segunda-feira, 21 de julho de 2008

Descobrimento do Brasil

Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.
Caravelas portuguesas chegando ao litoral brasileiro
Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil.


Descobrimento do Brasil, Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo, 1887. Acervo do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro
O descobrimento do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. De acordo com este acordo, Portugal ficou com as terras recém descobertas que estavam a leste da linha imaginária ( 200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha.


Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias (cravo, canela, gengibre, pimenta, noz moscada, açafrão) que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas.

Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Características do socialismo

Fica difícil determinar uma data exata, da origem do comunismo, pois o estudo antropológico mostrou que esse tipo de comunidade já existia desde os tempos mais remotos. Porém, o comunismo ficou mais caracterizado e conscientizado depois de 1840. O termo comunismo começa a aparecer nas sociedades revolucionárias de Paris, substituindo outros tipos de comunidades.

O conceito de comunismo propriamente, define-se como uma forma de regime social onde existe uma igual distribuição de riqueza e a propriedade comum de todos os bens. As desigualdades sociais já levavam filósofos a pensar numa sociedade ideal, que tivesse igualdade de direitos.
Segundo Karl Marx (1818-1883), o objetivo do comunismo é o domínio do proletariado, perante o declínio da burguesia, acabando assim com a diferença (confronto) de classes.
O comunismo se baseia numa sociedade sem classes, onde todos têm os mesmos direitos, os mesmos ganhos e gastos.

Entre os países que adotaram o regime comunista, podemos citar a U.R.S.S., a China, Cuba e Alemanha Oriental. No Brasil, o Partido Comunista dos 40 anos que existiu, pelo menos 35 foi ilegal, o que tornou extremamente difícil sua documentação. Esse partido foi fundado no congresso que realizou nos dias 25, 26 e 27 de março de 1922, porém, três meses depois não era mais considerado legal. O "Manifesto Comunista" foi publicado em livro no Brasil, em 1924. Entre 1917 e 1920 o movimento sofreu grande influência da Revolução de Outubro.
Diferentemente do que ocorre no capitalismo, onde as desigualdades sociais são imensas, o socialismo é um modo de organização social no qual existe uma distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, com a finalidade de proporcionar a todos um modo de vida mais justo.

Sabe-se que as desigualdades sociais já faziam com que os filósofos pensassem num meio de vida onde as pessoas tivessem situações de igualdade, tanto em seus direitos como em seus deveres; porém, não é possível fixarmos uma data certa para o início do comunismo ou do socialismo na história da humanidade. Podemos, contudo, afirmar que ele adquiriu maior evidência na Europa, mais precisamente em algumas sociedades de Paris, após o ano de 1840 (Comuna de Paris).

Na visão do pensador e idealizador do socialismo, Karl Marx, este sistema visa a queda da classe burguesa que lucra com o proletariado desde o momento em que o contrata para trabalhar em suas empresas até a hora de receber o retorno do dinheiro que lhe pagou por seu trabalho. Segundo ele, somente com a queda da burguesia é que seria possível a ascensão dos trabalhadores.

A sociedade visada aqui é aquela sem classes, ou seja, onde todas as pessoas tenham as mesmas condições de vida e de desenvolvimento, com os mesmos ganhos e despesas. Alguns países, como, por exemplo, União Soviética (atual Rússia), China, Cuba e Alemanha Oriental adotaram estas idéias no século XX. A mais significativa experiência socialista ocorreu após a Revolução Russa de 1917, onde os bolcheviques liderados por Lênin, implantaram o socialismo na Rússia.

Porém, após algum tempo, e por serem a minoria num mundo voltado ao para o lucro e acúmulo de riquezas, passaram por dificuldades e viram seus sistemas entrarem em colapso. Foi a União Soviética que iniciou este processo, durante o governo de Mikail Gorbachov ( final de década de 1980), que implantou um sistema de abertura econômica e política (Glasnost e Perestroika) em seu país. Na mesma onda, o socialismo foi deixando de existir nos países da Europa Oriental.
Atualmente, somente Cuba, governada por Fidel Castro, mantém plenamente o sistema socialista em vigor. Mesmo enfrentando um forte bloqueio econômico dos Estados Unidos, o líder cubano consegue sustentar o regime, utilizando, muitas vezes, a repressão e a ausência de democracia.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Os Assírios

O povo assírio viveu na antiga Mesopotâmia, região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates. Sua capital, nos anos mais prósperos, foi Nínive, numa região que hoje pertence ao Iraque. O Império assírio abrange o período de 1700 a 610 a.C. , mais de mil anos. Os assírios eram ferozes guerreiros e usavam sua grande força militar para expandir seu Império. Libertando-se dos sumérios, conquistaram grande parte do seu território, mas logo caíram em poder dos babilônios, um povo que morava ao Sul da Mesopotâmia. Em 1240 a.C, empreenderam a conquista da Babilônia, e a partir daí começaram a alargar as fronteiras do seu Império até atingirem o Egito, no norte da África. O Império Assírio conheceu seu período de maior glória e prosperidade durante o reinado de Assurbanipal (até 630 a.C). Cobravam pesados impostos dos povos vencidos, o que os levava a revoltarem-se continuamente.

Ainda no reinado de Assurbanipal, já os babilônios se libertaram (em 626 a.C.) e capturaram Ninive. Com a morte de Assurbanipal, a decadência do Império Assírio se acentuou, e em 610 a.C. a última de suas cidades caiu em poder dos invasores.
A escrita dos assírios constituía-se de pequenas cunhas feitas com um estilete em tabuletas de argila — é a chamada escrita cuneiforme. Descobriram-se milhares de tabule­tas na biblioteca de Assurbanipal em Ninive, conhecendo-se grande parte da história do Império Assírio a partir de sua leitura.

Os palácios de Nínive são cobertos de es­culturas em baixo-relevo, representando cenas de batalha e da vida dos assírios. Também por eles sabemos muito da história desse grande Império do passado
Pelo fato de ser uma área fértil cercada por desertos e terras áridas, a Mesopotâmia foi historicamente uma região de impérios de curta duração. Diversos povos lutaram nesse pedaço de terras férteis, os sumérios, os acádios, os guti, os elamitas, os amoritas. E novamente os acádios, os amoritas e os cassitas. Os cassitas anexaram o pequeno reino de Ashur, a Assíria.
Só que a Assíria reagiu e se tornou um grande império.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

João Goulart

Neste ano de 2004, o golpe militar de 1964 está completando 40 anos. Durante todo esse tempo foram produzidos vários trabalhos sobre a oposição militar e civil ao governo de João Goulart. Entretanto, sua própria trajetória como ator político, que o levou a ocupar o mais alto cargo da República, e sua atuação no período de exílio permaneceram temas obscuros, não merecendo maior atenção de estudiosos e pesquisadores.

Em março deste ano, por ocasião do 40º aniversário da instalação do regime militar no país, foram organizados seminários e palestras, surgiram publicações acadêmicas, circularam suplementos especiais da mídia voltados para a análise e discussão dos anos de chumbo da história contemporânea do Brasil e, neste contexto, Goulart voltou à cena. O mérito principal desse debate foi trazer para o campo historiográfico um personagem esquecido e de grande relevância para o entendimento das lutas pela construção da democracia no país.

No entanto, um balanço das contribuições apresentadas indica que as discussões apenas começaram. Primeiramente, os próprios condicionantes impostos pelo formato dos eventos, relacionados essencialmente ao regime militar, reservaram um lugar menos importante para Jango e seu governo. Apenas alguns temas e aspectos de sua trajetória foram objeto de exame, sendo ressaltados principalmente os impasses de seu governo, que levaram à sua deposição. Um entendimento mais completo de seu papel na história brasileira deve percorrer ainda uma ampla agenda de questões e estudos.

Este dossiê sobre a trajetória política de Jango, que o CPDOC agora apresenta, se insere no esforço constante do Centro para oferecer a um público amplo informações sobre a história contemporânea do Brasil e estimular novas pesquisas nessa área.
Como os demais dossiês já lançados, este trabalho, realizado sob a coordenação de Célia MariLeite Costa e de Suely Braga da Silva, é resultado de um esforço conjunto de todos os pesquisadores do CPDOC. A maioria dos documentos apresentados pertence igualmente ao acervo do Centro.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Teatro

O teatro barroco herdou os avanços renascentistas na construção de cenários com perspectivas ilusionísticas, o que estava ligado à revivescência da arquitetura clássica. Arquitetos como Vincenzo Scamozzi, Sebastiano Serlio, Bernardo Buontalenti e Baldassare Peruzzi haviam participado ativamente da concepção de cenários de impacto realista, seja através de painéis pintados, o que era mais comum, seja com construções realmente tridimensionais sobre os palcos, e pelo fim do século XVI a cenografia se tornara uma parte importante na representação teatral. Ao longo do século seguinte adquiriu relevo ainda maior, e como os cenários teatrais não estavam sujeitos às limitações da arquitetura real, desenvolveu-se uma linha de cenários altamente fantasiosos e bizarros, onde a imaginação encontrou um terreno livre para se manifestar.À medida que os cenários móveis se tornavam mais complexos, da mesma forma evoluíam as casas teatrais, até então construções temporárias ou de proporções modestas. O primeiro grande teatro permanente fora erguido em Florença em meados do século XVI, e no século seguinte vários outros apareceram. O primeiro proscênio permamente surgiu em 1618 no Teatro Farnese em Parma, sob a forma de uma derivação de um arco de triunfo. Fixos, limitavam a visão do público à regra da perspectiva central, que correspondia simbolicamente à visão do governante, um reflexo da ideologia absolutista.

