiva de descobertas.

Portugal e Espanha assinaram em 1494 o Tratado de Tordesilhas, para evitar futuras guerras pela posse das novas terras. Em 1500, parte de Portugal um poderosa esquadra, composta de 13 caravelas, chefiada por Pedro Álvares Cabral. Este tinha uma missão dupla: estabelecer um contato diplomático com a índia, alcançada alguns anos antes por Vasco da Gama, e outra missão, mais secreta: desviar-se um pouco de sua rota e explorar as terras desconhecidas no lado português da linha divisória estabelecida pelo Tratado. Antes dele, outros navegadores portugueses já haviam constatado a existência dessas terras, sem desembarcar.

Partindo do Tejo a 9 de março de 1500, com uma frota de 1.000 homens, Cabral seguiu a costa africana. Na altura da Guiné, seguindo as ordens recebidas, desvia-se da rota, com o propósito aparente de procurar melhores condições de vento. A 22 de abril, chega às novas terras. Avistou em primeiro lugar um monte, que denominou Monte Pascoal, e aportaram numa baía mais ao norte.
A 26 de abril, Frei Henrique Soares rezou uma missa de ação de graças, numa pequena ilha, por eles chamada Coroa Vermelha. Transferiram-se então para o continente, onde asseguraram a posse da terra com outra missa, rezada com a presença dos índios ali. encontrados, a 1° de maio.

Tendo dado por concluída a sua missão ali, Cabral parte no dia seguinte para a índia, mandando ao mesmo tempo uma caravela com notícias da descoberta para o rei de Portugal. Era uma carta, escrita por Pêro Vaz de Caminha.
Em tão pouco tempo, Cabral não pôde decidir se havia desembarcado em um continente ou não, e julgou haver alcançado uma grande ilha, que denominou Ilha de Vera Cruz. Outras expedições vieram explorar o local descoberto por Cabral, e averiguando ser realmente um continente, denominaram-no Terra de Santa Cruz, em homenagem ao Cruzeiro do Sul, principal constelação vista desta área. Em 1511, depois da descoberta do pau-brasil, madeira muito útil que logo foi explorada pelos portugueses, a nova terra recebeu o nome de Brasil.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Brasil

Durante o período dos grandes descobri­mentos marítimos, Portugal e Espanha se empenharam em procurar um novo caminho para as índias. Em 1492, Cristóvão Colombo, a serviço da Espanha, descobre a América, abrindo uma nova perspectiva de descobertas.

Portugal e Espanha assinaram em 1494 o Tratado de Tordesilhas, para evitar futuras guerras pela posse das novas terras. Em 1500, parte de Portugal um poderosa esquadra, composta de 13 caravelas, chefiada por Pedro Álvares Cabral. Este tinha uma missão dupla: estabelecer um contato diplomático com a índia, alcançada alguns anos antes por Vasco da Gama, e outra missão, mais secreta: desviar-se um pouco de sua rota e explorar as terras desconhecidas no lado português da linha divisória estabelecida pelo Tratado. Antes dele, outros navegadores portugueses já haviam constatado a existência dessas terras, sem desembarcar.

Partindo do Tejo a 9 de março de 1500, com uma frota de 1.000 homens, Cabral seguiu a costa africana. Na altura da Guiné, seguindo as ordens recebidas, desvia-se da rota, com o propósito aparente de procurar melhores condições de vento. A 22 de abril, chega às novas terras. Avistou em primeiro lugar um monte, que denominou Monte Pascoal, e aportaram numa baía mais ao norte.

A 26 de abril, Frei Henrique Soares rezou uma missa de ação de graças, numa pequena ilha, por eles chamada Coroa Vermelha. Transferiram-se então para o continente, onde asseguraram a posse da terra com outra missa, rezada com a presença dos índios ali. encontrados, a 1° de maio.
Tendo dado por concluída a sua missão ali, Cabral parte no dia seguinte para a índia, mandando ao mesmo tempo uma caravela com notícias da descoberta para o rei de Portugal. Era uma carta, escrita por Pêro Vaz de Caminha.

Em tão pouco tempo, Cabral não pôde decidir se havia desembarcado em um continente ou não, e julgou haver alcançado uma grande ilha, que denominou Ilha de Vera Cruz. Outras expedições vieram explorar o local descoberto por Cabral, e averiguando ser realmente um continente, denominaram-no Terra de Santa Cruz, em homenagem ao Cruzeiro do Sul, principal constelação vista desta área. Em 1511, depois da descoberta do pau-brasil, madeira muito útil que logo foi explorada pelos portugueses, a nova terra recebeu o nome de Brasil.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

História do Brasil Colônia - O Período Colonial

O Período Pré-Colonial: A fase do pau-brasil (1500 a 1530)

A expressão "descobrimento" do Brasil está carregada de eurocentrismo (valorização da cultura européia em detrimento das outras), pois desconsidera a existência dos índios em nosso país antes da chegada dos portugueses. Portanto, optamos pelo termo "chegada" dos portugueses ao Brasil. Esta ocorreu em 22 de abril de 1500, data que inaugura a fase pré-colonial.

Neste período não houve a colonização do Brasil, pois os portugueses não se fixaram na terra. Após os primeiros contatos com os indígenas, muito bem relatados na carta de Caminha, os portugueses começaram a explorar o pau-brasil da Mata Atlântica.
O pau-brasil tinha um grande valor no mercado europeu, pois sua seiva, de cor avermelhada, era muito utilizada para tingir tecidos. Para executar esta exploração, os portugueses utilizaram o escambo, ou seja, deram espelhos, apitos, chocalhos e outras bugigangas aos nativos em troca do trabalho (corte do pau-brasil e carregamento até as caravelas).

Nestes trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que tinham ficado de fora do Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras recém descobertas em 1494). Os corsários ou piratas também saqueavam e contrabandeavam o pau-brasil, provocando pavor no rei de Portugal. O medo da coroa portuguesa era perder o território brasileiro para um outro país. Para tentar evitar estes ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém com poucos resultados.

Os portugueses continuaram a exploração da madeira, construindo as feitorias no litoral que nada mais eram do que armazéns e postos de trocas com os indígenas.

No ano de 1530, o rei de Portugal organizou a primeira expedição com objetivos de colonização. Esta foi comandada por Martin Afonso de Souza e tinha como objetivos: povoar o território brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil.






O açúcar era um produto de muita aceitação na Europa e alcançava um grande valor. Após as experiências positivas de cultivo no Nordeste, já que a cana-de-açúcar se adaptou bem ao clima e ao solo nordestino, começou o plantio em larga escala. Seria uma forma de Portugal lucrar com o comércio do açúcar, além de começar o povoamento do Brasil. A mão-obra-obra escrava, de origem africana, foi utilizada nesta fase.

Administração Colonial

Para melhor organizar a colônia, o rei resolveu dividir o Brasil em Capitanias Hereditárias. O território foi dividido em faixas de terras que foram doadas aos donatários. Estes podiam explorar os recursos da terra, porém ficavam encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar. No geral, o sistema de Capitanias Hereditárias fracassou, em função da grande distância da Metrópole, da falta de recursos e dos ataques de indígenas e piratas. As capitanias de São Vicente e Pernambuco foram as únicas que apresentaram resultados satisfatórios, graças aos investimentos do rei e de empresários.

Após a tentativa fracassada de estabelecer as Capitanias Hereditárias, a coroa portuguesa estabeleceu no Brasil o Governo-Geral. Era uma forma de centralizar e ter mais controle da colônia. O primeiro governador-geral foi Tomé de Souza, que recebeu do rei a missão de combater os indígenas rebeldes, aumentar a produção agrícola no Brasil, defender o território e procurar jazidas de ouro e prata.

Também existiam as Câmaras Municipais que eram órgãos políticos compostos pelos "homens-bons". Estes eram os ricos proprietários que definiam os rumos políticos das vilas e cidades. O povo não podia participar da vida pública nesta fase.

A capital do Brasil neste período foi Salvador, pois a região Nordeste era a mais desenvolvida e rica do país.

A economia colonial

A base da economia colonial era o engenho de açúcar. O senhor de engenho era um fazendeiro proprietário da unidade de produção de açúcar. Utilizava a mão-de-obra africana escrava e tinha como objetivo principal a venda do açúcar para o mercado europeu. Além do açúcar destacou-se também a produção de tabaco e algodão.

As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja, eram grandes fazendas produtoras de um único produto, utilizando mão-de-obra escrava e visando o comércio exterior.

O Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Brasil só podia fazer comércio com a metrópole.

A sociedade Colonial

A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia uma camada média formada por trabalhadores livres e funcionários públicos. E na base da sociedade estavam os escravos de origem africana.

Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder social. As mulheres tinham poucos poderes e nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos filhos.

A casa-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O conforto da casa-grande contrastava com a miséria e péssimas condições de higiene das senzalas (habitações dos escravos).

Invasão holandesa no Brasil

Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo de ataques e fixação de holandeses. Interessados no comércio de açúcar, os holandeses implantaram um governo em nosso território. Sob o comando de Maurício de Nassau, permaneceram lá até serem expulsos em 1654. Nassau desenvolveu diversos trabalhos em Recife, modernizando a cidade.




Expansão territorial: bandeiras e bandeirantes

Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do território brasileiro além do Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes penetram no território brasileiro, procurando índios para aprisionar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que encontraram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

O Ciclo do Ouro: século XVIII

Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portugal tratou de organizar sua extração. Interessado nesta nova fonte de lucros, já que o comércio de açúcar passava por uma fase de declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a 20% de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição.

A descoberta de ouro e o início da exploração da minas nas regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocou uma verdadeira "corrida do ouro" para estas regiões. Procurando trabalho na região, desempregados de várias regiões do país partiram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia.

O trabalho dos tropeiros foi de fundamental importância neste período, pois eram eles os responsáveis pelo abastecimento de animais de carga, alimentos (carne seca, principalmente) e outros mantimentos que não eram produzidos nas regiões mineradoras.




Desenvolvimento urbano nas cidades mineiras

Cidades começaram a surgir e o desenvolvimento urbano e cultural aumentou muito nestas regiões. Foi neste contexto que apareceu um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil : Aleijadinho.
Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o mercado de trabalho na região aurífera. Igrejas foram erguidas em cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana.
Para acompanhar o desenvolvimento da região sudeste, a capital do país foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.


Revoltas Coloniais e Conflitos

Em função da exploração exagerada da metrópole ocorreram várias revoltas e conflitos neste período:

- Guerra dos Emboabas : os bandeirantes queriam exclusividade na exploração do ouro nas minas que encontraram. Entraram em choque com os paulistas que estavam explorando o ouro das minas.

- Revolta de Filipe dos Santos : ocorrida em Vila Rica, representou a insatisfação dos donos de minas de ouro com a cobrança do quinto e das Casas de Fundição. O líder Filipe dos Santos foi preso e condenado a morte pela coroa portuguesa.

