terça-feira, 30 de março de 2010

PALMARES

Foi em Alagoas, na serra da Barriga, que se formou Palmares, o quilombo mais famoso, em fins do século XVI, início do século XVII, por volta de 1600. Palmares congregou várias aldeias, chegou a agrupar 20.000 pessoas, em 27.000km2, incluindo índios, mulatos e até mulheres brancas (capturadas em incursões), atraiu também muitos marginalizados. Sua capital, o mocambo dos macacos, agrupou aproximadamente 5.000 pessoas, incluindo o Rei do Quilombo, Zumbi dos Palmares. Nesta época, a busca pela liberdade, a fuga pelas matas impenetráveis, e a não aceitação da condição servil, caracterizou o primeiro passo para a formação dos quilombos. Sua estrutura política era de "monarquia despótica" e centralizada de forma eletiva, visto o perigo da diversidade cultural existente nos quilombos. Seus reis foram respectivamente, Ganga Zumba, e Zumbi.
A formação de quilombos, foi uma atitude próspera que muito atraiu os que não aceitavam o caráter antiprodutivo latifundiário. Devido à diversidade cultural, quanto à língua, adotaram-se heranças lusitanas, os costumes africanos tiveram a sua continuidade, naquilo que não influenciaria a administração do quilombo. No aspecto econômico, Palmares evoluiu da coleta e do ataque à fazenda e aldeias, para uma economia de base coletivista e não-monetária.
A invasão holandesa a Pernambuco (1630-1654), acelerou as fugas de escravos pelo "afrouxamento geral", no controle sobre estes.
A introdução holandesa de novas técnicas de tortura (muito desumanas), gerou ainda mais revolta entre os negros. Os holandeses opuseram-se ao quilombo, mas foram rechaçados ferozmente por duas vezes, expulsos os holandeses, os portugueses retomaram a luta anti-Palmares. Os lusitanos viam Palmares não só como "algo fora do comum", mas também como um "caso de polícia", queriam reaver sua propriedade (os negros), e coloca-los novamente nas lavouras. Os lusos depararam-se com uma eficaz tática de guerrilha, que, de defensiva, passou a ofensiva. A primeira tentativa de tomar Palmares, por parte de Fernão de Carrilho, fracassou. Além da busca de mão-de-obra, a terra ali, era vista pelos portugueses como extremamente fértil para a agricultura açucareira.
Em 1678, os luso-brasileiros, fizeram um acordo com os quilombolas, e reconheceram o direito dos Palmares. Revoltados com o acordo, os palmarinos mataram Ganga Zumba, e firmaram o famoso Zumbi, no comando do quilombo.
Destruir Palmares, para os lusitanos, era "imperativo político e obrigação da coroa", era impossível um quisto daqueles, visto um nordeste latifundiário e aristocrático
Em 1687, Domingos Jorge Velho, assume a direção da campanha contra Palmares. O quilombo passa de uma tática guerrilheira móvel, para uma defesa fixa, o que apressou o seu fim. A distância entre negros e homens livres (estes mesmo pobres e oprimidos), foi grande fator para a derrota. Os escravos se viram compelidos a levar sozinhos uma luta, que, em caso de resultado positivo, favoreceria também a outra classe dominada. Após prolongada luta, em 06 de fevereiro de 1694, Palmares é destruída, o rei Zumbi escapa e continua a existência de outros quilombos. Em 1695, Zumbi foi morto e teve sua cabeça espetada num poste na praça do Recife para mostrar aos escravos que ele não era imortal.