Também herança do Renascimento foram a presença amiudada de motivos clássicos e a concepção da ação numa unidade de tempo e espaço, que havia sido definida por Aristóteles na Grécia Antiga. O resultado dessa regra foi a narrativa se desenvolver em um único local num mesmo dia, forçando a ação dentro destes limites rígidos. Essencialmente artificial, este tipo de teatro só encontrou apreciadores entre a elite italiana. Contudo, à medida que o Barroco progredia, estes parâmetros foram paulatinamente sendo abandonados, enquanto que na Inglaterra e Espanha, por exemplo, a tradição dos mistérios e paixões medievais continuava viva. No fim do século XVI nasceu um dos gêneros teatrais mais importantes, a ópera, que foi concebida inicialmente como uma ressurreição do drama clássico grego, mas logo se desenvolveu para tornar-se a súmula de todas as artes, envolvendo representação, dança, música e um complexo aparato cênico para a produção de efeitos especiais. Também reservada de início às elites, logo se tornou apreciada pelo povo, fazendo imenso sucesso em quase toda a Europa.
A despeito de sua rápida popularização e enorme prestígio entre a nobreza, chegando a deslocar o drama falado como o gênero favorito de teatro,a ópera como um gênero representativo enfrentava limitações sérias, além de ser regida por uma série de convenções. A dificuldade de se conseguir uma eficiência dramática com a ópera barroca derivava de vários fatores. Em primeiro lugar poucos cantores tinham verdadeiro talento como atores, e no mais das vezes sua presença em palco só se justificava pelas suas habilidades vocais. Em segundo, grande número de libretos era de baixa qualidade, tanto em termos de idéia como de forma, tendo seus textos reformados e adaptados infinitas vezes a partir de várias fontes, resultando em verdadeiros mosaicos literários. Em terceiro, a própria estrutura da ópera, fragmentada em uma longa sequência de trechos mais ou menos autônomos, as árias, coros e recitativos, entre os quais os cantores saíam e voltavam à cena várias vezes para receber aplausos, anulava qualquer senso de unidade de ação que mesmo um libreto excelente pudesse oferecer.As árias eram seções essencialmente estáticas, serviam acima de tudo para exibir o virtuosismo do cantor e faziam uma meditação altamente retórica, estilizada e formal sobre algum elemento da narrativa - cantavam um sentimento, planejavam uma ação, refletiam sobre algum acontecimento anterior, e assim por diante, mas não havia ação nenhuma. A trama era levada adiante somente nos recitativos, partes cantadas de uma forma próxima da fala, com acompanhamento instrumental reduzido a um mínimo. Os recitativos eram os trechos que o público considerava menos interessantes, vendo-os como necessários apenas para dar alguma unidade na frouxa e vaga coesão dramática da maioria dos libretos, e durante sua performance era comum que os espectadores se engajassem em conversas com seus vizinhos, bebessem e comessem, circulassem pelo teatro, enquanto esperavam a próxima ária. Destarte, as óperas da época podem bem ser consideradas peças de concerto com uma decoração visual luxuriante e apenas um esboço de ação cênica. No caso da França, porém, a situação era diferente. A ópera nacional francesa, chamada de tragédia lírica, como concebida pelo compositor Jean-Baptiste Lully e o libretista Philippe Quinault, tinha libretos de alta qualidade, uma perfeita adequação entre música e texto, e consistente desenvolvimento dramático, superando em popularidade os dramas falados até de Racine, que então estava no auge de sua carreira.
Karel Dujardins: Uma companhia de Commédia dell'Arte em um palco ao ar livre, 1657. Museu do Louvre
O Curral de Comédias em Almagro, um típico teatro espanhol do século XVII, em uso ininterrupto desde entãoDuas outras tendências influentes também floresceram no Barroco. A primeira foi a da Commedia dell'Arte, um gênero popular e cômico de características heterogêneas, derivado em parte dos jograis da Idade Média, das festividades e mascaradas populares espontâneas do Carnaval e do folclore. O gênero se estruturou na segunda metade do século XVI e se consolidou ao iniciar o século XVII, e em vez de se fixar somente no texto escrito dava amplo espaço para a improvisação. Mas longe de ser apenas um improviso, requeria um grande domínio da técnica representativa e um fino senso de ação em conjunto. Seus temas eram do cotidiano, ou faziam paródias de motivos consagrados pela tradição clássica, entremeando-os com exibições de malabarismo e canções populares. Vários dos personagens da Commedia dell'Arte eram tipos fixos, como Pierrot, Colombina, Arlequim, Polichinelo, reconhecíveis por máscaras e trajes característicos. Apresentavam-se nas ruas como grupos itinerantes, falando no dialeto local, mas também participavam de festas nobres. Algumas companhias alcançaram fama continental e inspiraram autores barrocos como Molière e Carlo Goldoni, como antes já haviam inspirado Shakespeare.

A outra tendência de vasta repercussão foi o teatro sacro desenvolvido pelos jesuítas, como parte de suas estratégias contra-reformistas. Embora mantendo traços do drama clássico na forma, na técnica e na linguagem, seus temas eram naturalmente religiosos e seu propósito, declaradamente doutrinário. O drama jesuítico foi muito cultivado em todos os colégios mantidos pelos padres, e se tornou parte integral da empreitada missionária pela América e Oriente, adaptando-se a costumes locais e incorporando as inovações na arte dramática profana. Seu estilo teve uma influência também na obra de Pierre Corneille, Molière e Goldoni. Embora esse teatro não tenha chegado às regiões protestantes, pelo menos na Inglaterra exerceu influência no teatro estudantil cômico e na representação de dramas sacros no Natal.Por outro lado, na Espanha foi recebido com entusiasmo, fundindo-se à já grande tradição dos autos sacramentais que tivera origem na Idade Média. Os autos espanhóis se tornaram então obras de arte erudita, estando entre os principais gêneros dramáticos da Espanha barroca, e alguns foram produzidos pelos melhores poetas do Século de Ouro. Paralelamente a Espanha desenvolveu um teatro profano de particular vigor e sucesso de público, com um estilo passional, romântico e lírico, tratando de uma multiplicidade de temas, mas geralmente envolvendo o amor e a honra, num tratamento realista e vivaz. Lope de Vega, Tirso de Molina e Calderón de la Barca estão entre seus grandes expoentes.

A França, que no século XVI tinha um teatro pobre, no século XVII se tornou um dos maiores centros europeus, formando uma forte escola nacional de tendência classicista, em temas sérios e cômicos, com representantes notáveis em Racine, Corneille e Molière. Na Inglaterra já havia uma sólida tradição de teatro profano desde o tempo de Elisabeth I, de modo que os ingleses puderam assimilar inovações italianas sem perder sua individualidade. Preocuparam-se com a unidade dramática e estabeleceram uma distinção mais clara entre comédia e drama do que aquela praticada no teatro elisabetano, quando a tragicomédia se tornara favorita da aristocracia, com bons representantes em John Fletcher e Francis Beaumont. As peças de Fletcher conheceram grande popularidade até passada a metade do século XVII, ultrapassando as de Shakespeare e explorando o romance, a honra, a surpesa e o suspense às expensas da caracterização dos personagens. Ao mesmo tempo se popularizaram o gênero da pastoral, um idílio mitológico ambientado no campo, que dava margem ao uso de recursos cênicos espetaculosos, e o da mascarada, combinando música, poesia, dança e cenários e figurinos extravagantes inspirados na Itália. A associação do arquiteto Inigo Jones como cenógrafo com o libretista Ben Johnson produziu algumas das mais refinadas mascaradas inglesas. Na Guerra Civil os teatros profanos foram fechados, e em sua reabertura dezoito anos depois a tradição de teatro profano estava completamente transformada, voltando-se para as comédias de costumes e reservado às elites, com uma qualidade geral mais baixa. Uma tentativa de elevar novamente o nível do teatro inglês foi feita por John Dryden, criando peças heróicas. Os ingleses foram ainda os responsáveis pela reativação do teatro germânico, que fora muito prejudicado pelas guerras, através da presença de companhias itinerantes, até que a influência italiana começou a predominar no final do século XVII, quando a qualidade geral do teatro europeu sofreu sensível declínio, somente restaurado no século XVIII, especialmente com peças de conteúdo burguês ou satirico.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Arte Moderna

Arte Moderna é o termo genérico usado para designar a maior parte da produção artística do fim do século XIX até meados dos anos 1970 (embora não haja consenso sobre essas datas e alguns de seus traços distintivos[1]), enquanto que a produção mais recente da arte é chamada frequentemente de arte contemporânea (alguns preferem chamar de arte pós-moderna). É uma forma de pintura e escultura que surgiu nos fins do século passado, reagindo contra as obras clássicas. Os primeiros pintores modernos foram os impressionistas, que escolhiam cenas de exteriores, pessoas humildes, paisagens, etc. como seus temas. Depois deles surgiram outros movimentos de arte moderna, sempre inovando e criando novas maneiras de expressar-se. As cores vivas e as figuras deformadas (para exprimir sofri­mento), os cubos e as cenas sem lógica, são recursos que os modernistas usam para criar uma pintura livre dos modelos antigos.