- Inconfidência Mineira (1789) : liderada por Tiradentes , os inconfidentes mineiros queriam a libertação do Brasil de Portugal. O movimento foi descoberto pelo rei de Portugal e os líderes condenados.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Música vocal

Entre os gêneros vocais teve um papel importante a forma policoral com estruturas antifonais, os chamados cori spezzati, desenvolvida por Andrea Gabrieli e Giovanni Gabrieli em Veneza, na passagem do século XVI para o século XVII, estabelecendo precedentes para os gêneros concertantes vocais e instrumentais e inovando nas técnicas polifônicas.Mas possivelmente a mais influente e seminal forma vocal a se desenvolver no Barroco foi a ópera, o mais ambicioso projeto de exploração dos efeitos dramáticos em música, com o auxílio de representação cênica e requintadas cenografias. Os precursores da ópera foram os florentinos Giulio Caccini e Jacopo Peri, cuja ópera Euridice (1600), composta conjuntamente, é a mais antiga que sobreviveu, mas o primeiro grande expoente foi o veneziano Claudio Monteverdi, que em 1607 apresentou seu L'Orfeo, seguido de várias outras composições importantes e influentes, como L'Arianna e L'Incoronazione di Poppea. Suas óperas, como todas as de sua época, fizeram face ao desafio de estabelecer uma unidade coerente para um paradoxo de origem - a tentativa de criar uma representação realista num contexto artístico que primava pelo artificialismo e convencionalismo.Para Ringer as óperas de Monteverdi foram uma resposta brilhante para esse desafio, estão entre as mais pura e essencialmente teatrais de todo o repertório sem perder em nada suas qualidades musicais, e foram a primeira tentativa bem sucedida da ilustração dos afetos humanos em música numa escala monumental, sempre amarrada a um senso de responsabilidade ética. Com isso ele revolucionou a prática de seu tempo e se tornou o fundador de toda uma nova estética que teve uma influência enorme em todas as gerações de operistas posteriores.

Enquanto Monteverdi desenvolvia a parte final de sua carreira em Veneza, Roma e Nápoles também patrocinavam uma rica atividade operística, introduzindo outras novidades: um uso mais frequente do coro, introdução de intermezzi dançados entre os atos, e a adoção de uma abertura em estilo de canzona. A ópera logo ganhou ampla aceitação, e o gosto popular passou a influir sobre os compositores, utilizando melodias populares e cenários suntuosos e engenhosos, com maquinismos cênicos para efeitos especiais e aberturas no estilo de fanfarras. O desejo da audiência por melodias facilmente memorizáveis e cantáveis possibilitou a progressiva distinção entre árias e recitativos.
No início do século XVIII fixou-se a fórmula da opera seria, cuja dramaturgia se desenvolveu em boa parte como uma resposta à crítica francesa daqueles que frequentemente era vistos como "libretos impuros e corrompedores". Como resposta, a Accademia dell'Arcadia, sediada em Roma, buscou retornar a ópera italiana aos princípios clássicos, obedecendo as unidades dramáticas de Aristóteles e substituindo tramas "imorais" por narrativas altamente moralistas, que buscavam instruir, além de entreter. No entanto, os finais quase sempre trágicos do drama clássico eram rejeitados, por motivos de decoro; os principais autores de libretos da opera seria, como Apostolo Zeno e Pietro Metastasio, acreditavam que a virtude devia ser recompensada, e mostrada triunfando. Os episódios cômicos e o balé, comuns na ópera francesa, foram banidos, mas foi o período áureo dos solistas vocais virtuosos, especialmente os castrati.
Ainda no século XVII ópera se difundiu para a França, onde se adaptou à tradição da tragédia e do balé e formou a chamada tragédia lírica, que se tornou uma instituição nacional. Na França a abertura italiana se transformou em uma peça mais consistente, a chamada abertura francesa, com uma seção em fugatto. Os mestres da tragédia lírica foram Jean-Baptiste Lully e Jean-Philippe Rameau. Na Alemanha a ópera não foi tão popular, mas não obstante recebeu atenção em várias cidades importantes, como Hamburgo, Munique e Dresden. Na Áustria, Viena foi um grande centro operístico, e em toda a área germânica a influência italiana foi predominante, com destaque para os compositores Reinhard Keiser, Niccolò Jommelli, Georg Philipp Telemann e Johann Adolph Hasse. Na Inglaterra a situação era semelhante à da França, podendo desenvolver um estilo nacional com Henry Purcell e John Blow antes dos italianos, ou italianizados como Handel, dominarem a cena no século XVIII.

Os operistas napolitanos também ajudaram a desenvolver um outro gênero de música vocal dramática, a cantata, para voz solo com acompanhamento instrumental. Giacomo Carissimi consolidou o gênero num modelo compacto, com duas ou três árias entremeadas de recitativos, forma levada adiante por vários outros compositores e introduzida na França por Marc-Antoine Charpentier. Em virtude da progressiva diluição dos limites entre os gêneros sacros e profanos, logo a cantata foi adotada como veículo de temas religiosos, originando a cantata sacra. Nesta forma foi muito popular nos países germânicos, onde se tornou parte integrante do culto luterano. Seu maior cultivador foi Johann Sebastian Bach, mas também se dedicaram ao gênero Dietrich Buxtehude e Johann Kuhnau. Paralelamente à evolução da ópera, surgiram o oratório, o seu equivalente sacro, e a paixão, também semelhante. Emilio de' Cavalieri é tido como o fundador do oratório com sua Rappresentazione di anima e di corpo, estreada em Roma em 1600, e Carissimi, Alessandro Scarlatti, Heinrich Schütz e Georg Friedrich Handel deram importantes contribuições à expansão da forma.

terça-feira, 12 de junho de 2007

O Barroco americano

Em virtude da colonização da América por países europeus naturalmente se transportou o Barroco para o Novo Mundo, encontrando um terreno especialmente favorável nas regiões dominadas pela Espanha e Portugal. Artistas europeus migraram para a América e fizeram escola, e junto com a grande penetração de missionários católicos, muitos dos quais eram artistas habilidosos, criou-se um Barroco multiforme e não raro influenciado pelo gosto popular. Os principais centros de cultivo do Barroco americano foram o Peru, o Equador, o Paraguai, a Bolívia, o México e o Brasil.
São de destacar com especial interesse o chamado "Barroco missioneiro", desenvolvido no âmbito das reduções, os aldeamentos indígenas organizados por missionários católicos, formando um Barroco híbrido com influência da cultura indígena, onde os próprios índios tiveram parte importante na criação das obras, e a Escola de Cuzco de pintura, fundada pelos jesuítas Juan Íñigo de Loyola e Bernardo Bitti, junto com alguns outros mestres. Contando com a participação de índios incas, um povo de sofisticada cultura própria, que deram sua própria contribuição estética, logo a escola se desenvolveu numa forma original, sincrética e de tendência fortemente ornamental, cuja influência se espalhou a partir do século XVII por todo
Em virtude da colonização da América por países europeus naturalmente se transportou o Barroco para o Novo Mundo, encontrando um terreno especialmente favorável nas regiões dominadas pela Espanha e Portugal. Artistas europeus migraram para a América e fizeram escola, e junto com a grande penetração de missionários católicos, muitos dos quais eram artistas habilidosos, criou-se um Barroco multiforme e não raro influenciado pelo gosto popular. Os principais centros de cultivo do Barroco americano foram o Peru, o Equador, o Paraguai, a Bolívia, o México e o Brasil.

São de destacar com especial interesse o chamado "Barroco missioneiro", desenvolvido no âmbito das reduções, os aldeamentos indígenas organizados por missionários católicos, formando um Barroco híbrido com influência da cultura indígena, onde os próprios índios tiveram parte importante na criação das obras, e a Escola de Cuzco de pintura, fundada pelos jesuítas Juan Íñigo de Loyola e Bernardo Bitti, junto com alguns outros mestres. Contando com a participação de índios incas, um povo de sofisticada cultura própria, que deram sua própria contribuição estética, logo a escola se desenvolveu numa forma original, sincrética e de tendência fortemente ornamental.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

História de Esparta



Esparta foi uma das principais polis (cidades-estado) da Grécia Antiga. Situava-se geograficamente na região sudeste da Península do Peloponeso. Destacou-se no aspecto militar, pois foi fundada pelos dórios.

A cidade de Esparta foi fundada no século IX a C pelo povo dório que penetrou pela península em busca de terras férteis. Quatro aldeias da região da Lacônia uniram-se para formar a cidade de Esparta. A cidade cresceu nos séculos seguintes e o aumento populacional fez com que os espartanos buscassem a ampliação de seu território através de guerras. No final do século VIII aC, os espartanos conquistaram toda a planície da Lacônia. Nos anos seguintes, Esparta organizou a formação da Liga do Peloponeso, reunindo o poderio militar de várias polis da região, exceto a rival Argos.

O poder militar de Esparta foi extremamente importante nas Guerras Médicas (contra os persas). Uniu-se a Atenas e outras cidades para impedir a invasão do inimigo comum. O exército espartano foi fundamental na defesa terrestre (Atenas fez a defesa marítima) durante as batalhas. Após as Guerras Médicas, a luta pela hegemonia no território grego colocou Atenas e Esparta em posições contrárias. De 431 a 404, ocorreu a Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, que foi vencida pelos espartanos.

Sociedade Espartana

Em Esparta a sociedade era estamental, ou seja, dividida em camadas sociais onde havia pouca mobilidade. A sociedade estava composta da seguinte forma:

Esparcíatas: eram os cidadãos de Esparta. Filhos de mães e pais espartanos, haviam recebido a educação espartana. Esta camada social era composta por políticos, integrantes do exército e ricos proprietários de terras. Só os esparcíatas tinham direitos políticos.

Periecos: eram pequenos comerciantes e artesãos. Moravam na periferia da cidade e não possuíam direitos políticos. Não recebiam educação, porém tinham que combater no exército, quando convocados. Eram obrigados a pagar impostos.

Hilotas: levavam uma vida miserável, pois eram obrigados a trabalhar quase de graça nas terras dos esparcíatas. Não tinham direitos políticos e eram alvos de humilhações e massacres. Chegaram a organizar várias revoltas sociais em Esparta, combatidas com extrema violência pelo exército.

Educação Espartana

O princípio da educação espartana era formar bons soldados para abastecer o exército da polis. Com sete anos de idade o menino esparcíata era enviado pelos pais ao exército. Começava a vida de preparação militar com muitos exercícios físicos e treinamento. Com 30 anos ele se tornava um oficial e ganhava os direitos políticos. A menina espartana também passava por treinamento militar e muita atividade física para ficar saudável e gerar filhos fortes para o exército.

Política Espartana

Reis: a cidade era governada por dois reis que possuíam funções militares e religiosas. Tinham vários privilégios.

Assembléia: constituída pelos cidadãos, que se reuniam na Apella (ao ar livre) uma vez por mês para tomar decisões políticas como, por exemplo, aprovação ou rejeição de leis.

Gerúsia: formada por vinte e oito gerontes (cidadãos com mais de 60 anos) e os dois reis. Elaboram as leis da cidade que eram votadas pela Assembléia.

Éforos: formado por cinco cidadãos, tinham diversos poderes administrativos, militares, judiciais e políticos. Atuavam na política como se fossem verdadeiros chefes de governo.

Religião Espartana

Assim como em outras cidades da Grécia Antiga, em Esparta a religião era politeísta (acreditavam em vários deuses). Arqueólogos encontraram diversos templos nas ruínas de Esparta. Atena (deusa da sabedoria) era a mais cultuada na cidade.