segunda-feira, 29 de março de 2010

CONCLUSÃO

A partir do exposto, conclui-se que a colonização do nosso país, foi essencialmente uma colonização de exploração. À metrópole, só interessava servir-se dos recursos, e riquezas existentes na colônia.
Num segundo momento, a classe dominante, já nascida no Brasil e, portanto, brasileiros, também não interesses em mudar a situação. Eram favorecidos e privilegiados pela coroa portuguesa, a ajudavam a manter a dominação sobre seus irmãos brasileiros.
Em todos os momentos, todos os povos de diferentes nacionalidades que aqui aportaram, tinham um único objetivo, a exploração, o saque, e o aviltamento da cultura dos povos indígenas nativos desta terra.
Desde a nossa infância, sempre nos foi inculcada uma imagem heróica dos nossos "bravos" bandeirantes, dos inconfidentes, dos navegadores portugueses, que "descobriram" nossa terra, e esforçaram-se por trazer a civilização, o progresso, e a fé cristã para os "selvagens, que andavam nus, e adoravam os demônios das florestas".
É tempo de entendermos, que os nossos "heróis" do passado, tem muito a ver com os nossos grandes personagens da classe dominante da atualidade, agem sempre visando o interesse econômico pessoal, ou de classes dominantes, com as quais estão comprometidos.
"Modificam-se os meios, permanecem os objetivos". Na fase colonial, portugueses, franceses, holandeses, vinham com seus navios movidos à vela, até a colônia, e daqui saíam carregados com ouro, pau-brasil, aguardente, sal, etc; no presente, os "grandes conquistadores" do FMI, vem à periferia com seus jatos, e daqui se retiram levando nossas reservas cambiais.
Durante o jugo da metrópole, vinham governadores gerais e vice-reis, para gerenciar a colônia, na atualidade, somos "governados’ por brasileiros natos, só que as determinações do que o governo tem de fazer ou deixar de fazer, dentro do país, normalmente são ditadas pelo imperialismo capitalista estrangeiro.
Não seria tempo de, ao invés de reverenciarmos os "heróis" da historiografia tradicional, admirarmos sim, o povo, os índios que, embora tenham sido vencidos, jamais aceitaram a dominação, e resistiram de todas as formas que puderam? Os negros escravos que embora sob o jugo dos senhores e feitores, jamais se renderam?

terça-feira, 16 de março de 2010

A ERA DO BARROCO

No séc XVIII, ocorreu a plena maturação do Barroco brasileiro, especialmente no NE (BA e PE), e na zona decadente da cana (RJ e MG). Havia uma diferença marcante entre o barroco do litoral, e o barroco de Minas Gerais. No estilo adotado no litoral, havia um forte contraste entre a simplicidade do exterior, e a opulência interna, bem como, as sacristias tinham muita importância, e fazia-se um largo uso do azulejo. Já nas Minas Gerais, ocorria o contrário, o exterior era mais decorado, e o interior tinha uma ornamentação mais leve, havia menor importância da sacristia, e o azulejo não era muito usado, em seu lugar adotava-se a técnica conhecida como "fingimento", ou seja, fazia-se uma pintura imitando azulejos.
As Ordens conventuais foram proibidas de entrar em Minas. Esta proibição se deu devido ao «poder corruptor do ouro». Os conventos poderiam usar sua inviolabilidade para o contrabando de ouro, além do que, temia-se que os monges estimulassem o não-pagamento dos impostos devidos. As igrejas foram erguidas por encomenda do clero secular ou de Ordens Terceiras, de feições menos rígidas e hieráticas. Os artistas discutiam com as irmandades as plantas das igrejas que vinham de Portugal, e não raro as alteravam. Tinha-se uma arte mais nacional, com menor influência européia.
No século XVIII, tivemos grandes artistas mulatos. Na pintura destacaram-se o baiano José Joaquim da Rocha, bem como o mineiro Manoel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde), autor da pintura de Nossa Senhora, e anjos, com traços mestiços.
Na escultura tivemos Valentim Fonseca e Silva (Mestre Valentim, RJ), Francisco das Chagas («o Cabra»), e Antônio Francisco Lisboa («o Aleijadinho», MG)
Arquiteto, escultor e decorador, Mestre Aleijadinho viveu de 1730 a 1814. Fez seu aprendizado em Minas, nunca deixou o Brasil. Acometido de uma doença que o deformou, a ela deveu o apelido. Segundo Mário de Andrade, a obra do Aleijadinho divide-se em duas: a fase sã de Ouro Preto e S. João d’El Rey, que se caracteriza pela serenidade equilibrada e pela clareza magistral, e a fase de Congonhas, onde desaparece aquele sentimento renascente da fase sã e surge um sentimento muito mais gótico e expressionista. A deformação na fase sã é de caráter plástico. Na fase doente, é de caráter expressivo.
Na música igualmente preponderou a figura do mulato. Houve uma plêiade de compositores talentosos em MG, entre os quais avultaram os nomes de Marcos Coelho Neto, Ignácio Parreiras Neves, Francisco Gomes da Rocha e, sobretudo, Lobo de Mesquita. Tal como nas artes plásticas, preponderou a figura do mulato, a atividade artística era um meio de ascensão social daquela gente marcada pelo estigma da cor.
Ao contrário do que pode-se pensar, apesar da maioria dos músicos serem mulatos, não houve a adoção de ritmos negros na música. A preocupação foi justamente evitar tudo que pudesse lembrar uma origem "desagradável" e, por isso indesejável.
José Maurício Nunes Garcia (1767-1830). Homem de grande talento, carioca, padre com seis filhos e uma imensa fé transfigurada na mais sublime das artes. Por ser mulato, ficou padre, mais que a vocação, interessava a ele, certamente, uma posição social que, na época, facilitava os que queriam estudar e careciam de recursos. Ser padre tornava seu trabalho mais simples: segundo a perspicaz observação de Bruno Kiefer, os pais entregavam-lhe as filhas para estudarem música, sem maiores preocupações ...
José Maurício chegou a ser o compositor oficial da corte de D. João VI.
A partir do início do séc XIX houve uma mudança histórica na arte brasileira, a arte sacra, cede lugar à arte profana. O Rio de Janeiro substitui. Minas Gerais, que substituiu o NE, como centro da arte brasileira, a partir de 1816, ocorre a implantação do estilo neoclássico pela Missão Artística Francesa
Este novo estilo partiu do princípio de que arte se aprende nas Academias, e não pelos ditames do sentimento. O neoclassicismo repudiou a herança colonial: era arte de autodidatas e, ainda por cima, mulatos... para o artista neoclássico, arte era produto de uma elite esclarecida e intelectualmente privilegiada.