Foi muito difícil para esses artistas serem aceitos, pois os críticos não aceitavam as novidades. Com o tempo, porém, foram aumentando as exposições, e o público passou a aceitar e entender os modernistas, admirando suas obras. Fazem-se exposições em muitos lugares, e em São Paulo há o Museu de Arte Moderna, com mostras regulares, assim co­mo as Bienais, e outras iniciativas para estimular o artista moderno.
A arte moderna se refere a uma nova abordagem da arte em um momento no qual não mais era importante que ela representasse literalmente um assunto ou objeto (através da pintura e da escultura) -- o advento da fotografia fez com que houvesse uma diminuição drástica na demanda por certos meios artísticos tradicionais, a pintura especialmente. Ao invés disso, e é aí que a idéia de moderno começa a tomar forma, os artistas passam a experimentar novas visões, através de idéias inéditas sobre a natureza, os materiais e as funções da arte, e com freqüência caminhando em direção à abstração. A noção de arte moderna está estreitamente relacionada com o modernismo.

Durante as primeiras décadas, a arte moderna foi um fenómeno exclusivamente europeu. As primeiras sementes de idéias modernas vieram nas artes vieram dos artistas do romântico, como Charles Baudelaire, e do realistas. Em seguida, representantes do impressionismo e pós-impressionismo experimentaram começando com as maneiras novas de representar a luz e o espaço através da cor e da pintura. Nos anos pré-I Guerra Mundial do século XX, uma explosão criativa ocorreu com fauvismo, cubismo, expressionismo e futurismo.

I Guerra Mundial trouxe um fim a esta fase, mas indicou o começo de um número de movimentos anti-arte, como dada e o trabalho de Marcel Duchamp, e do surrealismo. Também, os grupos de artistas como de Stijl e Bauhaus eram seminal no desenvolvimento de idéias novas sobre o interrelação das artes, da arquitetura, do projeto e da instrução da arte. fresco Arte moderna foi introduzida na América durante a I Guerra Mundial quando um número de artistas de Montmartre e Montparnasse bairros de Paris, França fugiram da guerra. Francis Picabia (1879–1954), foi o responsável de trazer a Arte Moderna para a cidade de Nova York. Foi somente após a II Guerra Mundial, no entanto, que os EUA se transformaram no ponto focal de novos movimentos artísticos. As décadas de 1950 e 1960 viram emergir o expressionismo, Surrealismo, concretismo, cubismo, fauvismo, futurismo, Arte cinética, realismo social, abstracionismo,Primitivismo(Arte Ingênua)]], pop art, op art e arte mínima. Entre 1960 e 1970, a arte da terra, a arte do desempenho, a arte conceitual e Fotorealismo emergiram.

Em torno desse período, um número artistas e de arquitetos começaram a rejeitar a idéia de "o moderno" e criou tipicamente trabalhos pós-modernos. Partindo do período pós-guerra, poucos artistas usaram pintura como seu meio preliminar. Toda a produção do surgimento das personalidades artísticas do século vinte precisa ser condensada e reavaliada paradigmaticamente para o século vinte e um pois surge gradativamente um novo ramo de potencialização da expressão artística humana que deverá ser classificado oficialmente em breve tendo seus defensores iniciais reconhecidos.

Características da Arte Neo-Moderna ou Neo-Pós-Moderna:
Valorização dos elementos da cultura locais e regionais. Compreensão da instância da liberdade civil humano-adâmica proporcionada pela cultura. Independência do homem em relação à ignorância. Entendimento da profundidade da aplicação da justiça e da sua intuitiva necessidade. Paradigma multi-racial. Pacifismo político e na originalidade valorização de todas as instâncias originais promotoras da harmonia pacífica em nome da tradicionalidade. Identificação da expressão universal na intrinsecidade significativa da obra artística individual. Consciencialidade sobre a origem científica do homem no Universo. Expressão da esotericidade e da religiosidade dentro de um mesmo paradigma multisignificativo e multiadaptável em harmonia.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ditadura

O que é ditadura e características

Ditadura é uma forma de governo em que o governante (presidente, rei, primeiro ministro) exerce seu poder sem respeitar a democracia, ou seja, governa de acordo com suas vontades ou com as do grupo político ao qual pertence.

Na ditadura não a respeito à divisão dos poderes (executivo, legislativo e judiciário). O ditador costuma exercer os três poderes.

Para evitar oposição, as ditaduras costumam proibir ou controlar os partidos políticos. Outras táticas ditatoriais envolvem a prisão de opositores políticos, censura aos meios de comunicação, controle dos sindicatos, proibição de manifestações públicas de oposição e supressão dos direitos civis.

Os governos ditatoriais costumam apoiar seu poder no uso das forças armadas.

Entre os anos de 1964 e 1985, o Brasil foi governado por uma forma de governo deste tipo. Sem eleições diretas para presidente da república, vários militares se alternaram no poder.

sábado, 3 de maio de 2008

História de Altamira

A origem do município de Altamira está relacionada com o pioneirismo da presença dos missionários da Companhia de Jesus no rio Xingu, antes de 1750. Após ao vencerem, por terra, a Volta Grande daquele rio, os jesuítas introduziram os primeiros traços de civilização naquela região. Na margem esquerda do rio Xingu, acima da foz do rio Ambé, fundaram uma missão religiosa. Fazendo ligação entre essa missão e a localidade de Cachoeira, no rio Tucuruí havia uma estrada primitiva, que desempenharia um papel importante na história de Altamira.

Após a expulsão dos jesuítas, esta estrada ficou praticamente abandonada e foi posteriormente reconstruída, em 1868, pelos, Capuchos da Piedade, dos frades Ludovico e Carmelo de Mazzarino, com índios das tribos Tacuúba, Penes e Jurunas, aos quais depois se juntaram os índios das tribos Achipaiás, Curiarias, Araras e Carajás. Ao se instalarem na antiga missão dos jesuítas, os Capuchinhos reergueram-na e, contando com um número maior de índios de diferentes tribos, promoveram o seu crescimento e desenvolvimento.

A partir dessa missão dos capuchinhos estabeleceram-se os fundamentos de um povoamento que, transformou-se no povoado de Altamira, mais tarde vila de Altamira. Não se sabe, entretanto, a data precisa em que o povoado foi fundado. Pela tradição deixada pelos capuchinhos, o major Leocádio de Souza, viu a possibilidade de reconstruir o caminho, não mais de Cachoeira, porém, da foz do rio Tucuruí até o povoado de Altamira e, neste sentido, organizou uma destacada expedição para efetuar o seu definitivo reconhecimento. Como não obteve êxito, posteriormente, em 1880, o coronel Gaiôso retomou a empreitada, com um grande número de escravos de sua propriedade, abrindo um pico da foz do rio Joá à embocadura do rio Ambé, iniciando a construção de uma boa estrada de rodagem, que ficou paralisada e perdida em conseqüência da Lei Áurea de 13 de maio de 1888, que o privou de sua escravaria. O baiano Agrário Cavalcante resolveu continuar a tarefa, na parte relativa à abertura da estrada para o Ambé, não conseguindo porém ver seus esforços coroados de resultados, uma vez que veio a falecer.

Seu sobrinho José Porfírio de Miranda Júnior concluiu definitivamente a grande via e adquiriu a sua propriedade. Essa estrada foi um elemento importante de prosperidade de Altamira. Em face da Lei n.º 811, de 14 de abril de 1874, foi criado o município de Souzel, incluindo no seu território o povoado de Altamira. Devido à sua grande extensão, Souzel (o maior Município do Estado do Pará) necessitava de uma divisão administrativa, bem como se fazia necessário o estabelecimento de um Governo Municipal, no alto Xingu, que era uma região mais desenvolvida do que o baixo Xingu. Com isso, Souzel foi desmenbrado, dando origem ao município de Xingu, incorporando Altamira, que passou a sede do novo Município. Pelo Decreto Legislativo nº 1.234 de 6 de novembro de 1911, o poder público, resolveu criar o município de Altamira, passando o Souzel a ser distrito desse novo Município.

