quarta-feira, 29 de julho de 2009

Clara Zetkin (1857-1933)

Clara Zetkin (1857-1933)Figura de destaque do movimento operário alemão e internacional, marcou notavelmente as lutas do movimento feminista. No SPD, Clara Zetkin, juntamente com Rosa Luxemburgo, foi uma das principais figuras da esquerda revolucionária do partido.Clara Zetkin nasceu em Eissner Wiederau, uma aldeia camponesa na região da Saxónia, Alemanha. O seu pai, Gottfried Eissner, mestre e organista da igreja, foi um protestante devoto, enquanto a sua mãe, Josephine Vitale Eissner, veio de uma família burguesa de Leipzig e tinha formação superior.
Tendo estudado para se tornar professora, Zetkin desenvolveu ligações com o movimento das mulheres e com movimento operário na Alemanha de 1874. Em 1878, entrou para o Partido Socialista dos Trabalhadores (Sozialistische Arbeiterpartei, SAP).
Este partido foi fundado em 1875 pela fusão de duas partes anteriores: o ADAV formado por Ferdinand Lassalle e SDAP de August Bebel e Wilhelm Liebknecht. Em 1890 o seu nome foi mudado para o que se tornou a sua versão moderna - Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).Por causa da proibição por Bismarck, em 1878, instituída à actividade socialista na Alemanha, Zetkin partiu para Zurique em 1882, e em seguida partiu para o exílio em Paris. Durante o tempo passado em Paris, ela desempenhou um papel importante na fundação do grupo socialista da Internacional Socialista.

Na altura adoptou o nome do seu amante, o revolucionário russo Ossip Zetkin, com quem teve dois filhos, Kostja e Maxim. Ossip Zetkin morreu em 1889. Mais tarde, Zetkin foi casada com o artista Georg Friedrich Zundel, dezoito anos mais novo que ela, de 1899 a 1928.No SPD, Clara Zetkin, juntamente com Rosa Luxemburgo, sua amiga íntima e confidente, foi uma das principais figuras da esquerda revolucionária do partido. No debate sobre o revisionismo na virada do século XX, ela, juntamente com Luxemburgo, atacou as teses reformistas de Eduard Bernstein.

Zetkin estava muito interessada na política feminista, incluindo a luta pela igualdade de oportunidades e o direito de voto das mulheres. Ela desenvolveu o movimento social-democrata de mulheres, na Alemanha; entre 1891-1917 editou o jornal de mulheres do SPD "Die Gleichheit" (Igualdade). Em 1907 Zetkin tornou-se líder do recém-fundado "Instituto da Mulher" no SPD.Clara Zetkin lançou as bases para o primeiro "Dia Internacional da Mulher", a 8 de Março de 1911, tendo proposto a ideia no ano anterior, em Copenhaga, aquando da II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, no sítio que mais tarde se tornou o Ungdomshuset (uma espécie de casa cultural e ponto de encontro para grupos autónomos e de esquerda).

Durante a I Guerra Mundial, Zetkin, juntamente com Karl Liebknecht, Rosa Luxemburgo e outros políticos influentes do SPD, rejeitou a política do partido de Burgfrieden (uma trégua com o governo, prometendo abster-se da marcação de greves durante a guerra).Entre outras actividades anti-guerra, em 1915 Zetkin organizou uma Conferência Socialista Internacional de Mulheres Anti-Guerra, em Berlim. Por causa da sua postura anti-guerra, foi presa várias vezes durante a guerra.

Em 1916, Zetkin foi uma dos co-fundadores da Liga Spartaquista e do Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD), que se separou em 1917 do seu partido mãe, o SPD, em protesto contra a sua posição pró-guerra.Em Janeiro de 1919, depois da Revolução alemã em Novembro do ano anterior, o KPD (Partido Comunista da Alemanha) foi fundado e Zetkin também se juntou a este e representou o partido entre 1920-1933 no Reichstag.Em 1922, Clara Zetkin entrevista Lenine sobre "A Questão da Mulher".Até 1924, Zetkin foi membro do escritório central do KPD. De 1927 a 1929, foi membro do comité central do partido, tendo também integrado o Comité Executivo da Internacional Comunista (Comintern) de 1921 a 1933. Em 1925 foi eleita presidente da organização de solidariedade alemã de esquerda, a Rote Hilfe.

