sexta-feira, 10 de abril de 2009

Lenda do Negrinho do Pastoreio

O Negrinho do Pastoreio é uma lenda do folclore brasileiro surgida no Rio Grande do Sul. De origem africana, esta lenda surgiu no século XIX, período em que ainda havia escravidão no Brasil. Esta lenda retrata muito bem a violência e injustiça impostas aos escravos.

A lenda

De acordo com a lenda, havia um menino negro escravo, de quatorze anos, que possuía a tarefa de cuidar do pasto e dos cavalos de um rico fazendeiro. Porém, num determinado dia, o menino voltou do trabalho e foi acusado pelo patrão de ter perdido um dos cavalos. O fazendeiro mandou açoitar o menino, que teve que voltar ao pasto para recuperar o cavalo. Após horas procurando, não conseguiu encontrar o tal cavalo. Ao retornar á fazenda foi novamente castigado pelo fazendeiro. Desta vez, o patrão, para aumentar o castigo. colocou o menino pelado dentro de um formigueiro. No dia seguinte, o patrão foi ver a situação do menino escravo e ficou surpreso. O garoto estava livre, sem nenhum ferimento e montado no cavalo baio que havia sumido. Conta a lenda que foi um milagre que salvou o menino, que foi transformado num anjo.

Objetos perdidos

O Negrinho do Pastoreio é considerado, por aqueles que acreditam na lenda, como o protetor das pessoas que perdem algo. De acordo com a crença, ao perder alguma coisa, basta pedir para o menino do pastoreio que ele ajuda a encontrar. Em retribuição, a pessoa deve acender uma vela ao menino ou comprar uma planta ou flor.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A 76 anos do assassinato de Augusto C. Sandino

SandinoManágua, 19 fev. (PL) - A Nicarágua se prepara para recordar, no próximo domingo, o 76 aniversário do assassinato de Augusto C. Sandino, considerado aqui o homem que ensinou o caminho da dignidade aos nicaraguenses. Em 21 de fevereiro de 1934, ao sair de uma reunião com o presidente Juan Bautista Sacasa, o "General de homens livres" foi capturado e posteriormente assassinado por soldados da Guarda Nacional, em cumprimento de ordens do tristemente célebre Anastasio Somoza García, então chefe desse corpo armado.
Nascido em Niquinohomo, no departamento de Masaya, em 18 de maio de 1895, Augusto Nicolás Calderón Sandino - esse era seu nome - trabalhou desde menino na colheita de café em plantações do Pacífico nicaraguense e mais tarde ganhou a vida em diversos ofícios.

Como muitos de seus compatriotas, emigrou a países vizinhos em busca de melhores oportunidades laborais e trabalhou como mecânico en Costa Rica, e nas plantações da United Fruit em Honduras e Guatemala, antes de marchar ao México, onde encontrou emprego em empresas petroleiras.As primeiras décadas do século passado foram marcadas na Nicarágua por uma grande turbulência política, que teve como principal ingrediente vários desembarques de tropas estadunidenses e a ocupação quasei permanente do país por Washington.

Nesse cenário, o jovem Sandino alimenta sua formação política com as influências de patriotas como Benjamín Zeledón, que em 1912 enfrenta os invasores norte-americanos e morre em combate em outubro desse ano.Em maio de 1926, tropas dos Estados Unidos voltam a desembarcar, desta vez por Bluefields, e começa a chamada guerra constitucionalista. Sandino, então no México, regressa ao país e em outubro desse ano se levanta em armas à frente de alguns trabalhadores das minas de San Albino.

Nos anos que se seguem, à frente de seu "pequeno exército louco", Augusto C. Sandino foi forjando sua legenda, baseada na decisão de não depor as armas e continuar o combate enquanto as tropas invasoras permanecessem no território nacional.Em janeiro de 1933, esse objetivo se consegue com a retirada do país dos invasores estadunidense. Juan Bautista Sacasa assume a presidência e o general Somoza a chefia da Guarda Nacional. Sandino viaja a Manágua em fevereiro desse ano e assina um tratado de paz.