Fixando, o Decreto nº 1852 de 29 do mesmo ano, para o dia primeiro de janeiro do ano seguinte, a sua instalação. A cidade de Altamira recebeu esse título pela Lei nº 1604 de 27 de setembro de 1917, ao mesmo tempo que transferiu para ali a sede da comarca do Xingu. Os Decretos Estaduais de números 6 de 4 de novembro de 1930 e 72 de 27 de dezembro do mesmo ano mantiveram o município de Altamira. Pelo dispositivo da Lei Estadual de nº 8 , de 31 de outubro de 1935, que menciona todos os municípios existentes no Pará, manteve o denominado Xingu, compreendendo o território do antigo município de Altamira e a subprefeitura do Xingu, sede na cidade de Altamira.
No quadro da divisão territorial, datado de 31 de dezembro de 1936, o município de Xingu, ainda com sede em Altamira, compunha-se de onze distritos: Altamira, Novo Horizonte, São Félix, Porto de Moz, Tapará, Vilarinho, do Monte, Veiros, Aquiqui, Souzel e Alto Xingu.

Conforme disposto no Decreto-Lei nº 2.972 de 31 de março de 1938, o município de Xingu teve seu nome alterado para Altamira, o qual estava integrado por dois distritos: Altamira e Novo Horizonte. Segundo a divisão territorial estabelecida pelo Decreto-Lei nº 3.131 de 31 de outubro de 1938, para o período 1939-43, o município de Altamira apresentava-se constituído pelo distrito sede, dividido em duas zonas, sendo a primeira: Altamira e Iriri Curuá e a Segunda: Novo Horizonte e São Félix. Pela divisão estabelecida pelo Decreto nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943, para o período de 1944-48,o Município compunha-se de dois distritos: Altamira e o de Gradaús, antigo Novo Horizonte.

Em 1955 houve uma primeira tentativa de desmembramento do seu território para constituir os municípios de São Félix do Xingu e Souzel, mas o Supremo Tribunal Federal a considerou inconstitucional. O governo do Estado do Pará, em janeiro de 1956, tornou insubsistente tal desmembramento. Porém, em 1961, através da Lei nº 2.460 de 29 de dezembro, durante o governo de Aurélio Corrêa do Carmo, o município de Altamira foi desmembrado para reconstituir o município de Souzel, com o nome de Senador José Porfírio e criar o município de São Félix do Xingu.

Em 1991, teve novamente seu teritório desmembrado para dar origem, juntamente com parte dos territórios de Medicilândia e Porto de Moz, ao município de Brasil Novo. Também deu origem ao município de Vitória do Xingu, desanexando parte do seu território e dos municípios de Senador José Porfírio e Porto de Moz, perdendo assim o distrito de Gradaús.
Atualmente, é integrado pelo distrito de Castelo de Sonhos.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Futebol desafiou princípios do governo de Getúlio Vargas

governo de Getúlio Vargas em usá-lo como instrumento político. A historiadora Melina Pardini lembra que, apesar de o Estado Novo – período de 1937 a 1945, em que Vargas impôs um governo autoritário – tentar concretizar o seu projeto de construir uma nação ordenada e disciplinada com o futebol, havia muitos aspectos do esporte que afrontavam esse plano. No estudo de mestrado "A Narrativa da Ordem e a Voz da Multidão: Futebol na Imprensa durante o Estado Novo", apresentado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Melina relata que, para o governo da época passar sua ideologia através do futebol, utilizava alguns métodos bem eficazes. Um deles era pelo controle da mídia: “Nessa empreitada de moldar o futebol de acordo com os princípios estadonovistas, os jornais também representavam a massa torcedora como um conjunto harmônico, sem conflitos e individualismos.”
De acordo com a pesquisadora, no Estado Novo havia outra concepção, outro estilo: um futebol ordenado, disciplinado e coletivo. “Houve um esforço para consolidar o futebol como esporte nacional e instrumento político, já que isso poderia ajudar a concretizar o projeto de construir uma nação ordenada e disciplinada”, conta. “Mas existe um estilo brasileiro de jogar, individualista e que preza a malemolência, a malandragem. Um estilo libertário e individualista.”

E esse estilo libertário que se sobrepôs ao estilo disciplinado ficou mais evidenciado por Leônidas da Silva, também conhecido como Diamante Negro. “O craque do momento era um negro, que era malandro e com um jogo totalmente individualista. Essas características de Leônidas minavam três valores do Estado Novo: a superioridade do homem branco, a disciplina e a coletividade.” A historiadora destaca que Leônidas conseguia passar uma imagem oposta da que o governo getulista queria. Além de ser um grande craque, ele era idolatrado pela população, principalmente a de baixa renda. O governo até tentava, pelo controle da imprensa, alterar a imagem do jogador, como ao afirmar que ele era um “mestiço a serviço da nação”, mas a população “valorizava o lado descompromissado e brincalhão dele.”

O estudo, que foi orientado pelo professor Flávio de Campos, do Departamento de História da FFLCH, aponta ainda outros artifícios de controle do Estado Novo. Ela cita a propaganda política de Vargas com a inauguração estádio do Pacaembu, em 1940, na qual a imagem do presidente era diretamente relacionada com a com a construção do estádio. Outro artifício marcante do Estado Novo foi com a copa de 1938. De acordo com a pesquisa, foi a primeira vez que o País teve de fato uma seleção nacional, visto que antes praticamente só escalavam jogadores do Rio de Janeiro. Devido à “preocupação com a unidade nacional”, diz a historiadora. “O governo propiciou a criação de uma seleção com os melhores jogadores para promover o futebol brasileiro no exterior.” Apesar dos esforços do governo, a própria população brasileira indiretamente se manifestava contra a ideologia deste pelo esporte. A valorização do estilo individualista foi uma dessas marcas. Melina também destaca a disputa regional que havia na época entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

Segundo a pesquisadora, a rivalidade entre os estados para decidir quem era melhor no futebol era tão grande que até os jornais na época trocavam ofensas quando havia jogo entre um time do Rio e outro de São Paulo. “Essa rivalidade acabava prejudicando a idéia de união nacional do Estado Novo”, diz Melina. A pesquisa teve como base de documentação três jornais de grande circulação, um de São Paulo (Correio Paulistano) e dois do Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, de 1937 a 1941, e Jornal do Comércio, de 1942 a 1945), mais dois jornais esportivos, também um de São Paulo e um do Rio (respectivamente, Gazeta Esportiva e Jornal do Esporte). Melina analisou todas as publicações desses jornais da época estudada.

domingo, 27 de abril de 2008

História das copas em exposição no Memorial de Curitiba

Uma parte da história de todas as Copas do Mundo, desde 1930, com destaque para os cinco títulos mundiais conquistados pelo Brasil: 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, é o que mostra a exposição A Pátria de Chuteiras, que acontece no Memorial de Curitiba até o dia 18 de julho. A exposição veio para a capital numa parceria entre Prefeitura de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, Fundação Cafu e Associação dos Campeões Mundiais.
Entre as atrações da exposição estão a camisa 100% Jardim Irene, que Cafu usou na final da Copa do Mundo de 2002; a camisa da Itália que Roberto Baggio usou quando perdeu o pênalti na final da Copa de 94, contra o Brasil; as chuteiras usadas por Puskas na Copa de 54; a camisa usada por Beckenbauer em 70; camisas usadas por Pelé e Maradona, chuteiras de Robinho, Kaká, Lucio e Luis Fabiano. Na mostra também estão fotos, vídeos e outros objetos como a miniatura da Taça Jules Rimet entregue a cada um dos campeões da copa de 1970.

Interesse - A Pátria de Chuteiras movimentou o setor histórico da cidade nesta terça-feira (25), primeiro dia de visitação da mostra. Quem passou pelo espaço, gostou do que viu. Guiomar Prulik, 54 anos, acompanha a Seleção Brasileira desde a Copa do Mundo de 70 e ficou emocionado ao ver de perto camisas históricas de Copas do Mundo, o que só viu pela televisão. "Como brasileiro, é um prazer estar presenciando essa história. E é difícil ver algo assim e, principalmente, de graça", afirma Guiomar. A camisa amarela do Brasil usada na Copa de 94, no jogo entre Brasil e Itália, encantou Saul Felipe, 18 anos. "É uma exposição diferente, não a mesma coisa de sempre. É muito legal ver essas camisas antigas. Sinto que fiquei um pouco mais perto dos meus ídolos do futebol. É um pouco deles que está aqui", afirmou Saul.

Lívia Maria Lopes aproveitou uma folga no trabalho e foi visitar a exposição. Apesar de não acompanhar o dia a dia do futebol brasileiro, no período de Copa do Mundo faz um esforço para assistir aos jogos do Brasil, Inglaterra, Alemanha e Argentina. "Normalmente, a gente vê exposições de arte e essa aqui é sobre um esporte e com um enfoque histórico. Achei a exposição diferente e muito legal", afirmou. Lívia adorou as camisas antigas. "Quando olhamos pra elas, podemos ver que elas têm uma história, podemos sentir a energia que vem das camisas, pensar o que os jogadores estavam passando durante o jogo", Decoração- Curitiba se enfeitou para receber a Seleção Brasileira, que deixou a cidade nesta na manhã desta quarta-feira (26), e acompanhar os jogos da Copa da África do Sul. O calçadão da Rua XV foi decorado com lanternas verdes e amarelas e flâmulas nos 141 postes da rua relembrando os anos que o Brasil foi campeão. Todas as flores do calçadão foram substituídas por flores amarelas.