sábado, 13 de março de 2010

A QUESTÃO DO BARROCO BRASILEIRO

Era um trabalho artístico, executado por gente da terra, mestiços, com matéria-prima local. A arte sacra era o mercado de trabalho, e era sinônimo de pompa e riqueza. O barroco era o estilo das formas dramáticas, grandiosas e opulentas, voltadas à decoração. Exprimiu as incertezas de uma época que oscilava entre velhos e novos valores. Era o
marketing da contra reforma, com toda grandeza artística extasiando e arrebatando fiéis à Igreja Católica.
Seus artistas eram vistos como meros oficiais mecânicos especializados, pois no século XVIII, especialmente em Minas Gerais, eram muitos.
Eram tarefas mais livres, frutificando o aumento de artistas como: arquitetos, escultores, pintores e entalhadores.
Para a metrópole, não interessava uma valorização da arte, pois estas poderiam minar as bases da dominação colonial

quarta-feira, 10 de março de 2010

AÇÚCAR: A TAREFA SECULAR

A base da colonização foi o açúcar, riqueza trazida de fora, onde, Portugal já tinha experiência com plantio e a comercialização do produto nas Ilhas Atlânticas.
Havia o predomínio do latifúndio, típico de economia açucareira. Gerava altos lucros, ocorria a não-diversificação de atividades e a monocultura .
A mais significativa atividade propiciada pelo açúcar foi a criação de gado, para a qual utilizava-se o braço indígena e seu descendente mestiço.
A cana-de-açúcar, exigiu muita mão-de-obra, a solução inicial foi a escravidão indígena, porém, o índio se mostrou um "mau trabalhador".
Até os jesuítas acabaram se opondo escravidão dos indígenas. Portugal precisou então, do braço africano.
Os negros vinham nos navios "negreiros", também chamados de "tumbeiros", dada a quantidade de pessoas que morriam durante a travessia do atlântico, devido às más condições de higiene, fome, sede, doenças, e superlotação dos porões dos navios.
Já na colônia, submetidos a um duro trabalho, o negro quilombo (fujão), era o mais sofrido, era submetido à novena ou trezena (nove, ou treze chibatadas). Outros tipos de punições a que estavam sujeitos ainda, eram o tronco, viramundo, cepo, bacalhau (relho de cinco pontas), o mais comum.
As classes de negros não eram iguais. Havia uma certa distinção entre escravos domésticos, escravos de ganho, e os escravos de eito, estes, submetidos a um trabalho mais árduo, nos canaviais. Os escravos não formavam um todo homogêneo, os crioulos não gostavam dos recém-chegados da África, os mulatos (em especial os que assumiam funções remuneradas: feitores, mestres-de-açúcar, etc.), desprezavam os escravos em geral, os escravos urbanos viam com certa superioridade os escravos agrários e, as vezes até ajudavam na luta contra os quilombos. Os ladinos se julgavam melhores que os boçais . Afora isso, haviam ainda as diferenças culturais, os negros islamizados (fula, mandinga e haussá), por exemplo, eram rebeldes, e não se misturavam aos companheiros de infortúnio, mantendo-se isolados.
"O negro foi a base do sistema colonial do Brasil. Mais do que pés e mãos do engenho, foi pés e mãos do Brasil."
A condição servil não estimulava ninguém a produzir, o negro mostrou por todos os meios o quanto aquela situação não lhe servia. Reagiu sempre que, e como pôde, fugindo, assassinando e rebelando-se.