Arquitetura Barroca

Após o fim da guerra de restauração da independência e depois da crise de sucessão entre D. Afonso VI e D. Pedro II, Portugal estava pronto para o grande barroco. Inicia-se de modo tímido, fugindo aos modelos maneirista, tentando animar e modernizar as novas construções, recorrendo à planta centrada e a decorações menos austeras, destacando-se a Igreja de Santa Engrácia em Lisboa, de João Nunes Tinoco e João Antunes. Santa Engrácia é um edifício imponente, de formas curvas e geométricas, de planta centrada, coroado por uma imponente cúpula (terminada apenas no século XX), decorado por mármores coloridos e impondo-se à cidade.

No reinado de D. João V o barroco vive uma época de esplendor e riqueza completamente novas em Portugal. Apesar de o terremoto de 1755 ter destruído muitos edifícios, o que chegou aos nossos dias ainda é impressionante. O Paço da Ribeira, a Capela real (destruídos no terremoto) e o Palácio Nacional de Mafra, são as principais obras do rei. O Aqueduto das Águas Livres pretende trazer para Lisboa água numa distancia de cerca de 18 quilómetros, merecendo destaque o destroços sobre o vale de Alcântara devido à monumentalidade dos seus arcos originais e imponência do conjunto. No entanto, um pouco por todo o país são visíveis as marcas da época e o fausto a que o reino chegou. A talha dourada assume características nacionais e posteriormente “joaninas” devido à importância e riqueza dos programas decorativos. A pintura, escultura, artes decorativas e azulejo também atravessam uma época de grande desenvolvimento.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Literatura

Especialmente depois das guerras e tumultos sociais e religiosos da primeira parte do século XVII, a literatura experimentou um grande florescimento em vários países, dando origem à literatura moderna. Na Itália apareceu a corrente Marinista liderada por Giambattista Marino, na Península Ibérica e colônias americanas, o Cultismo e o Conceptismo de Luis de Góngora, Francisco de Quevedo, o padre Antônio Vieira e Gregório de Matos. Na França foi a era de Molière, Racine, Boileau e La Fontaine; nos Países Baixos, a Idade de Ouro da poesia, com expoentes em Henric Spieghel, Joost van den Vondel, Daniël Heinsius e Gerbrand Bredero; na Inglaterra, propiciou-se o florescimento de uma poesia metafísica tipificada por John Dryden, John Milton, John Donne e Samuel Johnson.

Seu motivo onipresente foi o conflito entre a tradição clássica herdada do Renascimento e as novas descobertas da ciência, as mudanças na religião, novas aspirações e um desejo de experimentação. A herança clássica trazia consigo determinadas formas estéticas e padrões morais, mas ao mesmo tempo se fazia frente à necessidade cristã de rejeitar o modelo clássico por sua origem pagã, considerada uma influência corruptora e enganosa, e isso explica parte da rejeição do classicismo em boa parte do Barroco, um conflito que se estendeu para a área da educação, até então também pesadamente devedora dos clássicos e através da influência jesuítica vista como o principal e primeiro instrumento de reforma social.

Em termos estilísticos, a literatura barroca em linhas gerais praticou um culto exagerado à forma e ao virtuosismo no intuito de maravilhar o leitor, o que implicava o uso constante de figuras de linguagem e outros artifícios retóricos, como a metáfora, a elipse, a antítese, o paradoxo e a hipérbole, com grande atenção ao detalhe e à ornamentação como partes integrais do discurso.Também se popularizaram as literaturas vernaculares e aquelas centradas no cotidiano, cultivando temas naturalistas e de crítica social, como contrapartida ao idealismo cavaleiresco e nobilizante do Renascimento.[21] São criados gêneros trans-naturalistas como a novela picaresca, com um grande exemplo no Simplicius Simplicissimus de Hans Jakob Christoffel von Grimmelshausen, ou a novela polifônica moderna, tipificada no Don Quixote, de Cervantes. A esta tendência anticlássica corresponde também a fórmula da comédia nova criada por Lope de Vega, e divulgada através de seu Arte Nova de fazer comédias neste tempo, rompendo com as unidades aristotélicas de ação, tempo, e espaço. A conquista da América deu lugar ao gênero das crônicas, entre as quais podemos encontrar algumas obras mestras, como as de Frei Bartolomé de las Casas e Inca Garcilaso de la Vega.

Na poesia sacra se notabilizaram São João da Cruz, Soror Juana de la Cruz e Santa Teresa de Ávila. Ao longo do século XVIII os gêneros satíricos e sentimentais como os cultivados por Alexander Pope, Voltaire e Jonathan Swift, por exemplo, se tornaram favoritos, à medida que a influência da religião declinava, os ideais clássicos se fortaleciam novamente, se consolidava a sensibilidade do Rococó e o pensamento iluminista se tornava predominante.

Literatura para o teatro

O drama barroco tipicamente usa motivos clássicos mas tenta trazê-los para o mundo moderno, muitas vezes centrando a ação na figura do monarca. Ao contrário do drama clássico, onde o destino é uma das principais forças propulsoras da ação, um destino que é cego e contra o qual não há nada capaz de se opor, no drama barroco o interesse passa para as dificuldades inerentes ao exercício do poder, da vontade e da razão diante da realidade política corrupta, cruel e cínica e do descontrole das paixões, gerando uma perene e dolorosa tensão entre o desejo por um mundo harmonioso, belo e santificado e a impressão de que tudo se dirige para a catástrofe e a destruição, sem qualquer esperança para o homem. Para a expressão desses conflitos um recurso técnico comum é a alegoria, que transporta os fatos concretos para uma esfera mais abstrata e mais abrangente, possibilitando múltiplas interpretações e fazendo relacionamentos simultâneos entre vários níveis de realidade. O uso da alegoria é típico do Barroco também porque ela não oferece uma resposta unívoca às questões propostas, permanecendo o incerto, o ambíguo e o mutável como elementos integrantes do tema, permite o exercício da crítica social sem ligar-se diretamente a figuras públicas verdadeiras, e possibilita a exploração da psicologia humana em todos os seus extremos contrastantes de virtude e vício, e com todas as nuances intermédias. Por tais motivos, nas alegorias dramáticas do Barroco abundam imagens de ruínas e da morte, mas abrindo a perspectiva de um novo nascimento e de uma ação humana significativa.Nas regiões protestantes o drama se tornou particularmente pessimista, uma vez que o Protestantismo só admite a doutrina da salvação pela fé, e as boas obras perdem assim significado transcendente. No drama protestante a história é essencialmente decadência ou regressão, e seus temas são principalmente lamentos sobre um mundo envilecido.Mesmo nos dramas sacros católicos são recorrentes os temas do sacrifício, do martírio, da abstinência, da penitência e da melancólica, ainda que espiritualmente gloriosa, renúncia ao mundo da matéria, o "fruto proibido", dirigindo as esperanças para a esfera divina e eivando as narrativas com imagens trágicas e dolorosas, especialmente quando os dramas sacros eram representados em associação com festividades religiosas como a Paixão de Cristo, quando procissões de devotos se autoflagelavam e davam outras provas ritualizadas e teatralizadas de fé entre excessos emocionais.
Ainda que os personagens e os motivos tenham se multiplicado em relação ao Renascimento, no drama Barroco a ação é mantida mais coesa e ininterrupta por uma rede mais complexa de relacionamentos entre os seus agentes, conduzindo um desenvolvimento narrativo marcado pelas leis da causa e efeito, ainda que em seu curso a trama muitas vezes seja entremeada por surpresas e reviravoltas imprevistas, de qualquer forma encaixadas plausivelmente dentro dos limites da lógica. Outra diferença em relação ao período anterior é que os personagens já não são tipos fixos, com caracteres imutáveis e previsíveis. Antes um herói era sempre um herói, e suas ações sempre virtuosas; um bandido era sempre vil e suas intenções sempre obscuras e daninhas. No Barroco os personagens são mais humanos e contraditórios, suas personalidades apresentam áreas claras e escuras, e as mundanças nos comportamentos, humores e motivações podem ser abruptas e drásticas. Finalmente, a ação não é mais concebida como um arco perfeito, com um início, meio e fim nítidos, com um progressivo e calculado acúmulo de tensão que culmina num clímax final; os dramas barrocos podem iniciar com uma impressão de casualidade, como se o observador tivesse capturado uma cena de passagem e sido jogado dentro da trama acidentalmente; tampouco os finais são sempre um clímax, e nas tragédias barrocas a morte do protagonista no final deixa de ser uma regra. Esses traços, contudo, são muito genéricos, e casos particulares podem apresentar estruturas e desenvolvimentos bastante diversos, como é típico de todo o Barroco.

Artes barrocas

As características mais típicas do Barroco na pintura e escultura são aquelas recém-descritas, e não é necessário repeti-las. Algumas particularidades, porém, cabe mencionar.
A Contra-Reforma deu uma atenção redobrada à imaginária sacra, seguindo antiga tradição que afirmava que as imagens de santos, pintadas ou esculpidas, eram intermediários para a comunicação dos homens com as esferas espirituais. São João da Cruz afirmava que havia uma relação recíproca entre Deus e os fiéis que era mediada pelas imagens, e vários outros religiosos católicos, como São Carlos Borromeu e Roberto Bellarmino reiteraram sua importância no culto, mas o valor delas havia sido negado pelos protestantes, o que desencadeou grandes movimentos iconoclastas em várias regiões protestantes que provocaram a destruição de incontáveis obras de arte. A imaginária sacra, então, voltou a ser vista como elemento central no culto católico, fazia parte de um conjunto de instrumentos usados pela Igreja para invocar emoções específicas nos fiéis e levá-los à meditação espiritual. Num tratado teórico sobre o assunto, Gabriele Paleotti as defendeu a partir da idéia de que elas ofereciam para o fiel inculto uma espécie de Bíblia visual, a Biblia pauperum, enfatizando sua função pegadógica e seu paralelo com o sermão verbal. Mas considerou ainda a função da excitatio, a possibilidadede mexer com a imaginação e as emoções do povo, transferindo para a arte sacra a tipologia da retórica. Nem a liberdade artística deveria ser tolhida nem os teóricos desenvolveriam prescrições estilísticas propriamente ditas, apenas orientações normativas e morais. As imagens deveriam cumprir com o quesito de serem instrutivas e moralmente exemplares para os fiéis, buscando persuadí-los. Através da transmissão da fé "correta" aos fiéis, o artista adquiria um papel teologizante, e o próprio espectador em movimento pela igreja tornava-se uma peça do cenário deste "teatro da fé". Como disse Jens Baumgarten,

"O teorema jesuítico pós-tridentino e sua nova concepção da imagem em si, os modelos romanos, a representação do poder e a liturgia encontram-se e fundem-se numa síntese. Sem a imagem perfeita não há fé correta. A nova ênfase dada às imagens une-se a uma nova visão da sociedade. As mudanças ocorridas até 1600 levariam à construção de uma nova perspectiva eclesiástica e iconográfica que acabou desembocando no ilusionismo perspectivista, unido elementos de emocionalidade irracional com a transformação plástica de conceitos teológicos intransigentes".