A Praça Osório ganhou uma estátua de um jogador feita de recorte de chapa de aço. Ao lado, uma calçada de mármore, com os nomes dos jogadores que ganharam os cinco mundiais. Para a Copa, haverá telão na praça para transmissão dos jogos. O chafariz da Praça Santos Andrade foi pintado artisticamente, de forma a lembrar a bandeira do Brasil. As luzes da estufa do Jardim Botânico estão em verde e amarelo. O Bondinho da XV também foi decorado em verde e amarelo e as caricaturas dos jogadores foram estampadas nas janelas. A pintura no chamou a atenção de Eloísa Souza, que passeava com a neta Briana pelo calçadão. "Achei que ficou muito legal. Estou tentando descobrir quem é cada jogador, mas por enquanto só adivinhei dois", brincou Briana. "Com certeza voltaremos aqui para tirar algumas fotos", afirmou Eloísa. As crianças João Guilherme e Julia Fernanda também estavam animadas com o tema da Copa no Bondinho. E não perderam tempo em tirar diversas fotos. "Gostei. Ficou muito bonito", disse Julia.

domingo, 6 de abril de 2008

Vinda da Família Real para o Brasil

A Independência do Brasil é um dos fatos históricos mais importantes de nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. Muitas tentativas anteriores ocorreram e muitas pessoas morreram na luta por este ideal. Podemos citar o caso mais conhecido: Tiradentes. Foi executado pela coroa portuguesa por defender a liberdade de nosso país, durante o processo da Inconfidência Mineira.

Dia do Fico

Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I recebeu uma carta das cortes de Lisboa, exigindo seu retorno para Portugal. Há tempos os portugueses insistiam nesta idéia, pois pretendiam recolonizar o Brasil e a presença de D. Pedro impedia este ideal. Porém, D. Pedro respondeu negativamente aos chamados de Portugal e proclamou : "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico."

O processo de independência

Após o Dia do Fico, D. Pedro tomou uma série de medidas que desagradaram a metrópole, pois preparavam caminho para a independência do Brasil. D. Pedro convocou uma Assembléia Constituinte, organizou a Marinha de Guerra, obrigou as tropas de Portugal a voltarem para o reino. Determinou também que nenhuma lei de Portugal seria colocada em vigor sem o " cumpra-se ", ou seja, sem a sua aprovação. Além disso, o futuro imperador do Brasil, conclamava o povo a lutar pela independência.

O príncipe fez uma rápida viagem à Minas Gerais e a São Paulo para acalmar setores da sociedade que estavam preocupados com os últimos acontecimento, pois acreditavam que tudo isto poderia ocasionar uma desestabilização social. Durante a viagem, D. Pedro recebeu uma nova carta de Portugal que anulava a Assembléia Constituinte e exigia a volta imediata dele para a metrópole.

Estas notícias chegaram as mãos de D. Pedro quando este estava em viagem de Santos para São Paulo. Próximo ao riacho do Ipiranga, levantou a espada e gritou : " Independência ou Morte !". Este fato ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 e marcou a Independência do Brasil. No mês de dezembro de 1822, D. Pedro foi declarado imperador do Brasil.

Pós Independência

Os primeiros países que reconheceram a independência do Brasil foram os Estados Unidos e o México. Portugal exigiu do Brasil o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas para reconhecer a independência de sua ex-colônia. Sem este dinheiro, D. Pedro recorreu a um empréstimo da Inglaterra.

Embora tenha sido de grande valor, este fato histórico não provocou rupturas sociais no Brasil. O povo mais pobre se quer acompanhou ou entendeu o significado da independência. A estrutura agrária continuou a mesma, a escravidão se manteve e a distribuição de renda continuou desigual. A elite agrária, que deu suporte D. Pedro I, foi a camada que mais se beneficiou.

O Primeiro Reinado é a fase da História do Brasil que corresponde ao governo de D. Pedro I. Tem início em 7 de setembro de 1822, com a Independência do Brasil e termina em 7 de abril de 1831, com a abdicação de D. Pedro I.

O governo de D. Pedro I enfrentou muitas dificuldades para consolidar a independência, pois no Primeiro Reinado ocorrem muitas revoltas regionais, oposições políticas internas.



Reações ao processo de Independência

Em algumas províncias do Norte e Nordeste do Brasil, militares e políticos, ligados a Portugal, não queriam reconhecer o novo governo de D. Pedro I. Nestas regiões ocorreram muitos protestos e reações políticas. Nas províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí e Bahia ocorreram conflitos armados entre tropas locais e oficiais.

Constituição de 1824

Em 1823, durante a elaboração da primeira Constituição brasileira, os políticos tentaram limitar os poderes do imperador. Foi uma reação política a forma autoritária de governar do imperador. Neste mesmo ano, o imperador, insatisfeito com a Assembléia Constituinte, ordenou que as forças armadas fechassem a Assembléia. Alguns deputados foram presos.

D.Pedro I escolheu dez pessoas de sua confiança para elaborar a nova Constituição. Esta foi outorgada em 25 de março de 1824 e apresentou todos os interesses autoritários do imperador. Além de definir os três poderes (legislativo, executivo e judiciário), criou o poder Moderador, exclusivo do imperador, que lhe concedia diversos poderes políticos.

A Constituição de 1824 também definiu leis para o processo eleitoral no país. De acordo com ela, só poderiam votar os grandes proprietários de terras, do sexo masculino e com mais de 25 anos. Para ser candidato também era necessário comprovar alta renda (400.000 réis por ano para deputado federal e 800.000 réis para senador).

Guerra da Cisplatina

Este foi outro fato que contribuiu para aumentar o descontentamento e a oposição ao governo de D.Pedro I. Entre 1825 e 1828, o Brasil se envolveu na Guerra da Cisplatina, conflito pelo qual esta província brasileira (atual Uruguai) reivindicava a independência. A guerra gerou muitas mortes e gastos financeiros para o império. Derrotado, o Brasil teve que reconhecer a independência da Cisplatina que passou a se chamar República Oriental do Uruguai.

Confederação do Equador

As províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará formaram, em 1824 a Confederação do Equador. Era a tentativa de criar um estado independente e autônomo do governo central. A insatisfação popular com as condições sociais do país e o descontentamento político da classe média e fazendeiros da região com o autoritarismo de D.Pedro I foram as principais causas deste movimento.

Em 1824, Manuel de Carvalho Pais de Andrade tornou-se líder do movimento separatista e declarou guerra ao governo imperial.

O governo central reagiu rapidamente e com todos as forças contra as províncias separatistas. Muitos revoltosos foram presos, sendo que dezenove foram condenados a morte. A confederação foi desfeita, porém a insatisfação com o governo de D.Pedro I só aumentou.

Desgaste e crise do governo de D.Pedro I

Nove anos após a Independência do Brasil, a governo de D.Pedro I estava extremamente desgastado. O descontentamento popular com a situação social do país era grande. O autoritarismo do imperador deixava grande parte da elite política descontente. A derrota na Guerra da Cisplatina só gerou prejuízos financeiros e sofrimento para as famílias dos soldados mortos. Além disso, as revoltas e movimentos sociais de oposição foram desgastando, aos poucos, o governo imperial.

Outro fato que pesou contra o imperador foi o assassinato do jornalista Libero Badaró. Forte crítico do governo imperial, Badaró foi assassinado no final de 1830. A polícia não encontrou o assassino, porém a desconfiança popular caiu sobre homens ligados ao governo imperial.

Em março de 1831, após retornar de Minas Gerais, D.Pedro I foi recebido no Rio de Janeiro com atos de protestos de opositores. Alguns mais exaltados chegaram a jogar garrafas no imperador, conflito que ficou conhecido como “A Noite das Garrafadas”. Os comerciantes portugueses, que apoiavam D.Pedro I entraram em conflitos de rua com os opositores.

Abdicação

Sentindo a forte oposição ao seu governo e o crescente descontentamento popular, D.Pedro percebeu que não tinha mais autoridade e forças políticas para se manter no poder.

Em 7 de abril de 1831, D.Pedro I abdicou em favor de seu filho Pedro de Alcântara, então com apenas 5 anos de idade. Logo ao deixar o poder viajou para a Europa.D. Pedro I foi o primeiro imperador do Brasil. Seu nome completo era Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.

Biografia e reinado

Nasceu na cidade portuguesa de Queluz em 12 de outubro de 1798. Chegou ao Brasil em 1808, com 9 anos de idade, em companhia da mãe, D. Carlota Joaquina, e do pai, D. João VI de Portugal.

Desde criança apresentou forte espírito de liderança. Quando, aos 22 anos, assumiu o governo brasileiro na condição de príncipe regente, agiu como brasileiro visando aos interesses de nosso povo. Também por este motivo, decidiu ficar no Brasil quando a corte portuguesa o chamou de volta a Portugal. Nessa ocasião, conhecida como Dia do Fico (9 de janeiro de 1822), ele demonstrou seu grande amor pelo Brasil, levando-o a proclamar a nossa independência em 7 de Setembro de 1822.