Em Agosto de 1932, como presidente do Reichstag por antiguidade, Zetkin convocou todos a lutar contra o nacional-socialismo.Quando Adolf Hitler e o seu partido Nacional-Socialista Alemão chegaram ao poder, o Partido Comunista da Alemanha foi banido do Reichstag, após o incêndio do Reichstag, em 1933.Clara Zetkin exilou-se pela última vez, desta vez na União Soviética. Aí morreu, no Archangelskoye, perto de Moscovo, em 1933, com quase 76 anos. Foi enterrada junto ao muro do Kremlin, em Moscovo.

sábado, 25 de julho de 2009

Índios do Brasil

São considerados de origem asiática. A hipótese mais aceita é que os primeiros habitantes da América tenham vindo da Ásia e atravessado a pé o Estreito de Bering, na glaciação de 62 mil anos atrás. Pesquisas arqueológicas em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, registram indícios da presença humana, datados de 48 mil anos . O primeiro inventário dos nativos brasileiros só é feito em 1884, pelo viajante alemão Karl von den Steinen, que registra a presença de quatro grupos ou nações indígenas: tupi-guarani, jê ou tapuia, nuaruaque ou maipuré e caraíba ou cariba. Von den Steinen também assinala quatro grupos lingüísticos: tupi, macro-jê, caribe e aruaque. Atualmente estima-se que sejam faladas 170 línguas indígenas no Brasil.

Estima-se que, em 1500, existiam de 1 milhão a 3 milhões de indígenas no Brasil. Em cinco séculos, a população indígena reduz-se aos atuais 270 mil índios, o que representa 0,02% da população brasileira. São encontrados em quase todo o país, mas a concentração maior é nas regiões Norte e Centro-Oeste. A Funai registra a existência de 206 povos indígenas, alguns com apenas uma dúzia de indivíduos. Somente dez povos têm mais de 5 mil pessoas. As 547 áreas indígenas cobrem 94.091.318 ha, ou 11% do país. Há indícios da existência de 54 grupos de índios isolados, ainda não contatados pelo homem branco.
Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingüístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia).

Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.

A sociedade indígena na época da chegada dos portugueses.

O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam naquela época, graças a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral ) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas.

Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio).

Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha é relatado que os índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha.

As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimônias de enterro e também no momento de estabelecer alianças contra um inimigo comum.

Os índios faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.

A organização social dos índios

Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.

Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios.

A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta.

Os contatos entre indígenas e portugueses

Como dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitos indígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho.

O canto que se segue foi muito prejudicial aos povos indígenas. Interessados nas terras, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequenos número de índios que temos hoje.

A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios seguirem a cultura européia. Foi assim, que aos poucos, os índios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.




Religião Indígena

Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. O pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar o corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam os objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após a morte.

Principais etnias indígenas brasileiras na atualidade e população estimada

Ticuna (35.000), Guarani (30.000), Caiagangue (25.000), Macuxi (20.000), Terena (16.000), Guajajara (14.000), Xavante (12.000), Ianomâmi (12.000), Pataxó (9.700), Potiguara (7.700).
Fonte: Funai (Fundação Nacional do Índio).