Dentro desse espírito, na escultura é de assinalar o desenvolvimento de um gênero de composição grupal chamado de "sacro monte", concebido pela Igreja e rapidamente difundido por outros países. Trata-se de um conjunto que reproduz a Paixão de Cristo ou outras cenas piedosas, com figuras policromas em atitudes realistas e dramáticas em um arranjo teatralizado, e destinadas a comover o público. Deste instrumental pedagógico católico fazia parte ainda a construção de cenários nos quais eram inseridas as estátuas a fim de criar ainda maior ilusão de realidade, numa concepção verdadeiramente teatral. Às vezes tais grupos eram confeccionados de forma a poderem ser movidos e transportados sobre carros em procissões, criando-se uma nova categoria escultórica, a das estátuas de roca em madeira. Para aumentar o efeito mimético muitas possuíam membros articulados, para que pudessem ser manipuladas como marionetes, assumindo uma gestualidade eficiente e evocativa, variável de acordo com o progresso da ação cênica. Recebiam roupagens que imitavam as de pessoas vivas, e pintura que assemelhava à carne humana. E para maior ilusão seus olhos podiam ser de vidro ou cristal, as cabeleiras naturais, as lágrimas de resina brilhante, os dentes e unhas de marfim ou osso, e a preciosidade do sangue das chagas dos mártires e do Cristo flagelado podia ser enfatizada com a aplicação de rubis. Assim, nada melhor para coroar a participação do público devoto na re-criação da realidade mística do que permitir que a ação se desenrolasse em espaço aberto, na procissão, onde a movimentação física do fiel ao longo do trajeto poderia propiciar a estimulação da pessoa como um todo, diferentemente da contemplação estática diante de uma imagem em um altar. Nos casos em que o "sacro monte" deveria ser levado às ruas, usualmente era simplificado a uma sugestão de rochas ou numa gruta. Conforme a ocasião, a gruta ou rocha poderiam representar o Monte Sinai, o Monte Tabor, o Monte das Oliveiras, a Gruta da Natividade, a rocha da Tentação de Cristo ou outros locais impregnados de significado. Algumas vezes o cenário rochoso era substituído por outro arquitetônico, especialmente após o trabalho de Andrea Pozzo, codificador da perspectiva ilusionística arquitetônica que foi largamente empregada na decoração de templos católicos. Com os mesmos fins práticos, para aliviar o peso do conjunto, as imagens eram entalhadas apenas parcialmente, com acabamento só nas partes que deveriam ser vistas pelo público, como as mãos, cabeça e pés, e o restante do corpoconsistia em uma simples estrutura de ripas ou armação oca coberta pela roupa de tecido.

sábado, 12 de maio de 2007

Arquitetura e urbanismo

A arquitetura barroca é caracterizada pela complexidade na construção do espaço e pela busca de efeitos impactantes e teatrais, uma preferência por plantas axiais ou centralizadas, pelo uso de contrastes entre cheios e vazios, entre formas convexas e côncavas, pela exploração de efeitos dramáticos de luz e sombra, e pela integração entre a arquitetura e a pintura, a escultura e as artes decorativas em geral. O exemplo precursor da arquitetura barroca geralmente é apontado na Igreja de Jesus em Roma, cujo projeto foi de Giacomo Vignola e a fachada e a cúpula de Giacomo della Porta. Vignola partiu de modelos clássicos estabelecidos pelo Renascimento, que por sua vez se inspiraram na tradição arquitetônica da Grécia e da Roma antigas. As diferenças introduzidas por ele foram a supressão do transepto, a ênfase na axialidade e o encurtamento da nave, e procurou obter uma acústica interna eficaz. A fachada se tornou um modelo para as gerações futuras de igrejas jesuítas, com pilastras duplas sustentando um frontão no primeiro nível, e um outro frontão, maior, coroando toda a composição. O interior era originalmente despojado, e seu aspecto atual é resultado de decorações no final do século XVII, destacando-se um grande painel pintado no teto com o recurso da arquitetura ilusionística.


Vignola e Della Porta: Igreja de Jesus, RomaLogo depois de completa a Igreja, o papa Sisto V revitalizou um projeto de reurbanização de Roma que havia sido iniciado no século XV. Sua preocupação foi adaptar a cidade a um conceito urbano mais moderno, organizado e espaçoso, permitindo uma circulação facilitada numa cidade que ainda mantinha muito de seu perfil medieval, com ruas estreitas e tortuosas e poucos logradouros públicos amplos. O projeto previu uma organização radial de avenidas importantes, endireitamento de ruas, ampliação e embelezamento de praças e parques com fontes e monumentos, numa perpectiva monumental, e se revelou tão eficiente que foi mantido pelos seus sucessores, sendo continuamente aprimorado e embelezado ao longo de todo o século XVII. Também se construíram muitas novas igrejas e palácios, outros foram reformados, como várias estruturas do Vaticano, entre elas a Basílica de São Pedro, o maior monumento romano do Barroco, completada por Bernini.[46] As inovações na planta de Roma se tornaram modelares, e logo passaram a inspirar a reurbanização de várias cidades italianas, se irradiando também para a Alemanha, França e outros países, em interpretações variadas e em vários casos alterando radicalmente o perfil urbano, como por exemplo em Salzburg, Dresden, Viena, Praga, Nuremberg, Graz, Cracóvia, Munique, Nápoles e Madrid. Isso se fez mais evidente na recuperação econômica européia após as múltiplas crises e guerras do início do século XVII. À medida que os Estados absolutistas se consolidavam, alianças renovadas entre o Estado, a Igreja e a nobreza possibilitaram a reformulação das cidades a fim de expressar seu poder e um novo senso de ordem, manifestos em construções suntuosas e ostentatórias. Esse programa foi especialmente intenso onde dinastias católicas governavam e apoiavam a Contra-Reforma, mas mesmo em regiões onde o absolutismo católico não prosperou, como nos Países Baixos e Alemanha protestantes, as novidades foram aceitas e implementadas na esteira da expansão e transformação da economia e da sociedade, e em vista das necessidades novas impostas pelo aumento populacional.

Na arquitetura barroca foi importante a observação de proporções geométricas definidas, como a Seção Áurea e a Sequência de Fibonacci, uma vez que a teoria da arquitetura estava permeada de concepções que a relacionavam com a estrutura do universo. Acreditava-se que o cosmos fosse estruturado por proporções matemáticas, que a Terra e os outros planetas se moviam dentro de molduras concêntricas cristalinas, invisíveis e impalpáveis, mas não obstante reais, que deveria ser imitadas na construção dos edifícios e no planejamento urbano, refletindo também a ideologia do Estado centralizado.[47] Além disso, outras artes foram recrutadas pelos arquitetos para tornar a edificação barroca um espetáculo completo, carregado de alegorias e simbolismo, como a pintura, a escultura, as artes decorativas, todas reunidas para ilustrar a ideologia dominante.[33] Já foi dito que na época se concebia o mundo como um vasto teatro onde cada um desempenhava um papel definido através de regras predeterminadas, e entre as estratégias empregadas para a exibição do poder estavam representações teatrais, concertos e produção literária engajada na glorificação dos Estados e dos governantes. Como disse John Marino, os cidadãos da "cidade cerimonial" barroca constantemente se dedicavam a representações públicas como festivais cívicos, procissões e outros ritos devocionais e vários tipos de demonstrações populares. Monumentos, imagens, escritos e emblemas de civismo e fé, ornamentações, paramentos e construções efêmeras se cobriam de alegorias políticas, mitológicas e astrológicas que se fundiam para veicular mensagens polivalentes para uma audiência urbana de extração diversificada. Tais eventos faziam parte do processo ritualizado e doutrinatório que criava uma identidade coletiva, expressava hierarquias definidas e a solidariedade urbana, ao mesmo tempo em que alimentava rivalidades e competição entre classes, gêneros, ofícios, famílias, amigos e vizinhos, e por isso às vezes degeneravam em conflitos violentos.

Entre os arquitetos notáveis na Itália, além dos já citados, se contam Domenico Fontana, Carlo Maderno, Borromini, Carlo Rainaldi, Guarino Guarini, Bernardo Vitone, Francesco Bartolomeo Rastrelli e Filippo Juvarra. Outros europeus foram Johann Balthasar Neumann, Johann Michael Fischer, Christoph Dientzenhofer, Johann Christoph Glaubitz, Louis Le Vau, Charles Perrault, François Mansart, Jules Hardouin-Mansart, Jacob van Campen, Fernando de Casas Novoa, a família Churriguera, Christopher Wren, John Vanbrugh, James Gibbs, João Frederico Ludovice e João Antunes. No Brasil, Daniel de São Francisco, Aleijadinho e Francisco de Lima Cerqueira.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Pirâmides do Egito Antigo

Elas foram construídas há mais de 2500 anos e resistem até hoje. Cercadas de mistérios, despertam interesse de historiadores, arqueólogos e estudiosos de civilizações antigas. Como resistiram a tantos séculos? Que segredos guardavam dentro delas? Qual função religiosa exerciam na sociedade?

Conhecendo as pirâmides

A religião do Egito Antigo era politeísta, pois os egípcios acreditavam em vários deuses. Acreditavam também na vida após a morte e, portanto, conservar o corpo e os pertences para a outra vida era uma preocupação. Mas somente os faraós e alguns sacerdotes tinham condições econômicas de criarem sistemas de preservação do corpo, através do processo de mumificação.

A pirâmide tinha a função abrigar e proteger o corpo do faraó mumificado e seus pertences (jóias, objetos pessoais e outros bens materiais) dos saqueadores de túmulos. Logo, estas construções tinham de ser bem resistentes, protegidas e de difícil acesso. Os engenheiros, que deviam guardar os segredos de construção das pirâmides, planejavam armadilhas e acessos falsos dentro das contruções. Tudo era pensado para que o corpo mumificado do faraó e seus pertences não fossem acessados.

As pirâmides foram construídas numa época em que os faraós exerciam máximo poder político, social e econômico no Egito Antigo. Quanto maior a pirâmide, maior seu poder e glória. Por isso, os faraós se preocupavam com a grandeza destas construções. Com mão-de-obra escrava, milhares muitas vezes, elas eram construídas com blocos de pedras que chegavam a pesar até duas toneladas. Para serem finalizadas, demoravam, muitas vezes, mais de 20 anos. Desta forma, ainda em vida, o faraó começava a planejar e executar a construção da pirâmide.

A matemática foi muito empregada na construção das pirâmides. Conhecedores desta ciência, os arquitetos planejavam as construções de forma a obter o máximo de perfeição possível. As pedras eram cortadas e encaixadas de forma perfeita. Seus quatro lados eram desenhados e construídos de forma simétrica, fatores que explicam a preservação delas até os dias atuais.