Foi imperador do Brasil entre 1822 e 1831. D.Pedro foi o principal responsável pela consolidação da independência brasileira, embora tenha tido um governo bastante tumultuado em função das revoltas e conflitos ocorridos no Brasil durante seu reinado.

D.Pedro I foi o soberano que abdicou a duas coroas. Herdou do pai a coroa portuguesa, porém renunciou-a em favor da filha, D. Maria da Glória. Para terminar com as lutas entre brasileiros e portugueses e com os conflitos no Brasil, renunciou a coroa brasileira, passando-a ao filho, Pedro de Alcântara, que seria D.Pedro II.

Em Portugal, sua filha, D.Maria da Glória, encontrava-se com problemas na corte, pois seu tio, D.Miguel, tentava apossar-se do trono português. Pedro I correu em socorro da filha, afastando D.Miguel de suas pretensões políticas.

Aos 36 anos de idade, contraiu tuberculose, doença fatal na época. Faleceu em sua cidade natal em 24 de setembro de 1834.
Em janeiro de 1808, Portugal estava preste a ser invadido pelas tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte. Sem condições militares para enfrentar os franceses, o príncipe regente de Portugal, D. João, resolveu transferir a corte portuguesa para sua mais importante colônia, o Brasil. Contou, neste empreendimento, com a ajuda dos aliados ingleses.

Chegada da família real ao Brasil

Nos quatorze navios, além da família real, vieram centenas de funcionários, criados, assessores e pessoas ligadas à corte portuguesa. Trouxeram também muito dinheiro, obras de arte, documentos, livros, bens pessoais e outros objetos de valor.

Após uma forte tempestade, alguns navios foram parar em Salvador e outros na cidade do Rio de Janeiro. Em março de 1808, a corte portuguesa foi instalada no Rio de Janeiro. Muitos moradores, sob ordem de D. João, foram despejados para que os imóveis fossem usados pelos funcionários do governo. Este fato gerou, num primeiro momento, muita insatisfação e transtorno na população da capital brasileira.

No ano de 1818, a mãe de D. João, D. Maria I, faleceu e D. João tornou-se rei. Passou a ser chamado de D. João VI, rei do Reino Unido a Portugal e Algarves.

Abertura dos portos às nações amigas

Uma das principais medidas tomadas por D. João foi abrir o comércio brasileiro aos países amigos de Portugal. A principal beneficiada com a medida foi à Inglaterra, que passou a ter vantagens comerciais e dominar o comércio com o Brasil. Os produtos ingleses chegavam ao Brasil com impostos de 15%, enquanto de outros países deveriam pagar 24%. Este privilégio fez com que nosso país fosse inundado por produtos ingleses. Esta medida acabou prejudicando o desenvolvimento da indústria brasileira.


Do ponto de vista cultural, o Brasil também saiu ganhando com algumas medidas tomadas por D. João. O rei trouxe a Missão Francesa para o Brasil, estimulando o desenvolvimento das artes em nosso país. Criou o Museu Nacional, a Biblioteca Real, a Escola Real de Artes e o Observatório Astronômico. Vários cursos foram criados (agricultura, cirurgia, química, desenho técnico, etc) nos estados da Bahia e Rio de Janeiro.

Retorno de D. João para Portugal

Os franceses ficaram em Portugal durante poucos meses, pois o exército inglês conseguiu derrotar as tropas de Napoleão. O povo português passou a exigir o retorno do rei que se encontrava no Brasil. Em 1820, ocorreu a Revolução do Porto, sendo que os revolucionários vitoriosos passaram a exigir o retorno de D. João VI para Portugal e a aprovação de uma Constituição. Pressionado pelos portugueses, D. João VI resolveu voltar para Portugal, em abril de 1821. Deixou em seu lugar, no Brasil, o filho D. Pedro como príncipe regente.

Pouco tempo depois, D. Pedro tornou-se imperador, após o processo de Independência do Brasil (7 de setembro de 1822).

Argentina recua e abranda restrição a alimento importado

gradualmente a flexibilizar a medida de restringir a entrada de alimentos não frescos que façam concorrência com similares argentinos.
A polêmica ordem para a aplicação da proibição - emitida há duas semanas pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, famoso por seu estilo truculento, e que entraria em vigência dia 1 de junho - teve seu primeiro revés neste fim de semana, com a liberação de seis caminhões provenientes do Brasil carregados com milho em lata, frango e produtos elaborados com carne suína na alfândega de Paso de los Libres, na fronteira com a brasileira Uruguaiana (RS). Os caminhões ficaram três dias retidos na fronteira dos dois países.

Além de ser um sinal de apaziguamento para o Brasil - que havia indicado a possibilidade de retaliações contra a Argentina -, o leve recuo também pretende acalmar a tensão crescente com a União Europeia (UE). Na quinta-feira, a delegação da UE em Buenos Aires emitiu um protesto enfático contra a ordem verbal de Moreno. Embaixadores europeus indicaram que seus governos poderiam adotar retaliações contra produtos argentinos. Para a União Europeia, "tais restrições, se forem concretizadas, seriam incompatíveis com as normas da OMC (Organização Mundial do Comércio) e com os compromissos assumidos pela Argentina no marco do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo)." Os governos de outros sócios do Mercosul - Paraguai e Uruguai - também protestaram contra a medida controvertida.

sábado, 5 de abril de 2008

História do Brasil República

Política dos Governadores
Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma troca de favores políticos entre governadores e presidente. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos davam suporte a candidatura presidencial e também durante a época do governo.

O coronelismo
A figura do "coronel" era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, em que o coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo a violência para que os eleitores de seu "curral eleitoral" votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O coronel também utilizava outros "recursos" para conseguir seus objetivos políticos, tais como: compra de votos, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência.

O Convênio de Taubaté
Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.

A crise da República Velha e o Golpe de 1930
Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM. Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, a sucessão, rompendo com o café-com-leite. Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Liberal ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas.
Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.

Galeria dos Presidente da República Velha : Marechal Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 23/11/1891), Marechal Floriano Peixoto (23/11/1891 a 15/11/1894), Prudente Moraes (15/11/1894 a 15/11/1898), Campos Salles (15/11/1898 a 15/11/1902) , Rodrigues Alves (15/11/1902 a 15/11/1906), Affonso Penna (15/11/1906 a 14/06/1909), Nilo Peçanha (14/06/1909 a 15/11/1910), Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910 a 15/11/1914), Wenceslau Bráz (15/11/1914 a 15/11/1918), Delfim Moreira da Costa Ribeiro (15/11/1918 a 27/07/1919), Epitácio Pessoa (28/07/1919 a 15/11/1922),
Artur Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926), Washington Luiz (15/11/1926 a 24/10/1930).

sábado, 15 de março de 2008

Ditadura Militar no Brasil

Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.

O golpe militar de 1964

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.

Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.

No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil ( Rio de Janeiro ), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.

Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.

O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este, cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.

GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)

Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.

Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar.
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares.

O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.

GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)

Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.

Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar.
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e seqüestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada.

No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 ( AI-5 ). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.

história do brasil - ditadura militar Passeata contra a ditadura militar no Brasil

GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)

Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).

Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN seqüestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva".

No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.

GOVERNO MEDICI (1969-1974)

Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Medici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como " anos de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repressão do governo militar.

Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.

O Milagre Econômico

Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de infra-estrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.

Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil.

GOVERNO GEISEL (1974-1979)

Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos internacionais diminuem.

Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.

Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante.

Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.

GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)

A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.

Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores ( PT ) e o Partido Democrático Trabalhista ( PDT ).

A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já

Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Roda viva

"Roda Viva" evoca, talvez, a roda da fortuna ao sabor das moiras que tecem, dobam e podam o fio do destino, pontuando o nascimento, o crescimento, o azar, o amor, o êxito, a frustração, a doença, a morte de cada um de nós. É o que poderia estar sendo dito nestes versos: "A gente quer ter voz ativa / No nosso destino mandar / Mas eis que chega a roda viva / E carrega o destino pra lá".

Quiçá faça referência à roda viva do cotidiano na megalópole, à roda que tritura, ao ritmo alucinante do corre-corre diário, à luta pela sobrevivência na selva de pedra, ao salve-se-quem-puder da concorrência, às apostas na loteria do mercado. É o que se poderia depreender deste fragmento: "Tem dias que a gente se sente / Como quem partiu ou morreu / A gente estancou de repente / Ou foi o mundo então que cresceu".
Pode ser que reviva as imagens fabulosas, os encantamentos e os espantos da infância, ou o acontecimento do primeiro amor. É o que nos poderia sugerir o refrão: "Roda mundo, roda-gigante / Rodamoinho, roda pião / O tempo rodou num instante / Nas voltas do meu coração".

Quem sabe, seja apenas um canto de desalento: "No peito a saudade cativa / Faz força pro tempo parar / Mas eis que chega a roda viva / E carrega a saudade pra lá". (Note-se que cativa tem aqui um duplo sentido: saudade que está prisioneira ou saudade que seduz?)E é essa multiplicidade de leituras que nos permite fruir a letra da música quarenta e um anos decorridos. Mas "Roda Viva" também pode ser recepcionada com seu pano de fundo – o contexto político e cultural de véspera de meia-oito –, como mímese do espírito de seu tempo.