Sem embargo, seu exemplo de patriota que não claudica era muito difícil de suportar pelas personalidades de um regime submetido plenamente aos Estados Unidos, e tampouco por Washington, que o considerava um fator de risco para seu controle absoluto da nação centro-americana.
Isso levou a seu assassinato em 21 de fevereiro, no qual Anastasio Somoza somou méritos a um expediente criminal que lhe permitiu depois ser escolhido por Washington para governar o país e iniciar uma dinastia ditatorial que manteve a Nicarágua subjugada por mais de 40 anos.É um aniversário a mais da "passagem à imortalidade" de Augusto C. Sandino, herói nacional, o que agora se preparam para recordar em numerosas localidades da geografia nicaraguense, especialmente em Niquinohomo, onde se efetuará o ato central pela efeméride.

domingo, 5 de abril de 2009

Morreu Howard Zinn, o historiador que desafiou o establishment

Howard Zinn, historiador da Universidade de Boston, ativista político, desde cedo opositor à intervenção estadunidense no Vietnã e um dos principais críticos do presidente da Universidade de Boston, John Silber, morreu de um ataque do coração em Santa Mônica (Califórnia) durante uma viajem, segundo comunicou sua família. Tinha 87anos.
«Seus escritos mudaram a consciência de toda uma geração e ajudaram a abrir novos caminhos na compreensão e no significado crucial de nossas vidas», escreveu numa ocasião Noam Chomsky, ativista da esquerda estadunidense e professor do MIT. «Quando se o chamava à ação, podia se estar sempre seguro de que ele estaria na linha de frente. Um exemplo e um guia em quem se podia confiar.»

Para o doutor Zinn, o ativismo era a extensão natural da revisão da história que fazia em suas aulas. O livro mais conhecido de Zinn, A People's History of the United States (1980), não tinha como heróis os Founding Fathers - muitos deles proprietários de escravos e profundamente vinculados ao status quo, como o Dr. Zinn assinalava no começo da obra - mas os granjeiros da Rebelião de Shay e os dirigentes sindicais da década dos trinta.Como escreveu em sua autobiografia, You Can't Be Neutral on a Moving Train (1994), «minhas aulas estavam animadas desde o princípio por minha própria história. Não só queria ser justo com outros pontos de vista, senão que também queria oferecer algo mais que "objetividade": queria que os estudantes abandonassem minha aula não melhor informados, senão que melhor preparados para renunciar ao conforto do silêncio, mais preparados para falar, para atuar contra a injustiça ali onde a vissem. Tudo isso foi, por suposto, uma boa receita para buscar-me problemas.»

Certamente foi a receita para a disputa entre Zinn e Silber. Zinn, em duas ocasiões, até ajudou a encaminhar o voto de sua faculdade para destituir o presidente da Universidade de Boston, que, por sua vez, acusou o Dr. Zinn de incêndio (uma acusação da qual rapidamente se retratou) e o citou como principal exemplo de «aqueles que envenenam tudo o que há de bom no mundo acadêmico.»O Dr. Zinn foi vice-presidente do comitê de greve quando os professores da Universidade de Boston foram à greve em 1979. Quando terminou a greve, ele e quatro colegas foram acusados de violar seus contratos ao recusar cruzar um piquete de secretárias. Os encargos contra "os cinco da Universidade de Boston" logo foram revogados.

Howard Zinn nasceu em Nova Iorque em 24 de agosto de 1922, filho de um matrimônio de imigrantes judeus, Edward Zinn, garçom de profissão, e Jennie (Rabinowitz) Zinn, dona de casa. Estudou em escola pública em Nova Iorque e trabalhou nos estaleiros do Brooklyn antes de ser alistado na Forças Aérea durante a Segunda Guerra Mundial, quando serviu num bombardeiro da Oitava, alcançando o posto de alferes e obtendo a medalha do ar.Terminada a guerra, Zinn trabalhou numa série de ofícios de pouca monta até que entrou na Universidade de Nova Iorque, graças a GI Bill, com 27 anos. O professor Zinn, que havia desposado Roslyn Schechter em 1944, trabalhava à noite num armazém carregando caminhões para custear seus estudos. Licenciado pela Universidade de Nova Iorque, prosseguiu seus estudos de doutorado na Universidade de Columbia. Foi professor auxiliar na Universidade de Upsala e professor convidado na Universidade de Brooklyn antes de dar aulas na Universidade Spelman de Atlanta, em 1956, no departamento de história, ministrando um curso sobre a história das mulheres afro-americanas. Entre seus estudantes, encontrava-se a romancista Alice Walker, que o qualificou como «o melhor professor que já teve», e Marian Wright Edelman, futura presidenta da Fundação Children's Defense.

Durante essa época, o Dr. Zinn foi um participante muito ativo do movimento dos direitos civis. Foi membro do Comitê de coordenação de estudantes para a não-violência, a organização mais militante de todas as dos direitos civis da época, e participou em numerosas manifestações.

O Dr. Zinn se converteu em professor auxiliar de ciências políticas da Universidade de Boston em 1964, na qual foi nomeado professor titular em 1966.Seu ativismo o levou a postular contra a Guerra do Vietnã. Zinn participou em numerosas palestrar e teach-ins, e atraiu a atenção de todo o país quando ele e outro destacado antibelicista, o reverendo Daniel Berrigan, visitaram Hanói em 1968 para reunir-se com três prisioneiros liberados pelos norte-vietnamitas.