Ao encontrarem as pirâmides, muitas delas intactas, os arqueólogos se depararam com muitas informações do Egito Antigo. Elas possuem inscrições hieroglíficas, contando a vida do faraó ou trazendo orações para que os deuses soubessem dos feitos realizados pelo governante.

domingo, 29 de abril de 2007

Antecedentes

O Barroco nasceu na Itália, que desde o Renascimento se tornara o maior pólo de atração de artistas em toda a Europa e o maior centro irradiador de influência. Nos dois terços finais do século XVI esteve em vigor uma derivação tardia do Renascimento, conhecida como Maneirismo, que muitos autores consideram um estilo autônomo, o qual se estendeu por toda a Europa, também a partir da Itália. O ambiente que deu origem ao Maneirismo foi marcado por profundas mudanças na economia, na política, na cultura e na religião. Na política a invasão da Itália pela França, Alemanha e Espanha entre o fim do século XV e o início do século XVI levou a uma radical alteração no equilíbrio de forças do continente, culminando no sangrento Saque de Roma de 1527, que levou a uma fuga de artistas e intelectuais para outras paragens. Neste período Maquiavel sintetizou, em seu O Príncipe, as práticas políticas correntes, legitimando o uso da força para controle dos súditos e pregando uma moral dupla e um pragmatismo frio e inescrupuloso na administração pública, obra que teve enorme repercussão em sua época e cujo realismo político influiu até mesmo na condução do Concílio de Trento. A eclosão da Reforma Protestante foi outro evento dramático, pondo um fim à unidade do Cristianismo e à primazia do Papado romano, mas logo em seguida a Igreja Católica reorganizou suas forças lançando a Contra-Reforma, numa tentativa de refrear a evasão de fiéis para o lado Protestante e a perda de influência política da Igreja. Ao mesmo tempo, tentou com ela moralizar os hábitos corruptos e materialistas do clero, estabelecendo uma nova abordagem do conceito de Deus e alterando a atmosfera de relativa liberdade de pensamento da fase anterior para uma de dúvida, ceticismo, austeridade e medo, com o aparecimento de várias seitas de revivalismo religioso e filosofias contestadoras, e o desencadeamento de guerras religiosas.[3][4][5][6] Na economia, a abertura de novas rotas comerciais em vista das grandes navegações deixou a Itália fora do centro do comércio internacional, deslocando o eixo econômico para as nações do oeste europeu. Portugal e Espanha erguiam-se como as novas potências navais, acompanhados pela França, Inglaterra e Países Baixos, cuja ascensão política era financiada pelas riquezas coloniais e o comércio em expansão.

Agnolo Bronzino: Alegoria do triunfo de Vênus, 1540-1545, uma típica obra maneirista. National Gallery of LondonA convocação do Concilio de Trento (1545-1563) levou ao fim a liberdade nas relações entre Igreja e arte, a teologia assumiu o controle e impôs restrições às excentricidades maneiristas em busca de uma recuperação do decoro, de uma maior compreensibilidade da arte pelo povo e de uma homogeneização do estilo, e desde então tudo devia ser submetido de antemão ao crivo dos censores, desde o tema, a forma de tratamento e até mesmo a escolha das cores e dos gestos dos personagens.[8][9] O resultado disso tudo foi um grande conflito espiritual e estético, expresso pela arte ambivalente, polimorfa e agitada do período: se por um lado a tradição clássica cultivada no Renascimento não podia ser ignorada e continuava viva, por outro a nova idéia de religião e suas conseqüências para a sociedade como um todo destruiu a autoconfiança e o prestígio dos artistas como criadores independentes e autoconscientes, que foram conquistados a duras penas havia tão pouco tempo, e também revolucionou toda a estrutura antiga de relações entre o artista e os seus patronos e o seu público, sem haver ainda um substituto consolidado, tranqüilo e consensual. A saída para uns foi se encaminhar para o puro esteticismo, para outros foi a aceitação simples do conflito entre a consciência individual do artista e as forças externas que demandam atitudes pré-estabelecidas, deixando-o irresolvido.[10] Os traços gerais mais marcantes da arte maneirista, que foi em muito uma arte cortesã, foram uma deliberada sofisticação de índole intelectual, a valorização da originalidade e das interpretações individuais, o dinamismo e complexidade de suas formas e o artificialismo no tratamento dos seus temas, com o objetivo de se conseguir maior emoção, elegância, poder ou tensão. Murray Edelman, fazendo um balanço do Maneirismo, disse que...
"os pintores e escritores maneiristas do século XVI eram menos "realistas" do que seus predecessores da Alta Renascença, mas eles reconheceram e ensinaram muito sobre como a vida pode se tornar motivo de perplexidade: através da sensualidade, do horror, do reconhecimento da vulnerabilidade, da melancolia, do lúdico, da ironia, da ambiguidade e da atenção a diversas situações sociais e naturais. Suas concepções tanto reforçaram como refletiram a preocupação com a qualidade da vida cotidiana, com o desejo de experimentar e inovar, e com outros impulsos de índole política. (…) É possível que toda arte apresente esta postura, mas o Maneirismo a tornou especialmente visível".

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Contexto do Barroco

Politicamente a Itália havia perdido muito prestígio e força, mas culturalmente continuava a ser a maior potência européia, Roma liderando a transição do Maneirismo para o Barroco. Embora tenha o Barroco assumido diversas características ao longo da história, seu surgimento está intimamente ligado à Contra-Reforma, onde, como já se disse, a arte desempenhou um importante papel propagandístico. Nesse processo a Ordem dos Jesuítas foi de especial importância, agindo como um dos mais ativos paladinos da Contra-Reforma e um dos maiores patronos de arte na época. Ordem afamada pelo seu refinado preparo intelectual, teológico e artístico, foi de enorme influência na determinação dos rumos estéticos e ideológicos seguidos pela arte católica, estendendo sua presença para a América e o Oriente através de suas numerosas missões de evangelização. Também foi um dos grandes responsáveis pela preservação da tradição do Humanismo renascentista, e segundo Bailey, longe de serem conservadores como às vezes foram considerados, atuaram na vanguarda de arte da época e promoveram o maior movimento de revivalismo da filosofia do classicismo pagão desde aquele patrocinado por Lorenzo de' Medici no século XV.

Nesse novo contexto, a arte palaciana e sofisticada do Maneirismo já não encontrava lugar, e se tornara especialmente imprópria para a representação sacra. A orientação da Igreja agora era na direção de se produzir uma arte que pudesse cooptar a massa do povo, apelando para o sensacionalismo e uma emocionalidade intensa. O estilo produzido por este programa se provou desde logo paradoxal: pregava a fé mas usava de todos os meios para a sensibilização sensorial do público, era ao mesmo tempo um estilo fortemente sensual e espiritual. As imagens eram criadas com formas naturalistas como meio de oferecerem uma compreensibilidade imediata para o povo inculto, mas faziam uso de complexos recursos ilusionísticos e dramáticos, de efeito grandioso e teatral, para acentuar o apelo emotivo e estimular a piedade e a devoção. São especialmente ilustrativos os grandes painéis pintados nos tetos nas igrejas católicas nesse período, que aparentemente dissolvem a arquitetura e se abrem para visões sublimes do Paraíso, povoado de santos, anjos e do Cristo. Ainda que inspirado pelo movimento contra-reformista, o Barroco não se limitou ao mundo católico, afetando também áreas protestantes como a Alemanha, Países Baixos e Inglaterra, mas por outros motivos, descritos adiante.
Outro elemento de importância para a formação da estética barroca foi a consolidação das monarquias absolutistas, que através da arte procuraram consagrar os valores que defendiam. Os palácios reais passaram a ser construídos em escala monumental, a fim de exibir visivelmente o poder e a grandeza dos Estados centralizados, e o maior exemplo dessa tendência é o Palácio de Versalhes, erguido a mando de Luís XIV da França. Por outro lado, nesta mesma época a burguesia começou a se afirmar como uma classe economicantente influente, e com isso passou a se educar e abrir um novo mercado consumidor de arte. Tendo preferências estéticas distintas da realeza, foi importante para a formação de certas escolas barrocas mais ligadas ao realismo. Por fim, outra força ativa foi um renovado interesse no mundo natural e uma gradativa ampliação dos horizontes culturais através da exploração do globo e do desenvolvimento da ciência, que trouxeram uma consciência da insignificância do homem em meio à vastidão do universo e da insuspeitada complexidade da natureza. O florescimento da pintura de paisagem durante o Barroco foi um reflexo desses novos descobrimentos

O contexto social em que floresceu o Barroco foi marcado por numerosas mudanças na situação política européia e pelo conflito constante. Foi assinalado que entre 1562 e 1721 a Europa como um todo não conheceu a paz senão em quatro anos. A maior guerra deste período foi a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que envolveu a Espanha, França, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Alemanha, Áustria, Polônia, Império Otomano e Sacro Império. De incício desencadeada pela disputa entre católicos e protestantes, logo repercutiu para o campo secular em questões dinásticas e nacionalistas. Na conclusão do confronto, a Paz de Vestfália determinou uma reorganização ampla na geografia política continental, favoreceu o fortalecimento de Estados absolutistas, enfraqueceu outros, mas reconheceu a impossibilidade da reunificação do Cristianismo, que foi deslocado como força política pelas realidades práticas da política secular. Na economia a principal mudança foi a formação de um sistema de mercado internacional através do desenvolvimento do sistema colonial nas Américas e Oriente, com a escravidão como uma das bases de seu funcionamento. O sistema bancário também foi aprimorado, as práticas de comércio se tornaram mais complexas e a importação de produtos coloniais, como o café, tabaco, arroz e açúcar, transformou hábitos culturais e a dieta. Junto com a afluência para a Europa de outros bens da colônia, incluindo grandes quantidades de ouro, prata e diamantes, o sucesso do sistema mercantil europeu enriqueceu o continente e afetou as relações sociais e políticas, originando novas regras de diplomacia e etiqueta, além de financiar um grande florescimento artístico.
Nesse espírito se encaixaram a religião, a filosofia moral e as ciências, na tentativa de melhor estudar a natureza e motivações do ser humano, a fim de que o conhecimento resultante fosse usado para fins práticos definidos, mormente o dirigismo e manipulação das massas por parte dos poderes constituídos, e a adaptabilidade por parte dos indivíduos em meio a um contexto agitado e incerto. Na cultura da época, o autoconhecimento, desejado desde o tempo de Sócrates, agora se revestia de um caráter tático, racional e utilitarista. E a partir do autoconhecimento e autodomínio, se acreditava que se conheceria o íntimo de todos os homens, e se poderia dominar a natureza e o ambiente social com mais facilidade, um processo que ficou explícito por exemplo na obra dos poetas Corneille e Gracián, dizendo que o homem era um microcosmo, e ao dominar-se se tornava mestre do mundo. Esse autoconhecimento possibilitava ainda que se fizessem previsões sobre tendências e comportamentos futuros, individuais e coletivos, aproveitando oportunidades e evitando desgraças. Nesse sentido, a cultura barroca foi essencialmente pragmática e regulada pela prudência, considerada no período a maior das virtudes a serem adquiridas. Diversos políticos e moralistas barrocos a enalteceram como meio de se manter alguma ordem e controle num mundo em eterna mudança.