terça-feira, 2 de março de 2010

O DOMÍNIO ESPANHOL

Em 1580, com o objetivo de unificar a Península Ibérica, Felipe II, rei da Espanha, incorpora pacificamente o reino Português, tornando-se o mais poderoso monarca europeu. Felipe II era um campeão do reacionarismo católico-feudal. Era apoiado pelo clero português, que queria preservar seus privilégios. O seu reinado era legítimo, e perfeitamente dentro dos conceitos. A Europa aceitava dentro das teorias políticas feudais, a presença de outros reis, formando (pelo grau de parentesco), uma "grande família".
O conceito de "domínio espanhol", é um tanto errado, pois apenas, o rei da Espanha, passou a ser o mesmo de Portugal, as nações se mantiveram separadas havendo apenas um vice-rei em Lisboa.
As principal conseqüência da união ibérica, para o Brasil, foi o incentivo à penetração pelo interior, pois o Tratado de Tordesilhas, que dividia terras entre Portugal e Espanha, foi suspenso, favorecendo a expansão da pecuária, e as necessidades do bandeirismo. Gerou também novas e intensas incursões européias, baseadas nos conflitos entre Espanha e o resto da Europa. A união dinástica durou de 1580 a 1640, quando a aristocracia lusa rumou a uma tirania, e com o apoio francês, independizou Portugal, com a implantação da nova dinastia: a de Bragança, sustentada até a proclamação da República em 1910.
Interessados na colônia, os franceses, tentaram apoderar-se do Maranhão, onde poderiam intervir no Caribe, por onde passavam navios espanhóis carregados de metais preciosos. Chefiados por Daniel de La Touche, fundaram a cidade de São Luís, e queriam fundar a França Equinocial. O fracasso francês, deu início à colonização do Maranhão, e sua transformação em colônia separada do Brasil. Era o estado do Maranhão, com seis capitanias, sendo hoje as atuais áreas do Pará e Amazonas.
As invasões holandesas foram ocasionadas pelo conflito entre o capitalismo comercial batavo em expansão, e a monarquia espanhola aristocrática e monopolista. O nacionalismo holandês, tornou-se vitorioso contra a tirania espanhola nos países baixos, aliada pelo catolicismo romano, vivendo o Concílio de Trento, e a Inquisição. Contra isso, Felipe II rompeu ligações luso-brasileiras com a Holanda. Assim criou-se a Companhia do Comércio (holandesa), que invadiu a zona canavieira da colônia. Para o Brasil, tal atitude foi em termos, um contato com o capitalismo e sua ocupação deu-se para fins de política e economia.
Tendo fracassado a invasão à Bahia, os holandeses rumaram à Pernambuco, e seu sucesso inicial, em termos, deve-se a Calabar (figura contestada, que teria auxiliado os holandeses na terra desconhecida). Mas a invasão teve como maior responsável, Maurício de Nassau, hábil político de financiamentos e reconstrutor de engenhos, agradando aos latifundiários. Nassau, com seu caráter inovador, criou uma sociedade européia, urbana, burguesa, e calvinista.
O fim do governo Nassau, e as cobranças aos latifundiários, foi o sinal para a ruptura. Os senhores, ameaçados de perderem as terras arrendadas, expulsaram os holandeses, caracterizando a insurreição pernambucana, que não passou de uma luta entre classes dominantes (latifundiários devedores X comerciantes credores). Após a expulsão dos holandeses, o açúcar entra em declínio, pela perda do monopólio. A segunda metade do século XVII, foi tempo de crise. Passa-se a estimular o bandeirismo para a busca do ouro nas Minas Gerais, que marcaria a segunda fase da colonização.

segunda-feira, 1 de março de 2010

PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL

A cultura brasileira não foi aquela erudita, das tradições e convicções ocidentais, era a "cultura espúria", produzia coisas de valor.
As elites prestaram-se historicamente às exigências coloniais. Porém um país sem matizes nacionais válidas, que apresentara uma condição submissa na sua política e economia, também não condicionaria a produção de cultura. A colônia dependia de outras estruturas econômicas, a elite funcionava como um elo de ligação entre o colonizador, e o colonizado, sua cultura formou-se basicamente, a partir dos princípios religiosos ocidentais.
No século XVI foram as construções de taipa de pilão, no século XVII, o Barroco com suas voltagens religiosas, manifestou-se através de duas escolas, a Benedita e a Franciscana. A "missão holandesa", deixou expressivas desenvolturas culturais: como a pintura e a admiração às belezas e paisagens litorâneas.