Que tempo era esse? A sociedade se recuperava do golpe militar de 64. Havia uma espécie de nostalgia da liberdade. A música popular brasileira explodia nas paradas de sucesso com Nara Leão e Elis Regina. O teatro encenava musicais e peças engajadas: Opinião , com Maria Bethânia cantando "Carcará" ("pega, mata, come"); Liberdade, Liberdade , com Paulo Autran. O movimento cineclubista recuperava público para o cinema novo, que questionava o golpe com O desafio , de Paulo César Sarraceni. Na poesia, Thiago de Mello desafiava o regime com Faz escuro mas eu canto , e João Cabral de Melo Neto consagrava a temática social com Morte e vida Severina . Era como se fosse uma retomada da efervescência política e cultural do início dos anos 60 – em condições históricas adversas. E esse ambiente preparava o movimento contestatório de 68.

Que diz a letra de 1967? Que houve um tempo feliz, emocionante: "Roda mundo, roda-gigante / Rodamoinho, roda pião / O tempo rodou num instante / Nas voltas do meu coração". Mas que esse tempo sofreu uma interrupção abrupta, castradora: "O samba, a viola, a roseira / Um dia a fogueira queimou / Foi tudo ilusão passageira / Que a brisa primeira levou". E que isso gera inconformismo: "A gente vai contra a corrente / Até não poder resistir / Na volta do barco é que sente / O quanto deixou de cumprir".

Aqui, como nas fogueiras da inquisição ou nas queimadas de livros na Alemanha hitlerista, aqui também, "um dia a fogueira queimou". E a interdição se instalou: "Não posso fazer serenata / A roda de samba acabou". Não obstante, a ousadia da resistência marca presença: "A gente toma a iniciativa / Viola na rua, a cantar". E é reprimida: "Mas eis que chega a roda viva / E carrega a viola pra lá".
Assim, por esse viés, "Roda Viva" pode ser apreciada como um lamento que capta a subjetividade de um momento histórico.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Grupo Tortura Nunca Mais alerta contra repressão política e espionagem

Rio de Janeiro - O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ vê com enorme preocupação a notícia veiculada por alguns meios de comunicação de massa de que o governo brasileiro, ao assumir a luta contra o chamado terrorismo internacional, pretende reestruturar a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), criando, entre outros órgãos, o Departamento de Contra-Terrorismo (DCT). A nova estrutura, segundo as notícias (JB de 27/10/2008), irá elaborar políticas de prevenção e articular o intercâmbio de informações com as principais agências internacionais que atuam no combate ao terrorismo.

A agência buscará parceria com os órgãos de inteligência das Forças Armadas e da Polícia Federal. Terá também o Departamento de Integração do Sistema de Inteligência Brasileiro com estrutura tecnológica e capilaridade nacional, conectado às redes de serviços públicos federais e estaduais, funcionando 24 horas durante todos os dias do ano.

Este projeto pretende ser inaugurado em março próximo e muito preocupa as entidades de direitos humanos, que percebem sua estreita vinculação com a campanha anti-terrorista capitaneada pelos Estados Unidos e apoiada pelos principais países europeus. Nesta campanha inserem-se não somente o uso da tortura como um mal menor, mas toda uma lógica fundamentada na crença de que contra os perigosos toda e qualquer prática inibidora, mesmo a mais violenta, deve e necessita ser utilizada.

Este projeto, ao propor a unificação dos serviços de informação brasileiros, nos faz lembrar dos inaceitáveis DOI-CODIs que funcionaram em nosso país durante o período de Terrorismo de Estado. Da mesma forma, nos faz lembrar da Operação Condor, pelo intercâmbio e colaboração que estão previstos com as agências de informação internacionais.

Sabemos que os tempos são outros, mas sabemos também que vivemos a era do fortalecimento do Estado Penal-Punitivo-Repressivo e da expansão da Política de Tolerância Zero, onde os chamados perigosos necessitam ser monitorados, controlados, presos, torturados e, mesmo, exterminados.
Diante disso, solicitamos que este alerta seja o mais amplamente divulgado e que mensagens de repúdio sejam encaminhadas para:

domingo, 2 de março de 2008

Guerra do Contestado

o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa norte-americana ou do governo.

Participação do monge José Maria

Nesta época, as regiões mais pobres do Brasil eram terreno fértil para o aparecimento de lideranças religiosas de caráter messiânico. Na área do Contestado não foi diferente, pois, diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, principalmente de camponeses sem terras.

Os conflitos

Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem da região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo de desarticular o movimento.

Os soldados e policiais começaram a perseguir o beato e seus seguidores. Armados de espingardas de caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as forças oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na maioria camponeses, morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores.

O fim da Guerra

A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais conseguiram prender Adeodato, que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a trinta anos de prisão.

Conclusão

A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais pobre. Não havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos com negociação. Quando havia organização daqueles que eram injustiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis, combatiam os movimentos com repressão e força militar.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

"Cláudio Louco", o guerrilheiro que todos preferem esquecer

Assembléia de marinheiros e fuzileiros
navais, 5 dias antes da quartelada de
1964Como seria reconstituir, à maneira dos quebra-cabeças, encaixando peça por peça, uma das mais trágicas e bizarras trajetórias de militantes da resistência à ditadura de 1964/85?
Foi mais ou menos como Bram Stocker procedeu no seu clássico Drácula, só que usando registros inventados.Vou tentar fazer essa montagem a partir dos registros verídicos de dois livros sobre trajetórias de militantes da luta armada: A Trilha do Labirinto (Inojosa Editores, 1993, relançado no ano passado pela Editora Bagaço), do companheiro Chico de Assis, ex-PCB e PCBR; e o meu Náufrago da Utopia (Geração Editorial, 2005).Vamos, pois, à história de Cláudio de Souza Ribeiro, personagem secundário mas marcante em ambas as obras, referido pelo Chico como "Caio" e por mim como "Matos".Da infância à luta armada (em A Trilha do Labirinto)
"...uma infância pobre, muito pobre, moleque num subúrbio do Recife, o pai alcoólatra, degradado, diariamente no boteco, o rosto, os olhos vermelhos, inchados, a fala pastosa.a mãe altiva, ainda bonita, arrimo de família com suas costuras, disfarça cada vez menos a irritação que lhe causa ver os pingos do seu suor transformados na pinga do marido cachaceiro.
(um dia eu largo tudo e me mando com você pelo mundo)
ameaça que acabou cumprindo, para o mal ou para o bem, Caio não sabe, sabendo apenas que se viu acompanhando a mãe, na terceira classe de um navio, rumo a Belém do Pará, quando viveu talvez seu primeiro grande trauma, o envolvimento da mãe com um companheiro de tripulação.
outros fatos também presentes na formação de uma personalidade visivelmente psicopática (são) a entrada na Marinha, a percepção de zombaria por parte dos outros marinheiros nos banhos coletivos, sobre o tamanho do seu pênis,rejeitava agressivo a provocação, mas não conseguia com a mesma facilidade expulsá-la de dentro de si, quando sozinho se depara com o pênis, de fato pequeno, começando a acumular complexos e frustrações que teriam de explodir como explodiram, sobre a cama, na primeira tentativa de relação sexual que fizera.
(puxa, bem, pra levantar esse aí - disse a puta - só com guindaste) não esperando a violenta bofetada que se seguiu e a cena histérica de Caio segurando-a pelos braços em constantes safanões,comportamento de que se arrependia depois, mas que se foi repetindo a cada novo insucesso, até que se decidiu pelo outro extremo, o de evitar o problema evitando as mulheres e sublimando tudo na política, que começara a fazer, ainda antes de 64, no movimento sindical dos marinheiros, quando conviveu com o cabo Anselmo.
"Caio se ligou a ele sem pestanejar, transformando-se num de seus homens mais próximos, tanto que os dois foram cassados juntos, logo depois de 64, viajando então para Cuba, onde fizeram o mesmo curso de guerrilhas e fabricação de explosivos, separando-se apenas na volta, quando Caio se ligou diretamente ao comando do capitão Lamarca (...) o lider maior da Vanguarda Popular Revolucionária - VPR, (...) onde Caio ocupa posição de destaque, sobressaindo-se em ações cada vez mais espetaculares, que vão aos poucos criando, entre os dirigentes e intermediários da organização, a mística de revolucionário de novo tipo, compensatória da decepção que experimentam quando se deparam com Caio no dia-a-dia, porque aí ele era uma personalidade dificílima de conviver, como se estivesse permanentemente em guarda contra tudo e contra todos."