Philippe de Champaigne: Vanitas, c. 1671. Museu de Tessé, Le Mans
Charles Le Brun: A apoteose de Luís XIV, 1677. A arte acadêmica a serviço do EstadoNessa pesquisa do ser humano um papel importante foi desempenhado pela medicina, considerando-se que se acreditava que as funções e aspecto do corpo refletiam condições da alma, e assim o estudo do corpo humano influenciou conceitos religiosos e morais, fazendo com que muitos doutores se sentissem habilitados a discorrer sobre economia, política e moralidade. Ao mesmo tempo, o estudo intensificado da anatomia humana e sua ampla divulgação em livros científicos e gravuras atraiu a atenção dos artistas, se multiplicaram representações do corpo morto em detalhe, e a descrição artística da morte e dos cadáveres e esqueletos foi usada para se meditar sobre os fins últimos da existência e da condição humana. O mesmo impulso científico alimentou o interesse pela psicologia e pela análise das emoções e motivações através da fisionomia física do indivíduo, considerada o espelho do seu estado de espírito, o que possibilitou a formulação de categorizações para os tipos caracterológicos.Ainda que a religião tenha preservado uma grande ascendência sobre as pessoas, ela começou a declinar diante do crescente racionalismo e pragmatismo promovidos pela ciência e pela nova realidade política, desafiando antigas crenças fundamente enraizadas; foi a época da chamada revolução científica. Às vezes o conflito entre ciência e religião ainda se revelou momentoso, como por exemplo na condenação de Galileu pela Inquisição, mas os avanços foram rápidos e variados.[20] O Renascimento havia preparado um ambiente receptivo para a disseminação de novas idéias sobre ciência e filosofia, e a principal questão da época era a proposta por Michel de Montaigne: "O que eu conheço?", ou seja, estava aberta a dúvida sobre a natureza do conhecimento e suas relações com a fé, a razão, a autoridade, a metafísica, ética, política, economia e ciência natural. A atitude de questionamento foi a marca da obra de grandes cientistas e filósofos da época, como Descartes, Pascal e Hobbes, cujas obras lançaram as bases de um novo método de pesquisa e de um novo modo de pensar, centrado no racionalismo e expandido para todos os domínios do entendimento e da percepção, repercutindo profundamente na maneira como o homem via o mundo e a si mesmo.

O espírito analítico da época influiu até mesmo na teoria da arte; consolidando uma tendência que se havia iniciado timidamente no século XVI, o Barroco foi o período em que se estruturaram as academias de arte e se fundou o método de ensino rigorosamente normatizado e categorizado conhecido como academismo, que teria imensa influência sobre toda a arte européia pelos séculos vindouros. Depois de ensaios irregulares na Itália, o sistema acadêmico desabrochou na França no reinado de Luís XIV, onde foram criadas as primeiras academias de abrangência nacional para as várias modalidades da arte e ciências, das quais uma das mais notáveis e influentes foi a Academia Real de Pintura e Escultura. Sob a direção de Charles Le Brun e o patrocínio real a Academia se tornou o principal braço executivo de um programa de glorificação da monarquia absolutista de Luís XIV, estabelecendo definitivamente a associação da escola com o Estado e com isso revestindo-a de enorme poder diretivo sobre todo o sistema de arte francês, o que veio a contribuir para tornar a França o novo centro cultural europeu, deslocando a supremacia até então italiana. Neste período a doutrina acadêmica atingiu o auge de seu rigor, abrangência, uniformidade, formalismo e explicitude, e segundo Barasch em nenhum outro momento da história da teoria da arte a idéia de Perfeição foi mais intensamente cultivada como o mais alto objetivo do artista, tendo como modelo máximo a produção da Alta Renascença italiana, daí que no caso francês o Barroco sempre permaneceu mais ou menos afiliado à tradição clássica. Enquanto que para os renascentistas italianos a arte era também uma pesquisa do mundo natural, para Le Brun era acima de tudo o produto de uma cultura adquirida, de formas herdadas e de uma tradição estabelecida. Assim a Itália ainda era uma referência inestimável. Pierre Bourdieu afirmou que a criação do sistema acadêmico significou a formulação de uma teoria em que a arte era uma encarnação os princípios da Beleza, da Verdade e do Bem. A ênfase no virtuosismo técnico e na referência aos modelos da Antiguidade clássica, que ligavam a Arte à Ética, expressavam uma visão, primeiro, de uma ordem social concebida em fundamentos morais e, segundo, do artista como um pedagogo, um erudito e um humanista.As academias, que a partir do fim do século XVII se multiplicaram pela Europa e Américas, foram importantes para a elevação do status profissional dos artistas, afastando-os dos artesãos e aproximando-os dos intelectuais. Também tiveram um papel fundamental na organização de todo o sistema de arte enquanto funcionaram, pois além do ensino monopolizaram a ideologia cultural, o gosto, a crítica, o mercado e as vias de exibição e difusão da produção artística, e estimularam a formação de coleções didáticas que acabaram por ser a origem de muitos museus de arte. Essa vasta influência se deveu principalmente à sua estreita associação com o poder constituído dos Estados, sendo via de regra veículos para a divulgação e consagração de ideários não apenas artísticos, mas também políticos e sociais.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Fenícios

O povo fenício, bem antes de o povo romano entrar na Inglaterra, por lá esteve para comprar estanho e couro dos antigos bretões. Habitaram uma região que atualmente é ocupada pela Síria e Líbano. Entre os séculos X e I aC atingiram grande desenvolvimento.


Este povo foi o primeiro grande mercador marítimo. Os fenícios habitaram a costa de Canaã, centenas de anos antes dos hebreus viverem nesta região. Eles tinham pele escura, adoravam Baal e Astartéia (deusa da Lua).

Por volta de 1500 a.C. tiveram grande êxito em seus negócios, pois praticavam comércio intenso tanto por terra quanto por mar.

Tiveram como suas maiores cidades: Tiro e Sidon. Foram responsáveis pela construção de portos comerciais e colônias em praias distantes, como: Cádiz, na Espanha, e Cartago, localizada ao norte da África.

Na história existiram outros grandes conquistadores como, por exemplo, os babilônios, assírios e persas; entretanto, estes não foram capazes de conquistar a mesma riqueza dos fenícios, contudo, o Império Romano absorveu o seu bem sucedido sistema de comércio marítimo.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Os Faraós

sarcófago era colocado também o livro dos mortos, contando todas as coisas boas que o faraó fez em vida. Esta espécie de biografia era importante, pois os egípcios acreditavam que Osíris (deus dos mortos) iria utiliza-la para julgar os mortos.

Exemplos de faraós famosos e suas realizações:

- Tutmés I – conquistou boa parte da Núbia e ampliou, através de guerras, territórios até a região do rio Eufrates.

- Tutmés III – consolidou o poder egípcio no continente africano após derrotar o reino de Mitani.

- Ransés II – buscou estabelecer relações pacíficas com os hititas, conseguindo fazer o reino egípcio obter grande desenvolvimento e prosperidade.

- Tutankamon – o faraó menino, governou o Egito de 10 a 19 anos de idade, quando morreu, provavelmente assassinado. A pirâmide deste faraó foi encontrada por arqueólogos em 1922. Dentro dela foram encontrados, além do sarcófago e da múmia, tesouros impressionantes.

Curiosidade:

A maldição do faraó

No começo do século XX, os arqueólogos descobriram várias pirâmides no Egito Antigo. Nelas, encontraram diversos textos, entre eles, um que dizia que: "morreria aquele que perturbasse o sono eterno do faráo". Alguns dias após a entrada nas pirâmides, alguns arqueólogos morreram de forma estranha e sem explicações. O medo espalhou-se entre muitas pessoas, pois os jornais divulgavam que a "maldição dos faraós" estava fazendo vítimas. Porém, após alguns estudos, verificou-se que os arqueólogos morreram, pois inalaram, dentro das pirâmides, fungos mortais que atacavam os órgãos do corpo. A ciência conseguiu explicar e desmistificar a questão.

domingo, 1 de abril de 2007

História do Egito Antigo

As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamado papiro, que era produzido a partir de uma planta de mesmo nome, também era utilizado para registrar os textos.

A economia egípcia era baseada principalmente na agricultura que era realizada, principalmente, nas margens férteis do rio Nilo. Os egípcios também praticavam o comércio de mercadorias e o artesanato. Os trabalhadores rurais eram constantemente convocados pelo faraó para prestarem algum tipo de trabalho em obras públicas (canais de irrigação, pirâmides, templos, diques).

A religião egípcia era repleta de mitos e crenças interessantes. Acreditavam na existência de vários deuses (muitos deles com corpo formado por parte de ser humano e parte de animal sagrado) que interferiam na vida das pessoas. As oferendas e festas em homenagem aos deuses eram muito realizadas e tinham como objetivo agradar aos seres superiores, deixando-os felizes para que ajudassem nas guerras, colheitas e momentos da vida. Cada cidade possuía deus protetor e templos religiosos em sua homenagem.

Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo. A vida após a morte seria definida, segundo crenças egípcias, pelo deus Osíris em seu tribunal de julgamento. O coração era pesado pelo deus da morte, que mandava para uma vida na escuridão aqueles cujo órgão estava pesado (que tiveram uma vida de atitudes ruins) e para uma outra vida boa aqueles de coração leve. Muitos animais também eram considerados sagrados pelos egípcios, de acordo com as características que apresentavam : chacal (esperteza noturna), gato (agilidade), carneiro (reprodução), jacaré (agilidade nos rios e pântanos), serpente (poder de ataque), águia (capacidade de voar), escaravelho (ligado a ressurreição).

A civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de ciências. Desenvolveram conhecimentos importantes na área da matemática, usados na construção de pirâmides e templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação, proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano.

No campo da arquitetura podemos destacar a construção de templos, palácios e pirâmides. Estas construções eram financiadas e administradas pelo governo dos faraós. Grande parte delas eram erguidas com grandes blocos de pedra, utilizando mão-de-obra escrava. As pirâmides e a esfinge de Gizé são as construções mais conhecidas do Egito Antigo.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Legislação

Ainda se sonhava com ouro, em Espanha e Portugal. Prova, em 15 de agosto de 1603, o «Regimento das Minas do Brasil», feito em Valladolid por Filipe III em que diz o Rei: «que sou informado que nas partes do Brasil são descobertas algumas minas de ouro e prata e que facilmente se poderão descobrir mais» etc.

Está registrado no Rio de Janeiro em 29 de maio de 1652 e São Paulo a 9 de outubro de 1652 e, tardiamente, em São João del-Rei em 27 de outubro de 1729. Os paulistas, porém, só guerreavam índios, acostumados à vida das armas e tirando lucro de sua venda, não queriam ficar sedentários nem administrar as minas que desde 1603 o Rei lhes franqueara, mediante o pagamento do quinto. Uma mudança de tratar as minas, quando descobertas, se lerá no verbete dedicado ao governador-geral e Capitão-mor D. João de Lencastre.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

As bandeiras em busca de ouro

As bandeiras de prospecção nasceram na metade final do século XVII. Na década de 1690 foi descoberto ouro nas serras gerais, o chamado Sertão do Cuieté, hoje o Estado de Minas Gerais. A interiorização do povoamento deu origem às capitanias de Minas (separada da capitania de São Paulo ainda na década 1720), Mato Grosso e Goiás. Principais bandeirantes foram Fernão Dias Pais, Antônio Rodrigues Arzão, Pascoal Moreira Cabral e Bartolomeu Bueno da Silva. Havia também figuras como Carlos Pedroso da Silveira, sócios e procuradores dos bandeirantes, com papel igualmente importante.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Mesolítico

O período Mesolítico é uma fase intermediária da Pré-história entre os períodos Paleolítico e Neolítico. Esta fase não ocorreu em todas as regiões do mundo, mas apenas naquelas onde a glaciação teve efeitos mais consideráveis. O Mesolítico teve início há, aproximadamente, 10 mil anos atrás e terminou com o desenvolvimento da agricultura.