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida

A referência histórica principal das origens do Dia Internacional da Mulher é a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, em Copenhaga, na Dinamarca, quando Clara Zetkin propôs uma resolução para a instauração oficial de um dia internacional das mulheres. Nessa resolução, não se faz nenhuma alusão ao dia 8 de Março.
Clara apenas mencionou que se deveria seguir o exemplo das socialistas americanas. É certo que, a partir daí, as comemorações começaram a ter um carácter internacional, expandindo-se pela Europa, a partir da organização e iniciativa das mulheres socialistas.
Essa e outras fontes históricas intrigaram a pesquisadora Renée Coté, que publicou em 1984, no Canadá, a sua intrigante pesquisa em busca do elo ou dos elos perdidos da história do Dia Internacional da Mulher.
No percurso da sua pesquisa, Renée deparou-se com a história das feministas socialistas americanas que tentaram resgatar do turbilhão da história de lutas dos trabalhadores no final do século XIX e início do século XX, a intensa participação das mulheres trabalhadoras, mostrando as suas manifestações, as suas greves, a sua capacidade de organização autónoma de lutas, destacando-se a batalha pelo direito ao voto para as mulheres, ou seja, pelo sufrágio universal. A partir desta descoberta, levantou hipóteses sobre o porquê de tal registo histórico ter sido negligenciado ou se ter perdido no tempo.
O que fica claro a partir de sua pesquisa das fontes históricas é que a referência a um 8 de Março ou uma greve de trabalhadoras americanas, manifestações de mulheres ou um dia da mulher, não aparece registada nas diversas fontes pesquisadas no período, principalmente nos jornais e na imprensa socialista.
Houve greves e repressões de trabalhadores e trabalhadoras no período que vai do final do século XIX até 1908 mas nenhum desses eventos até então dizem respeito à morte de mulheres em Nova York, evento que supostamente teria dado origem ao dia da mulher.
Estas buscas revelaram a Coté que não houve uma greve heróica, seja em 1857 ou em 1908, mas sim um feminismo heróico que lutou por se firmar entre as trabalhadoras americanas. A investigação sobre o 8 de Março retraçou a luta das mulheres socialistas americanas por uma existência autónoma.
As fontes encontradas revelaram o seguinte:
A 3 de maio de 1908, em Chicago, celebrou-se o primeiro "Woman's day” [Dia da Mulher], presidido por Lorine S. Brown e documentado pelo jornal mensal “The Socialist Woman”. Teve lugar no Teatro Garrick, com a participação de 1500 mulheres que "aplaudiram as reivindicações por igualdade económica e política para as mulheres, no dia consagrado à causa das trabalhadoras".
Este dia foi dedicado à causa das operárias, denunciando a exploração e a opressão das mulheres, mas defendendo, com destaque, o voto feminino. Defendeu-se a igualdade dos sexos, a autonomia das mulheres, portanto, o voto das mulheres, dentro e fora do partido.
Já em 1909, o Dia da Mulher foi uma actividade oficial do partido socialista e organizado pelo comité nacional de mulheres e comemorado a 28 de Fevereiro de 1909. A imprensa da época convocava o "woman suffrage meeting" [encontro pelo sufrágio feminino], ou seja, em defesa do voto das mulheres, em Nova York.
Coté apurou que as socialistas americanas sugeriram o último domingo de Fevereiro como o dia da comemoração mas no início acabou por ser celebrado em várias datas diferentes. Muitas mulheres foram aderindo ao Dia da Mulher, incluindo grevistas, e a participação foi crescendo.
Os jornais noticiaram o Dia Internacional da Mulher em Nova York, a 27 de Fevereiro de 1910 no Carnegie Hall, com 3 mil mulheres, onde se reuniram as principais associações a favor do voto par as mulheres. Este encontro foi convocado pelas socialistas mas contou também com a participação de mulheres não socialistas.
Consta que houve uma longa greve dos operários têxteis de Nova York (shirtwaist makers) entre Novembro de 1909 e Fevereiro de 1910, na qual 80% dos grevistas eram mulheres e que terminou 12 dias antes do Dia da Mulher. Essa foi a primeira greve de mulheres de grande amplitude denunciando as suas condições de vida e de trabalho e que demonstrou a coragem daquelas costureiras, recebendo um apoio massivo. Muitas dessas operárias participaram do Dia da Mulher e engrossaram a luta pelo direito ao voto das mulheres (conquistado em todos os EUA em 1920).
Clara Zetkin, uma socialista alemã, propôs que o dia da mulher ou das mulheres se tornasse "uma jornada especial, uma comemoração anual de mulheres, seguindo o exemplo das companheiras americanas". Sugeriu ainda num artigo do jornal alemão “Diegleichheit”, de 28/08/1910, que o tema principal deveria ser a conquista do direito ao voto das mulheres.
Em 1911, o Dia Internacional das Mulheres, foi comemorado pelas mulheres alemãs a 19 de Março e pelas mulheres suecas juntamente com o 1.º de Maio, etc. Sintetizando, foi celebrado em diferentes datas.
Em 1913, na Rússia, sob o regime czarista, foi realizada a Primeira Jornada Internacional das Mulheres Trabalhadoras pelo sufrágio feminino. As operárias russas participaram nesta jornada internacional das mulheres em Petrogrado e foram reprimidas. Em 1914, todas os organizadoras da Jornada ou Dia Internacional das Mulheres na Rússia foram presas, o que tornou impossível a comemoração.
Em 1914 teve lugar o Dia Internacional das Mulheres na Alemanha dedicado ao direito ao voto para as mulheres. Foi assim comemorado pela primeira vez no dia 8 de Março, ao que consta porque foi a data mais conveniente naquele ano.
As socialistas europeias coordenaram as comemorações em torno do direito ao voto vinculando-o à emancipação política das mulheres, mas a data era decidida em cada país.