A participação do Dr. Zinn no movimento anti-guerra o levou a publicar dois livros: Vietnam: The Logic of Withdrawal (1967) e Disobedience and Democracy (1968). Previamente, havia publicado La Guardia in Congress (1959) - com o qual ganhou o prêmio da Associação de História Albert J. Beveridge -, SNCC: Los nuevos abolicionistas (1964), The Southern Mystique (1964) e New Deal Thought (1966). O Dr. Zinn também foi autor de The Politics of History (1970), Postwar America (1973), Justice in Everiday Life (1974) e Declarations of Independence (1990).

Em 1988, Zinn retirou-se temporariamente da universidade para proferir conferencias e escrever. Nos últimos anos, dedicou-se sobretudo à escritura de obras teatrais, das quais foram encenadas Emma, sobre a dirigente anarquista Emma Goldman, e Daughter of Venus.
O Dr. Zinn (melhor dito: seu principal livro) participou do filme de 1997 Good Will Hunting, quando o protagonista epônimo interpretado por Matt Damon elogia A People's History e anima o personagem interpretado por Robin Williams a lê-lo. Damon, que co-escreveu o roteiro do filme, foi vizinho de Zinn em sua infância. Damon produziria anos depois a versão televisionada do livro The People Speak, que foi ao ar no Canal História em 2009. Damon também foi o narrador do documentário biográfico sobre Zinn: Hozard Zinn: You Can't Be Neutral on a Moving Train. Em seu último dia de aula na Universidade de Boston, Howard Zinn terminou a aula trinta minutos antes para unir-se a um piquete e convidou os 500 alunos de sua classe a que se unissem a ele. Uma centena o fez.A esposa do Dr. Zinn faleceu em 2008. Zinn deixa uma filha, Myla Kabat-Zinn en Lexington, um filho, Jeff de Wellfleet, três netas e dois netos.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

História de Itapecerica da Serra

Em julho de 1562, por força de um levante armado que culminou em um ataque dos indios confederados, à vila de São Paulo de Piratininga (atual São Paulo capital) e outros nucleos de povoamento e colonização. a Companhia de Jesus decidiu instalar postos de defesa e colonização avançados entre eles em destaque: Carapicuíba, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Embu, São Mateus e São Miguel.

Itapecerica tem origem em uma aldeia fundada pelos Jesuítas a 3 de setembro de 1562, sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres, com o propósito de ser um posto avançado de colonização, catequização e de defesa contra ataques militares e de índios hostis aos Jesuítas. No século XVII o núcleo da população indígena foi consideravelmente aumentado com a vinda dos indígenas trazidos da aldeia de Carapicuíba, trazidos pelo sertanista Afonso Sardinha e deixados aos cuidados doutrinários do Padre Belchior de Pontes. Em 1689 a capela de Itapecerica contava com mais de novecentas almas sob a proteção do padre Diogo Machado, da Companhia de Jesus.

Em 1841 Itapecerica foi elevada à categoria de freguesia, sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres e teve como primeiro vigário o padre Bento Pedroso de Camargo, nomeado por D. Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade. Município desde 8 de maio de 1877, quando se emancipou do antigo município de Santo Amaro, que por sua vez foi reincorporado ao município da capital paulista em 1935. A primeira corrida de automóveis oficialmente organizada no Brasil por um clube automobilístico - no caso o Automóvel Club de São Paulo - aconteceu em 26 de julho de 1908, em Itapecerica da Serra-São Paulo. O vencedor foi Sílvio Álvares Penteado, pilotando um Fiat de 40 cavalos e aclamado como herói por uma multidão de dez mil pessoas.

Somente oito anos depois é que os carros voltariam a circular em São Paulo disputando uma corrida, quando um grupo de pilotos resolveu disputar uma prova num percurso entre São Paulo (cidade) e Ribeirão Preto. Em 1930 com a construção da Estrada de Ferro Mairinque-Santos que passa pela cidade mais precisamente no bairro da aldeinha ouve uma certa expansão da economia da cidade. Em 30 de Novembro de 1944 Itapecerica passou denominar-se Itapecerica "da serra" para diferenciar-se de sua homônima nas Minas Gerais e por estar na zona fisiográfica de Paranapiacaba.

Em 1959 foi criada a comarca de Itapecerica da Serra, composta pelos municípios de Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba e Taboão da serra, a cidade de São Lourenço da Serra foi incluída em 1991 quando de sua emancipação da cidade de Itapecerica. Com a construção da Rodovia Régis Bittencourt BR-116 o acesso da cidade à região sul do Brasil foi consideravelmente melhorado tendo na inauguração da rodovia em 1960 contado com a presença do então presidente da república Juscelino Kubitschek.