O Mesolítico foi um período de transição, porém representou grandes avanços no sentido de garantir melhores condições de sobrevivência para o homem pré-histórico.

Principais avanços do período Mesolítico:

- Domínio do fogo: com esta conquista o homem da Pré-história conseguiu espantar os animais selvagens que lhe representavam perigo. Foi possível também esquentar e iluminar a moradia, além de possibilitar o consumo de alimentos e carne cozida ou assada.

- Domesticação dos animais: possibilitou garantir uma reserva de alimento para o momento que houvesse necessidade, eliminando a dependência da caça.

- Desenvolvimento da agricultura: com este avanço, o homem da Pré-história deixou de ser nômade para ser sedentário. Diminuindo a dependência da natureza, a agricultura garantiu maior quantidade de alimentos.

- Divisão de trabalho por sexo: os homens ficaram responsáveis pelo sustento da família e segurança do local, enquanto às mulheres cabiam as funções de cuidar dos filhos e da organização da habitação. Esta divisão de trabalho melhorou a organização social na Pré-história, favorecendo o desenvolvimento das famílias..

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Etimologia

O termo "barroco" advém da palavra portuguesa homónima que significa "pérola imperfeita". Foi usado desde a Idade Média pelos escolásticos como um termo mnemônico do silogismo, indicando um raciocínio estranho, tortuoso, que confundia o falso com o verdadeiro. A palavra foi rapidamente introduzida nas línguas francesa e italiana, mas nas artes plásticas foi usada somente no fim do período em questão pelo críticos que queriam com ela condenar os excessos e irregularidades de um estilo que já estava em vias de findar e era visto como uma simples degeneração dos princípios clássicos. A carga pejorativa que se ligou ao conceito de Barroco só começou a ser dissolvida em meados do século XIX a partir dos estudos de Jacob Burckhardt, mas em especial com o trabalho de Heinrich Wölfflin.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

A década de 1660

O número de entradas notáveis de origem paulistana cresceu considerávelmente depois de 1660. Diz «Ensaios Paulistas», editora Anhambi, São Paulo, 1958, página 635: «Citam-se das de Fernão Dias Pais na Apucarana, a de Luís Pedroso de Barros, morto em pleno Peru, a de Lourenço Castanho Taques ao sertão dos Cataguazes, território de Minas Gerais, as de Sebastião Pais de Barros e Pascoal Pais de Araújo no alto Tocantins. O extraordinário raid de Francisco Pedroso Xavier ao norte do Paraguai e sul de Mato Grosso, os de Luís Castanho de Almeida e Antônio Soares Pais, no centro de Goiás, a enorme jornada de Domingos Jorge Velho, indo, em 1662, estabelecer-se no Piauí, na confluência do Parnaíba e do Poti, acomnpanhado, mais ou menos contemporaneamente, por Francisco Dias de Siqueira, o Apuçá, devassador das terras maranhenses. Lembremos ainda as expedições de Manuel de Campos Bicudo ao sul de Mato Grosso, de seu filho Antônio Pires de Campos, o primeiro Pai Pirá, em terras mato-grossenses e goianas, de Bartolomeu Bueno da Silva, o primeiro Anhanguera, em território dos dois atuais grandes Estados do Centro, de Manuel Dias de Lima no Paraguai e em região hoje argentina, etc.»

O historiador Capistrano de Abreu comenta que «ao tempo em que os conquistadores se batiam contra os índios de Paraguaçu e Ilhéus, prosperava à volta de São Paulo um grande número de vilas: Mogi das Cruzes, Parnaíba, Taubaté, Guaratinguetá, Itu, Jundiaí, Sorocaba, todas anteriores a 1680,» ao grande êxodo do último quartel do século XVII. Cada vila demandava destino diverso: »as do Paraíba do Sul apontavam para as próximas Minas Gerais, como Parnaíba e Itu para Goiás (Guaiaz) e Sorocaba para os campos de pinheiros em que já surgia Curitiba». Bastou o descobrimento do ouro para mobilizar toda essa força - ouro corrido, mas em abundância: a população que acudiu procedeu toda ou quase toda do planalto, especialmente do rio Paraíba do Sul, onde a estreiteza do vale, entre a Mantiqueira e a cordilheira marítima, produzia o efeito de condensador. E com a vitória dos emboabas, mais tarde, Sorocaba e Itu assumiram seu papel histórico, Tietê abaixo até a barra, rio Paraná até o rio Pardo, por este até o rio Paraguai, São Lourenço, Cuiabá, atingindo-se descobertos em que o ouro se apanhou às arrobas. E as dificuldade da viagem, que desde Araritaguaba ou Porto Feliz pedia quatro a cinco meses, através de mais de 100 saltos, cachoeiras, corredeiras, entaipavas. Cuiabá e Mato Grosso, para não sucumbir, terão que se desligar de São Paulo.

O governador Antônio Pais de Sande escreve ao Rei em 1693 sobre os paulistas: «São briosos, valentes, impacientes da menor injúria, ambiciosos de honra, amantíssimos da sua pátria, benéficos aos forasteiros e adversíssimos a todo ato servil, pois até aquele cuja muita pobreza lhe não permite ter quem o sirva, se sujeita antes a andar muitos anos pelo sertão em busca de quem o sirva, do que a servir a outrem um só dia.» Tinha razão: provam as rebeliões contra Salvador Correia, o aniquilamento das missões, a expulsão dos jesuítas, as desavenças com os espanhóis, as sublevações contra a alteração da moeda... Podia haver distintas opiniões. Pois em carta datada de 19 de julho de 1692 o governador do Estado do Brasil Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho escreveu ao rei sobre as extorsões que cometera Francisco Dias de Siqueira nas aldeias de índios reduzidos no Maranhão:

«Os paulistas saem de sua terra e deitam várias tropas por todo o sertão e nenhum outro intento levam mais que cativarem o gentio da língua geral, que são os que já estão domesticados, e não se ocupam do gentio de corso porque lhes não servem para nada; assim que o intento destes homens não é o serviço de Deus nem o de Vossa Majestade e com pretextos falsos, passam de uns governos para outros e se lhes não fazem mostrar as Ordens que levam. Enganam aos governadores, como este capitão Francisco Dias de Siqueira fez ao governador do Maranhão Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, dizendo-lhe que ia a descobrir aquele sertão por minha ordem, que tal não houve nem tal homem conheço, e com este engano pedem mantimentos, armas e socorro e depois com elas vão conquistar o gentio manso das aldeias e o gado dos currais dos moradores. Com que estes homens são uns ladrões destes sertões e é impossível o remédio de os castigar, porque se os colherem, mereciam fazer-se neles uma tal demonstração que ficasse por exemplo para se não atreverem a fazer os desmandos que fazem. Assim que me parece inútil persuadi-los a que façam serviço a Vossa Majestade porque são incapazes e vassalos que Vossa Majestade tem rebeldes, assim em São Paulo, onde são moradores, como no sertão, donde vivem o mais do tempo; e nenhuma Ordem do governo geral guardam, nem as leis de Vossa Majestade.»

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Os Bandeirantes

No Brasil, no século XVII, alguns homens valentes se introduziram no sertão, movidos pelo desejo de encontrar jazidas de metais preciosos e outras riquezas e, ainda, aprisionar selvagens, a fim de vendê-los como escravos aos colonizadores. Arriscavam-se muitíssimo, e algumas vezes foram massacrados por índios ferozes. Levavam provisões de mandioca, mi­lho, feijão, carne seca e pólvora, bem como redes, onde dormiam. Faziam-se acompanhar dos filhos maiores de 14 anos, de escravos e alguns homens do povoado, que também ambicionavam riquezas. Não raro, ficavam longos períodos afastados da família, alguns deles nem mesmo regressando, vítimas de febres ou picadas de cobras, quando não de flechas indígenas.

Todavia, apesar do objetivo não muito elevado de sua missão, que foi bastante combatido pelos jesuítas, prestaram grande serviço ao Brasil, pois dilataram-lhe as fronteiras, conquistando terras que pertenciam à Espanha, como Goiás, Mato Grosso, grande parte de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Entravam pelas selvas em geral seguindo o curso dos rios ou as trilhas dos índios: daí o nome «entradas». A denominação «bandeiras» ê aplicada à entrada empreendida pelos desbravadores saídos de São Paulo, os que mais se dedicaram a essas expedições. Diz-se que o nome vem do fato de os desbravadores le­varem uma bandeira à frente do grupo; outros crêem ser devido ao hábito dos paulistas de provocarem guerras entre os indígenas com o fito de enfraquecê-los, para mais facilmente conseguirem escravizá-los, o que eles próprios classificavam como «levantar bandeira».

Vestiam-se com camisa e calça de algodão, chapéu de abas largas; alguns usavam botas de cano alto e outros, a exemplo dos índios, iam descalços, apenas envolvendo as pernas em perneiras de couro. Protegiam o peito de possíveis flechadas com uma espécie de gibão de couro, acolchoado com algodão. As bandeiras atravessaram o Brasil em todos os sentidos, chegando, como a de António Raposo Tavares, até o Amazonas, tendo partido de São Paulo. As mais importantes foram as de Fernão Dias Pais e seu genro Borba Gato, que exploraram a região de Minas Gerais, fundando inúmeros povoados, bem como a de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, que encontrou ouro perto de Goiás.

Segundo a tradição, para conseguir dos Índios a revelação do exato local onde se achava o ouro cobiçado, Bueno usou de um estratagema: ateou fogo a um pouco de álcool que transportava em um recipiente, ameaçando-os de fazer o mesmo com os rios e fontes, caso se negassem a revelar o que lhes pedia. Os indígenas atenderam ,para outros significados de Bandeirantes, veja Bandeirantes (desambiguação).
Denominam-se bandeirantes os sertanistas de São Paulo, que, a partir do início do século XVI, penetraram nos sertões brasileiros em busca de riquezas minerais, sobretudo a prata, abundante na América espanhola, indígenas para escravização ou extermínio de quilombos.

A maioria dos Bandeirantes eram compóstos por índios (escravos e aliados), caboclos (mestiços de índio com branco) e alguns brancos que eram os capitães. Os caboclos, ou seja, descendentes do cruzamento de índios e brancos, eram os principais elementos do grupo, pois eram a ligação direta entre o colonizador branco (português) e o nativo, o índio, que conhecia as terras. Os bandeirantes paulistas, devido à sua pobreza não podiam adquirir escravos africanos e escravizam porisso os indígenas. Além do português, os bandeirantes também falavam o idioma indígena tupi-guarani e com ele deram nomes a vários lugares por onde passaram.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

As consequências

Os mais famosos bandeirantes nasceram no que é hoje o estado de São Paulo. Foram em parte responsáveis pela conquista do interior e extensão dos limites de fronteira do Brasil para além do limite do Tratado de Tordesilhas, acordo firmado entre Portugal e Espanha com a intenção de dividir a posse das terras do Novo Mundo. Com isso todo o Centro Oeste passou a pertencer ao Brasil, sendo criadas, em 1748, as capitanias de Goías e de Mato Grosso, e o Brasil foi expandido, também para o sul de Laguna em Santa Catarina. No entanto, os resultados destas expedições foram desastrosos para os povos autóctones, ora reduzidos à servidão, deslocados e descaracterizados na sua identidade cultural, ora dizimados, tanto pela violência dos colonos como pelo contágio de doenças para as quais os seus organismos estavam desprovidos de defesas.