Em tempos de guerra, o Dia Internacional das Mulheres passou para segundo plano na Europa.
Outra referência interessante que indica a origem da fixação do dia 8 de Março como Dia Internacional da Mulher, foi a ligação dessa data com a participação activa das operárias russas em acções que desencadearam a revolução russa de 1917. Portanto, houve uma acção política das operárias russas no dia 8 de Março, segundo o calendário gregoriano - ou 23 de Fevereiro no calendário russo – que precipitou também o início da acções revolucionárias que tornaram vitoriosa a revolução russa.
Alexandra Kolontai, dirigente feminista da revolução socialista, escreveu sobre o facto e sobre o 8 de Março, mas curiosamente esse documento desapareceu da história do evento. Escreveu: " O dia das operárias, no 8 de Março de 1917, foi uma data memorável na história. A revolução de Fevereiro acabara de começar". O facto também é mencionado por Trotski, dirigente da revolução, na História da Revolução Russa.
Nessas narrativas esclarece-se que as mulheres desencadearam a greve geral, saindo corajosamente às ruas de Petrogrado no Dia Internacional das Mulheres contra a fome, a guerra e o czarismo.
Trotski escreveu: "23 de Fevereiro ( 8 de Março) foi o Dia Internacional das Mulheres e programaram-se encontros e acções. Mas não imaginávamos que este "dia das mulheres" viria a inaugurar a revolução. Planearam-se acções revolucionárias mas sem data prevista. Mas pela manhã, a despeito das ordens contrárias, as operárias têxteis deixaram o trabalho em várias fábricas e enviaram delegadas para apoiarem a greve... que se transformou numa greve de massas.... todas saíram às ruas".
Podemos dizer que o início da revolução foi consequência da organização popular que superou a oposição das direcções dos partidos. A iniciativa partiu das mulheres mais exploradas e oprimidas: as trabalhadoras dos têxteis. O número de grevistas foi em torno dos 9 mil, a maioria mulheres. A partir destes relatos compreendemos que o dia das mulheres foi vencedor, foi massivo e sem vítimas.
Renée Coté encontrou, por fim, documentos da Conferência Internacional das Mulheres Comunistas de 1921 onde se pode ler "uma camarada búlgara propõe o 8 de Março como data oficial do Dia Internacional da Mulher, lembrando a iniciativa das mulheres russas".
A partir de 1922, o Dia Internacional da Mulher é celebrado oficialmente no dia 8 de Março.
Essa história perdeu-se no registo histórico oficial tanto do movimento socialista, como dos historiadores daquele período. Faz parte do passado histórico e político das mulheres e do movimento feminista de origem socialista do começo do século [XX].
Algumas feministas europeias na década de 70, por não encontrarem referência concreta às operárias têxteis mortas num incêndio em 1857, em Nova York, chegaram a considerá-lo um facto mítico. Mas essa hipótese foi descartada diante de tantos factos e eventos vinculando as origens do Dia Internacional da Mulher às mulheres americanas de esquerda.
Quanto aos elos perdidos dos factos em torno do dia 8 de Março levantam-se várias hipóteses em busca de mais aprofundamento.
É certo que nos EUA, em Nova York, as operárias têxteis já vinham denunciando as condições de vida e trabalho e já faziam greves . Esse momento de organização das trabalhadoras faz parte de todo um processo histórico de transformações sociais que colocaram as mulheres em condições para lutar por direitos, igualdade e autonomia participando no contexto social e político que motivou a criação de um dia de comemoração que simbolizasse as suas lutas, conquistas e necessidade de organização. É preciso, pois, entrelaçar os fios da história deste período.
Por conseguinte, há um relato que precisa de ser verificado nas suas fontes documentais, sintetizado por Gládis Gassen (num texto para as trabalhadoras rurais da FETAG), que nos indica que em Março de 1911, dezoito dias após o Dia da Mulher, e não em 1857, "numa mal ventilada fábrica de têxteis que ocupava os 3 últimos andares de um edifício de 10, na Triangle Schirwaist Company, em New York, estalou um incêndio que envolveu 500 mulheres - jovens, judias e imigrantes italianas - que trabalhavam em condições precárias, com o assoalho coberto de materiais e resíduos inflamáveis, o lixo amontoado por todas a parte, sem saídas em caso de incêndio, nem mangueiras para água... Para impedir a interrupção do trabalho, a empresa trancava à chave a porta de acesso à saída.
Quando os bombeiros finalmente conseguiram chegar aos andares onde estavam as mulheres, 147 já tinham morrido, carbonizadas ou estateladas na calçada da rua, para onde se atiraram em desespero. Após esta tragédia criou-se em Nova Iorque a Comissão Investigadora de Fábricas que já tinha sido solicitada há 50 anos! Foi assim que se iniciou a história da legislação de protecção da vida e da saúde. A líder sindical Rosa Schiederman organizou a presença de 120 mil trabalhadoras no funeral daquelas operárias para expressarem o seu lamento e declararem solidariedade para com todas as mulheres trabalhadoras".
Assim, embora seja necessário continuar a procurar memórias perdidas, é certo que todo um ciclo de lutas, numa era de grandes transformações sociais até às primeiras décadas do século XX, tornaram o Dia Internacional da Mulher um símbolo da participação activa das mulheres para transformarem a sua condição e a transformarem a sociedade.
Celebramos então, anualmente, tal como as nossas antecessoras o fizeram, as nossas iniciativas e conquistas, fazendo o balanço das nossas lutas e actualizando a nossa agenda de lutas pela igualdade entre homens e mulheres e por um mundo onde todos e todas possam viver com plenamente e com dignidade.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Lembrado atentado terrorista dos Estados Unidos contra La Coubre

Havana, 4 mar. (PL) - Os cubanos recordam hoje um atentado organizado pelos Estados Unidos que explodiu o návio francês La Coubre en 1960 em Havana, no qual morreram mais de uma centena de pessoas e mais de 200 ficaram feridas.
O ato terrorista - que aprofundou a opção dos cubanos de radicalizar o processo revolucionário iniciado em 1959 - só foi superado em dimensão pela invasão de Playa Girón em 1961.La Coubre, procedente de Hamburgo, Bremen, Amberes e Havre, chegou no porto havaneiro às 8 h. (hora local) com um importante lote de armamentos comprado na Bélgica no último trimestre de 1958.

A carga seria entregue por esse governo em cumprimento ao compromisso comercial com a maior das Antilhas, a despeito das pressões de Washington sobre a administração dessa nação europeia para impedir sua venda à nova direção do país caribenho.Pela tarde, às 15 h. 8 min. (hora local), se acionou uma detonação inicial e uma segunda explosão aos 48 minutos, causando o maior número de vítimas, pois nesse momento dezenas de militares e trabalhadores socorriam as vítimas.

Todas as evidências indicavam que, após fracassar os intentos da Casa Branca para cancelar a venda, agentes a serviço da Agência Central de Inteligência colocaram um moderno artefato explosivo entre as caixas de granadas antitanques, o qual se ativou no momento de retirar a carga situada sobre ele.Isso fez esplodir parte das mil 492 caixas de granadas e munições que o navio transportava, com um peso de mais de 490 toneladas métricas, precisa o sitio Cubagob.cu.

Os resultados das investigações demostraram que se tratava duma sabotagem preparada em algum ponto de embarque ou da travessia.No cargueiro viajava, sem uma explicação lógica, um jornalista estadunidense chamado Donald Lee Chapman, que embarcou no Havre e se dirigia a Omaha, estado norte-americano de Nebraska, mas a embarcação só o deixaria em Miami.De acordo com o sitio Cubadebate.cu, todos esses fatos demandaram um lógico e amplo intercâmbio de mensagens entre o governo estadunidense e sua embaixada em Cuba, todavia chama a atenção que não se tenham sido desclassificados documentos sobre esse fato no livro do Departamento de Estado, que compilou as comunicações desses atores em dito período.

Existe um vazío no tráfico entre 18 de fevereiro e 12 de março de 1960, e ainda que tenha sido solicitado - pontualiza Cubadebate.cu - ainda não desclasificaram essa informação.Por esses sólidos argumentos se sustenta que as autoridades norte-americanas ocultaram por mais de quatro décadas o conhecimento que têm desse fato, o que reafirma a hipótese de sua participação na ação terrorista.

8 de março: Uma celebração militante

Alexandra Kollontai (1872-1952)O Dia Internacional da Mulher ou o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora é um dia de solidariedade internacional e um dia para rever a força e organização das mulheres proletárias.
Mas este dia não é especial apenas para as mulheres. O 8 de Março é um dia histórico e memorável para os trabalhadores e camponeses, para todos os trabalhadores Russos e os trabalhadores do mundo inteiro.Em 1917, neste dia, a grande revolução de Fevereiro eclodiu. [1] Foram as mulheres trabalhadoras de Petersburgo que começaram esta revolução; foram elas as primeiras a decidir levantar a bandeira da oposição contra o Czar e os seus acólitos. Portanto, o dia internacional das mulheres trabalhadoras é para nós um dia de dupla celebração.

Mas se este é um dia feriado para todo o proletariado, porque é que lhe chamamos "Dia Internacional da Mulher "? Porque então temos encontros e celebrações especiais, destinadas acima de tudo às mulheres trabalhadoras e às mulheres camponesas? Isto não compromete a unidade e solidariedade da classe trabalhadora? Para responder a estas perguntas, temos de olhar para trás e ver como o Dia Internacional da Mulher surgiu e qual o propósito com que foi organizado.