As reduções organizadas pelos jesuítas no interior do continente foram, para os paulistas, a solução para seus problemas: reuniam milhares de índios adestrados na agricultura e nos trabalhos manuais, mais valiosos que os ferozes tapuias, de "língua travada" (as Reduções eram espanholas dos "Adelantados" e não eram portugueses). No século XVII, o controle holandês sobre os mercados africanos, no período da ocupação do Nordeste pelos holandeses, interrompeu o tráfico negreiro (Os holandeses ocuparam as colônias portuguesas na África, exatamente para trazerem mais escravos para o Brasil). Os colonos voltaram-se para a escravização do índio para os trabalhos antes realizados pelos africanos (o Nordeste estava ocupado pelos holandeses e somente após Nassau negociar com os produtores foi possível o retorno agrícola). Com a procura houve elevação nos preços do escravo índio, chamado o "negro da terra", que custava cinco vezes menos do que os africanos. (O preço equivalente de um escravo na África até 1850 era de um saco de café e era vendido no Brasil por 40 sacos de café). Os paulistas não teriam atacado as missões durante dezenas de anos seguidos se não contassem com o apoio (ostensivo ou velado) das autoridades. Embora não se saiba bem quais as expedições promovidas pela Coroa e quais as de iniciativa particular, sendo também imprecisa a designação de entradas e bandeiras, o traço comum a todas foi a presença, direta ou indireta, do poder público (explicado com Raposo Tavares).

A ação dos bandeirantes foi da maior importância na exploração do interior brasileiro, bem como na manutenção da economia da colônia, fosse pelas suas consequências para o comércio, fosse porque a captura de indígenas fornecia mão-de-obra para a agricultura, principalmente cana-de-açúcar. Para além disso, não pode deles ser dissociada a descoberta de metais preciosos em vários pontos, metais esses que marcaram o papel do Brasil no conjunto do Império Colonial Português ao longo do século XVIII. Comenta o livro «Ensaios Paulistas» abaixo citado, página 635: «A agressão dos portugueses de San Pablo» às reduções jesuíticas do sul do Brasil nos atuais Paraná e Rio Grande do Sul, assaltos de que haviam os jesuítas feito grande alarde na Europa, trouxeram aos paulistas a fama de que eram os mais insubmissos vassalos dos reis de Portugal, como demonstram os relatos seiscentistas dos capuchinhos italianos frei Miguel Angelo de Gattina e frei Dionísio de Carli, em 1667, e do engenheiro francês Froger em 1697. Montoya, na primeira metade do século XVII, proclamava que toda aquela «villa de San Pablo, era gente desalmada y alevantada que no hace caso de las leyes del Reino ni de Dios.» E prossegue: «Se acaso se viam perseguidos, desamparavam casas e herdades e lá se iam para o sertão com suas mulheres, filhos e escravos, por desertos e montes em busca de novas terras.» («Dejar la villa tampoco se les da nada por que fuera de las principales fiestas muy pocos, o hombres y mujeres, estan en ella si no siempre en sus heredades o por los bosques y campos, en busca de indios en que gastan su vida.») Irresistível impulsão lançava os paulistas à selva. Toda sua vida, «desde que salen de la escuela hasta su vejez no es sino ir e venir, y traer y vender indios. Y en toda la villa de San Pablo no habrá mas de uno o dos que no vayan a cautivar indios, o bien sus hijos, o otros de su casa con tanta libertad como si fuera minas de oro o plata».

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

A historia e Os Bandeirantes

Segundo um Bando Real de 1570, a Lei das Ordenanças, nas zonas rurais, em vez da Companhia de Ordenanças, se organizava uma Bandeira: tinha formação similar à de uma companhia sendo seus componentes divididos em esquadras, reunindo-se os que estavam até a uma légua da sede do capitão-mor. Foi com esta origem das bandeiras que, um capitão e seus cabos, exploraram e devassaram o território brasileiro (era uma forma de proteção contra os ataques indígenas que já haviam destruído uma expedição de Martim Afonso em Cananéia e de Solis no Rio da Prata).

Povoado de relevo foi o de São Paulo, e o surto das bandeiras teve origem na obra dos jesuítas com suas expedições de resgate ou tropas de resgate para libertar prisioneiros de uma tribo que, atados a cordas ou encerrados em currais, destinavam-se à morte (Os jesuítas organizaram 12 vilas no séc. XVI ao sul do rio Paranapanema. Estes padres foram advertidos por Antônio Raposo Tavares para deixarem o país. No século seguinte, todos os padres jesuítas foram expulsos das colônias portuguesas por sugestão do Marquês de Pombal).

No início da colonização, os interesses de Portugal se concentravam no litoral ou próximo dele. O extrativismo do pau-brasil, mesmo o plantio da cana-de-açúcar não se expandiram pelo interior. O fator geográfico, com certeza, foi um dos que mais desmotivaram a penetração dos colonizadores: a Serra do Mar, que mais parece uma grande muralha, recoberta por densas matas, dificultava a penetração. Em 1585, Fernão Cardim, tendo acompanhado o padre jesuíta Cristóvão de Gouveia de São Vicente a São Paulo, relatou: "O caminho é cheio de tijucos, o pior que nunca vi e sempre íamos subindo e descendo serras altíssimas e passando rios e caudais de águas frigidíssimas". Os rios serviam somente como pontos de referência, oferecendo poucas condições à navegação, com quedas d'água, corredeiras e formações rochosas. Esse foi outro fator que atrasou a penetração do branco no território brasileiro. A maioria dos Bandeirantes andavam descalços,apenas alguns com botas,normalmente de couro.Usavam coletes e armaduras para se protegerem.Usavam armas como espingardas,etc.

domingo, 14 de janeiro de 2007

As bandeiras iniciais

Muitas vezes o governo financiava a expedição; outras vezes, limitava-se a fechar os olhos para a escravização dos índios (ilegal desde 1595), aceitando o pretexto da "guerra justa". D. Francisco de Sousa patrocinou as bandeiras de André de Leão (1601) e Nicolau Barreto (1602) que, esta, se estendeu por dois anos. Teria chegado à região do Guairá, regressando com um número considerável de índios, que algumas fontes estimam em três mil. Em agosto de 1628, quase todos os homens adultos da Vila de São Paulo estão armados para investir contra o sertão. Eram novecentos brancos e três mil índios, formando a maior bandeira até organizada, com destino ao Guaíra, para expulsar os jesuítas espanhóis e prender quantos índios

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

A vocação paulista dos Bandeirantes

Houve umas poucas expedições ao atual território de Minas Gerais, nos séculos XVI e XVII. Tais entradas foram mal registradas e sobram poucas informações sobre os caminhos e os acontecimentos das viagens dos desbravadores. Sertanistas corajosos, eram despreparados, não deram importância ao registro e à documentação das viagens. Uma bandeira vagueava anos por matas e sertões, sem uma só pessoa com conhecimento de astronomia e geografia para guiá-la (ainda não existiam instrumentos de orientação e todos procuravam o limite do Brasil que era o rio Paraná, estabelecido por Pero Lopes de Souza em 1531). Até mesmo a interpretação errôneas da língua de uma tribo indígena fazia com que uma expedição alterasse o percurso, em incursões infrutíferas (os índios eram hostis em geral, que o diga Unhate, o escrivão de São Vicente que teve um braço amputado). A própria inexistência de uma pessoa responsável pelo diário e pelas anotações das bandeiras comprometia o correto registro (como Tordesilhas mudou 10° para o oeste após o Tratado de Saragoça, todos sabiam que tinham que caminhar dez graus de sol a mais para oeste, esta era a única referência lógica). Nem mesmo historiadores conseguiram definir, com exatidão, os caminhos usados. J. Capistrano de Abreu, comentando a descrição de Gabriel Soares de Sousa sobre a viagem de Sebastião Fernandes Tourinho, diz: «No meio destas indicações e contra indicações, fielmente resumidas por Gabriel Soares, é impossível uma pessoa entender-se.»

Antes de surgirem aldeamentos na bacia do rio da Prata, os paulistas já percorriam o sertão, buscando na preação do indígena escravizando-o para vendê-lo, o meio para sua subsistência (a grande captura de indígenas guaranis ocorreu em 1632 quando os Bandeirantes voltaram ao Paranapanema e levaram cativos para São Paulo os remanescentes dos indígenas na Vila do Espírito Santo. Nesta ocasião a maioria de guaranis já haviam sido enviadas para as Missões ao sul. A Capitania de Paranaguá, pertencente a Pero Lopes de Souza se estendia do Paranapanema ao Rio da Prata. Em 1610 findou o sistema de capitanias e Paranaguá foi unida a São Vicente e Santo Amaro para formar a Província de São Paulo). As tribos vitoriosas nas guerras ofereciam-lhes os prisioneiros em troca de armamentos. Essa "vocação interiorana" era alimentada por condições geográficas, econômicas e sociais. São Paulo, separada do litoral pela muralha da serra do Mar, voltava-se para o sertão, cuja penetração era facilitada pela presença do rio Tietê e de seus afluentes, que comunicavam os paulistas com o interior. Além disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua população crescera muito porque boa parte dos habitantes de São Vicente havia migrado para lá quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadência, na segunda metade do século XVI, arruinando fazendeiros

Bandeirismo de Preação (de captura, aprisionamento)

A partir de 1619, os bandeirantes intensificaram os ataques contra as reduções jesuíticas, e os artesãos e agricultores guaranis foram escravizados em massa. No entanto, muito antes de surgirem os primeiros aldeamentos na bacia do Prata, os paulistas já percorriam o sertão, buscando na preação do indígena o meio para sua subsistência. Essa "vocação interiorana" era alimentada por uma série de condições geográficas, econômicas e sociais. Separada do litoral pela muralha da Serra do Mar, São Paulo voltava-se para o sertão, cuja penetração era facilitada pela presença do rio Tietê e de seus afluentes que comunicavam os paulistas com o distante interior. Além disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua população crescera muito. É que boa parte dos habitantes de São Vicente haviam migrado para lá quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadência, já na segunda metade do século XVI, arruinando muitos fazendeiros. Ligados a uma cultura de subsistência baseada no trabalho escravo dos índios, os paulistas começaram suas expedições de apresamento (ou preação) em 1562, quando João Ramalho atacou as tribos do vale do rio Paraíba. O bandeirismo de preação tornou-se uma atividade altamente rendosa. Para os paulistas, atacar as reduções jesuíticas era a via mais fácil para o enriquecimento.

Diante dos ataques, os jesuítas começaram a recuar para o interior e exigiram armas ao governo espanhol. A resposta foi nova ofensiva, dessa vez desencadeada pelas autoridades de Assunção (Paraguai), que possuíam laços econômicos com os colonos do Brasil. Mesmo após o término da União Ibérica, em 1640, quando os guaranis finalmente receberam armas dos espanhóis os paulistas foram apoiados pelo bispo D. Bernardino de Cárdenas, inimigo dos jesuítas e governador do Paraguai. Os reinos ibéricos podiam lutar entre si na Europa; no entanto, as "repúblicas" comunitárias guaranis eram o inimigo comum de todos aqueles que estivessem interessados na exploração sem limites das terras americanas.