Como e porquê foi o Dia Internacional da Mulher organizado?Há não muito tempo atrás, de facto há cerca de dez anos atrás, a questão da igualdade das mulheres e a questão de se saber se as mulheres poderiam tomar parte no governo ao lado de homens estava a ser ardentemente debatida. A classe trabalhadora em todos os países capitalistas lutou pelos direitos das mulheres trabalhadoras: a burguesia não queria aceitar esses direitos. Não era no interesse da burguesia reforçar o voto da classe trabalhadora no parlamento; e em cada país eles dificultaram a aprovação de leis que dessem o direito [ao voto] às mulheres trabalhadoras.

Socialistas na América do Norte insistiram nas suas reivindicações pelo direito ao voto com grande persistência. A 28 de Fevereiro de 1909, as mulheres socialistas dos EUA organizaram enormes manifestações e encontros em todo o país exigindo direitos políticos para as mulheres trabalhadoras. Este foi o primeiro "Dia da Mulher". A iniciativa de organizar um dia da mulher, pertence portanto às mulheres trabalhadoras da América.

Em 1910, no Segunda Congresso Internacional de Mulheres Trabalhadoras, Clara Zetkin [2] apresentou a proposta de organizar um Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras. A convenção decidiu que todos os anos, em todos os países, deveriam celebrar no mesmo dia um " Dia Internacional da Mulher " sob o lema " O voto para as mulheres unirá a nossa força na luta pelo socialismo ".

Durante estes anos, a questão de tornar o parlamento mais democrático, i.e., da ampliação da franquia e da extensão do voto às mulheres, foi uma questão vital. Mesmo antes da primeira guerra mundial, os trabalhadores tinham o direito ao voto em todos os países burgueses com excepção da Rússia. [3]

Apenas as mulheres, lado a lado com os doentes mentais, permaneciam sem esses direitos. No entanto, ao mesmo tempo, a dura realidade do capitalismo exigia a participação das mulheres na economia do país. Todos os anos havia um aumento no número de mulheres que tinham de trabalhar nas fábricas e nas oficinas, ou como criadas ou mulheres-a-dias. As mulheres trabalhavam lado a lado com os homens e a riqueza do país era criada pelas suas mãos. Mas as mulheres continuavam sem direito ao voto.

Mas nos últimos anos antes da guerra o aumento dos preços forçou até a mais pacífica dona de casa a tomar um interesse em questões políticas e a protestar fortemente contra a economia de pilhagem burguesa. "As revoltas das donas de casa" tornaram-se cada vez mais frequentes, irrompendo em momentos diferentes na Áustria, Inglaterra, França e Alemanha.

As mulheres trabalhadoras compreenderam que não era suficiente partir as bancas no mercado ou ameaçar este ou outro comerciante: Elas entenderam que tais acções não baixam o custo de vida. Têm que mudar as políticas do governo. E para alcançar este objectivo, a classe trabalhadora tem de fazer com que o direito de voto seja ampliado.Tinha sido decidido ter um Dia Internacional da Mulher em cada país como forma de luta pelo direito ao voto das mulheres trabalhadoras. Este dia seria um dia de solidariedade internacional na luta por objectivos comuns e um dia para rever a força organizada das mulheres trabalhadoras sob o estandarte do socialismo.

O primeiro Dia Internacional da MulherA decisão tomada no Segundo Congresso Internacional de Mulheres Socialistas não ficou no papel. Ficou decidido levar a cabo o primeiro Dia Internacional da Mulher no dia 19 de Março de 1911.Esta data não foi escolhida ao acaso. As nossas camaradas Alemãs escolheram este dia devido à sua importância histórica para o proletariado Alemão. No dia 19 de Março no ano da revolução de 1848, o rei Prussiano reconheceu pela primeira vez a força do povo armado e concedeu perante a ameaça de uma insurreição proletária. Entre as várias promessas feitas, que mais tarde não manteve, estava a introdução do voto para as mulheres.

Após 11 de Janeiro, esforços foram feitos na Alemanha e na Áustria para preparar o Dia Internacional da Mulher. Tornaram os planos conhecidos para uma manifestação tanto de boca em boca como na imprensa. Durante a semana posterior ao Dia Internacional da Mulher dois jornais apareceram: O Voto para as Mulheres na Alemanha e o Dia das Mulheres na Áustria.Os vários artigos dedicados ao Dia Internacional da Mulher - "Mulheres e o Parlamento", "Mulheres Trabalhadoras e Assuntos Municipais", "O que é que a dona de casa tem a ver com a Politica?", etc. ...- analisaram compreensivamente as questões da igualdade das mulheres no governo e na sociedade. Todos os artigos enfatizaram o mesmo ponto: que era absolutamente necessário e mais democrático estendendo o voto às mulheres.

O primeiro Dia Internacional da Mulher teve lugar em 1911. O seu sucesso superou todas as expectativas. Tanto a Alemanha como a Áustria, no Dia Internacional da Mulher, eram um mar tremendo, cheio de mulheres. Encontros foram organizados em toda a parte - nas pequenas cidades e até nos salões das aldeias estavam tão cheios que era necessário pedir aos trabalhadores masculinos para darem o lugar às mulheres.Esta foi, certamente, a primeira mostra de militância de mulheres trabalhadoras. Os homens ficaram em casa com as crianças pela primeira vez, e as suas mulheres, as donas de casa cativas, foram aos encontros. Durante as maiores demonstrações de rua, em que 30 mil tomaram parte, a polícia decidiu retirar as bandeiras às manifestantes: as mulheres trabalhadoras tomaram uma posição.

No tumulto que se seguiu, o derramamento de sangue foi evitado apenas com a ajuda dos deputados socialistas do Parlamento.Em 1913, o Dia Internacional da Mulher foi transferido para o dia 8 de Março. Este dia tem continuado a ser o dia de militância das mulheres trabalhadoras.É necessário o Dia Internacional da Mulher?O Dia Internacional da Mulher teve resultados brilhantes tanto na América como na Europa. É verdade que nem um único parlamento burguês pensou em fazer concessões aos trabalhadores ou responder às exigências das mulheres. Porque naquele tempo, a burguesia não estava ameaçada pela revolução socialista.

Mas o Dia Internacional da Mulher alcançou algo. Tornou-se acima de tudo num excelente meio de agitação entre as nossas irmãs proletárias menos politizadas. Elas não podiam deixar de tomar atenção aos encontros, manifestações, posters, panfletos e jornais dedicados ao Dia Internacional da Mulher.Até a mulher trabalhadora reaccionária pensou com os seus botões: "Este é o nosso dia, o festival das mulheres trabalhadoras" e ela apressava-se para as reuniões e manifestações. Após cada Dia Internacional da Mulher, mais mulheres aderiram aos partidos socialistas e os sindicatos cresceram. As organizações desenvolveram-se e a consciência política desenvolveu-se.

O Dia Internacional da Mulher teve ainda uma outra função; fortaleceu a solidariedade internacional dos trabalhadores. Os partidos de países diferentes costumavam trocar oradores para esta ocasião: Camaradas Alemãs iriam a Inglaterra, camaradas Ingleses à Holanda, etc. A coesão internacional da classe trabalhadora tornou-se forte e firme o que quer dizer que a força de luta do proletariado cresceu.
Estes são os resultados do dia de militância das mulheres trabalhadoras. O dia de militância das mulheres trabalhadoras ajuda a aumentar a consciência e organização das mulheres proletárias. E isto quer dizer que a sua contribuição é essencial para o sucesso daqueles que lutam pôr um futuro melhor para a classe trabalhadora.

Os novos desafios do Dia Internacional da Mulher
A revolução de Outubro deu às mulheres a igualdade com os homens no sentido dos direitos civis. As mulheres do proletariado Russo, que até há algum tempo eram das mais desafortunadas e oprimidas, são agora na Republica Soviética capazes de demonstrar o orgulho a camaradas de outros países o caminho para a igualdade política através do estabelecimento de uma ditadura do proletariado e o poder dos sovietes.A situação é muito diferente nos países capitalistas onde as mulheres ainda são sobrecarregadas e desprivilegiadas. Nestes países as vozes das mulheres trabalhadoras é fraca e sem vida. A verdade é que em países como a Noruega, a Austrália e a Finlândia e alguns Estádios da América do Norte - as mulheres ganharam direitos civis antes da guerra. [4]

Na Alemanha, depois do Kaiser ser deposto e a republica burguesa ser estabelecida, encabeçada pelos "conformistas", [5] trinta e seis mulheres tiveram entrada no parlamento - nenhuma era comunista!Em 1919, em Inglaterra, uma mulher foi eleita pela primeira vez Deputada [Membro do Parlamento]. Mas quem era ela? Uma "Lady". O que quer dizer uma latifundiária, uma aristocrata.

Também, em França, as questões começaram a apareçer em ralação ao voto das mulheres.Mas para que servem estes direitos das mulheres trabalhadoras no âmbito de parlamentos burgueses? Enquanto o poder estiver nas mãos dos capitalistas e dos proprietários, nenhuns direitos políticos salvaram as mulheres trabalhadoras da tradicional situação de escravatura tanto em casa como na sociedade. A burguesia francesa esta pronta para atirar um outro golpe ás classes trabalhadoras, devido ao crescimento das ideias Bolcheviques entre o proletariado: estão preparados a dar o direito de voto às mulheres. [7]

Sr. Burguês, Sir - é tarde de mais!Depois da experiencia da Revolução de Outubro na Rússia, fica claro para toda a mulher trabalhadora em França, em Inglaterra e em outros países que apenas a ditadura do proletariado, só o poder dos sovietes pode garantir completa e absoluta igualdade, a vitória final do comunismo derrubará o século de velhas cadeias de repressão e falta de direitos.

Se a tarefa do "Dia Internacional da Mulher Trabalhadora" foi a princípio, devida à supremacia de parlamentos burgueses, a luta pelo direito ao voto das mulheres, a classe trabalhadora tem agora um novo objectivo: o de organizar as mulheres trabalhadoras em volta do lema da Terceira Internacional. Em vez de participarem nos trabalhos dos parlamentos burgueses, ouçam a chamada da Rússia:

"Mulheres trabalhadoras de todos os países! Organizem uma frente unida proletária na luta contra aqueles que pilham o mundo! Abaixo com o parlamentarismo da burguesia! Acolhemos o poder soviético! Abaixo as desigualdades sofridas tanto por homens como mulheres! Lutaremos com os trabalhadores pelo triunfo do comunismo no mundo inteiro!"

Este apelo foi ouvido inicialmente durante o apelo a uma nova ordem, nas batalhas das guerras civis também será ouvido e produzirá um impacto nos corações das mulheres trabalhadoras de outros países. A mulher trabalhadora escutará e acreditará que esta chamada é certa. Até recentemente pensavam que se conseguissem enviar uns representantes ao parlamento as suas vidas seriam mais fáceis e a opressão capitalista mais tolerável. Agora sabem melhor.

Apenas o derrube do capitalismo e o estabelecimento do poder dos sovietes as salvará do sofrimento universal, humilhações e desigualdades que fazem a vida das mulheres trabalhadoras tão difícil nos países capitalistas.O "Dia Internacional da Mulher " transformou-se de um dia de luta pelo direito ao voto num dia de luta internacional pela absoluta libertação da mulher, o que quer dizer a luta pela vitória dos sovietes e do comunismo!
Abaixo com o mundo da propriedade e o poder do capital!Fora com a desigualdade, falta de direitos e a opressão das mulheres - o legado dos burgueses no mundo!Fomentar a união internacional de homens e mulheres trabalhadoras na luta pela ditadura do proletariado - o proletariado de ambos os sexos!

A Rússia Czarista ainda usava o velho calendário "Juliano" da Idade Média, que estava 13 dias atrasado em relação ao "Gregoriano" usado na maioria do mundo. Então o 8 de Março era " 23 de Fevereiro" no antigo calendário. É por isso que a revolução de Março de 1917 é chamada "a revolução de Fevereiro" e a de "Novembro 1917", " a Revolução de Outubro".Clara Zetkin foi a líder do movimento socialista Alemão e a principal líder do movimento internacional das mulheres trabalhadoras. Kollontai era delegada na conferência internacional representando os trabalhadores têxteis de São Petersburgo.Isto não é bem exacto, a maioria dos trabalhadores não qualificados em Inglaterra, França e Alemanha não podiam votar. Uma pequena percentagem de trabalhadores [homens] nos Estados Unidos podia votar - particularmente homens imigrantes. No sul dos EUA, os negros eram impedidos de votar várias vezes. Os movimentos sufragistas da classe média a favor do sufrágio universal em todos os países europeus não lutaram para dar o voto tanto a homens como a ou mulheres trabalhadoras.Mulheres ganharam o direito ao voto em muitos Estados Americanos antes da Primeira Guerra Mundial. Uma emenda federal datada de 26 de 1920 garantiu que todas as mulheres com mais de 21 anos tivessem o direito ao voto. Não foi até aos anos 60 que as barreiras legais destinadas ao voto das classes trabalhadoras votando nos Estados Unidos foram abolidas.Os "conformistas" a que Kollontai refere são os membros do partido Social Democrata que formaram o novo governo na Alemanha após a queda do Kaiser em 1918. E activamente apoiaram a contra-revolução depois de deixar o governo.Enquanto a aristocrata Lady Astor, foi no entanto a primeira mulher a servir no Parlamento Britânico, a revolucionária Irlandesa Constance Mankieviczs. Tal como outros membros do partido Sinn Fein, recusou tomar assento no parlamento imperial:As mulheres francesas não tiveram o direito ao voto até ao final da Segunda