Como militante da VPR (em Náufrago da Utopia)
"O Congresso de Abril da VPR tem lugar em Mongaguá, no litoral sul paulista [abril/69]. Júlio [ou seja, eu mesmo, CL] viaja junto com Cláudio de Souza Ribeiro (Matos), um dos remanescentes dos movimentos de marinheiros que foram um dos estopins do golpe de 1964.O ex-marujo é uma figura impressionante, com sua calça cinza e paletó azul-marinho. Gagueja um pouco e tem um jeitão meio insano. Mesmo quando calmo e amistoso como agora, deixa perceber que é um homem explosivo. Refere-se aos adversários na Organização - a derrotada corrente do professor Quartim - como se fossem inimigos. Dá impressão de que seria capaz de matá-los a porradas.

Ao mesmo tempo, tem um passado revolucionário dos mais ricos. No ônibus, conta episódios fascinantes como o do primeiro roubo de banco executado pela VPR:
Nós, os ex-militares, estávamos todos sendo procurados, era difícil arrumar emprego. Chegou um ponto em que não havia mais como conseguir dinheiro para o dia a dia. Então, resolvemos expropriar um banco. Naquele momento foi por necessidade mesmo, não como uma opção política. Levamos duas ou três semanas preparando tudo, vigiando a agência, estudando cada detalhe. Adiamos várias vezes, sempre surgia algum imprevisto. Um dia não tínhamos dinheiro mais nem pra comer, então decidimos: é hoje! Lá dentro deu tudo certo. Mas o pessoal estava tão afobado que quase foi embora me deixando pra trás. Tive de correr atrás do veículo...

Segundo ele, foi alguns assaltos depois que a VPR, após muitas discussões internas, decidiu assumir essas expropriações, espalhando panfletos nos locais. E assim, meio sem querer, a vanguarda passou a desenvolver ações armadas, com o exemplo da VPR logo inspirando a ALN e outras organizações.Do passado mais remoto, Matos diz que o plano de Che Guevara na Bolívia era criar um eixo guerrilheiro cortando a América do Sul de lado a lado. No Brasil, cabia a Leonel Brizola ativar uma guerrilha no Mato Grosso:Ele embolsou o dinheiro dos companheiros cubanos e fez aquela palhaçada em Caparaó só pra disfarçar. Da forma como ele armou aquilo, só podia cair mesmo. Então, todos nós rompemos com o Brizola. E os cubanos botaram nele o apelido de el ratón...[durante o Congresso de Mongaguá] os quadros mais duros são os que exibem descontrole. Lamarca e o marinheiro Matos (...) desabafam em meio ao Congresso. Queixam-se das circunstâncias terríveis em que vivem, como feras acuadas; da solidão; das traições dos companheiros que estariam sabotando a revolução, etc. Problemas políticos e pessoais misturados,em junho/69] a VPR está finalizando os entendimentos com o Colina - Comando de Libertação Nacional, organização surgida em Minas Gerais e que tem atuação marcante também no Rio de Janeiro.

"Logo em seguida, a confirmação: ambos os comandos decidiram somar forças, constituindo a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Adiante,essa fusão será homologada por um congresso em que todos os militantes estarão representados."O novo Comando Nacional tem seis membros, três de cada origem. Incumbidos da luta principal, a implantação de uma coluna móvel estratégica, estão Lamarca e Matos (VPR), mais o casal Juarez Guimarães e Maria do Carmo Brito (Colina)."[durante o Congresso de Teresópolis, no qual a fusão seria homologada] as posições massistas vencem em toda linha. Há algumas discussões acaloradas, Matos se descontrola, mas não consegue deter o avanço da direita. A VAR-Palmares sairá desse congresso empenhada em recriar os laços orgânicos com as massas, sem conferir à montagem da coluna móvel estratégica a prioridade que ela precisa ter para sair do papel.
"Quando já se discute a constituição do novo comando, (...) Lamarca (...) resolve romper com a VAR e recriar a VPR."Sete militantes saem da VAR para reagrupar a VPR: Lamarca, Mário Japa, Matos, Darcy, Nóbrega, Moisés e Júlio."

Rompe com a VPR para levar vida de civil (em Trilha)
"...[convertia-se] em várias ocasiões num tirano insuportável que não reconhece deveres, apenas direitos, e provoca constantes transtornos com suas reclamações e caprichos, atuando assim na organização, até conhecer Clea, uma militante de base que revelou interesse e curiosidade por conhecer o que já é visto como novo prodígio revolucionário da VPR, pela frieza, pela audácia, pela agilidade reveladas num sem-numero de ações e particularmente pela esquisitice que, segundo afirmam, contorna sua vida pessoal."tratava-se da relação entre duas pessoas com níveis diferentes de participação na luta, fadada (...) a enfrentar (...) conflitos no percurso.
"(não dá mais, meu nego, o cerco tá se fechando e eu não tenho nível pra suportar a clandestinidade de vocês) ela comunicou aflita, depois de informar que fora procurada na Universidade, não tendo sido presa por questão de minutos." [é enorme] o desespero que o consome ao imaginar sua vida sem ela, principalmente sua vida sexual sem ela, a mulher que o levantara da definitiva condenação à impotência, vencendo pelo carinho, pela compreensão, pela absoluta indiferença com que reagira aos primeiros inevitáveis insucessos dele.
"...dois meses depois de sua saída de São Paulo, já integrada no Recife e em vias de conseguir colocação [em] uma empresa em ascensão no Nordeste, encontra-se com Caio.
"(rompi com o pessoal, querida, e vim ficar com você) (...) revelando até mesmo um certo fascínio pela história de se transformar num cidadão comum, com trabalho e residência conhecidos, empolgação que a confundiu e a fez pensar talvez fosse ainda possível viajar nas asas da ilusão que se desfez na primeira crise provocada pelo tédio e pela fulminante ação do sentimento de culpa que começava a corroê-lo implacavelmente, a cada morte ou queda de que ele toma conhecimento, escandalizando a vizinhança (...), reproduzindo a bebedeira do pai e fazendo com que ela se distancie paulatina e irremediavelmente."propensa às confidências e aos desabafos com os companheiros de trabalho, um deles fatalmente terminaria atraindo-a para um novo relacionamento que não teve forças ou não via razão para omitir de Caio."

Baleia a companheira e entrega-se à polícia (em Náufrago)
"Matos, o ex-marujo que foi com Júlio até Mongaguá e chegou a ser comandante tanto da VPR quanto da VAR-Palmares, acabou justificando o apelido que tinha na Associação dos Marinheiros: Cláudio Louco. Abandonou a luta para viver com sua amada nos confins de Pernambuco. Ao descobrir que era traído, matou a companheira e se entregou à polícia, em agosto de 1971.
"Comparece a um julgamento com olhar perdido. Mantêm-no algemado durante toda a audiência, ao contrário dos demais réus. Dois policiais tomam conta dele o tempo todo."
Penitenciária Barreto Campelo, Itamaracá/PE (em Trilha)
"[companheiro de prisão do Chico de Assis] Caio era capaz de invadir repentinamente uma cela onde estivéssemos reunidos e a título apenas de alimentar suas manias extravagantes de perseguição, declarar que a partir daquele momento só falaria com fulano ou sicrano, deixando a todos atônitos, mais ainda porque dias depois ele se arrependia da atitude e voltava a conviver normalmente com todos.
"[depois de ouvirem o relato pungente de suas desgraças, os outros presos políticos acabaram] selando com Caio uma espécie de acordo tácito, a partir do qual eles compreenderiam e terminariam perdoando todas as extravagâncias, idiossincrasias e dificuldades de conviviência que ele viesse a manifestar no longo trajeto carcerário que todos viriam a percorrer até a liberdade, não imaginando então que a de Caio seria conquistada em fuga espetacular e única entre os presos políticos do Estado".

O desfecho, em 2009: encontro marcado com o destino
Para terminar, acrescento o que o Chico me contou por e-mail, diante do interesse que, após ler seu livro, manifestei sobre Matos, nosso conhecido comum.
P. ex., que, no seu desespero por ter matado Clea, Matos chegou a pedir aos canalhas do DOI-Codi que o executassem, recebendo como resposta: "Aqui não morre quem quer, só quem a gente quer".Depois de um início difícil, ele acabou se integrando ao círculo de prisioneiros políticos de Itamaracá, só vindo a fugir porque, com a anistia, seria entregue à Justiça comum, como assassino. Não admitia ficar preso junto com bandidos.

Sumiu no mundo.
O que terá feito nas três décadas seguintes? Há rumores de que contatou um ou outro grupo de esquerda, nada tendo resultado.O desfecho veio numa mensagem do Chico, há alguns meses: finalmente, Matos se resignou ao destino que há tanto o aguardava, cometendo suicídio.
Faz alguns dias, fui ver se encontrava pormenores de sua morte nas buscas da internet. E verifiquei que ele é citado só de passagem, numa mísera dezena de registros. Nem imagem achei!
Não me surpreendeu. Matos foi um inimigo terrível para a direita e um personagem constrangedor para a esquerda. Todos preferem vê-lo relegado ao esquecimento.
Menos o Chico de Assis e eu. Ambos desprezamos essa mentalidade de avestruzes, essa moral das conveniências - que revolucionária não é, nem um pouco.
A verdade, sim, é revolucionária, como bem dizia Rosa Luxemburgo.
E Matos, depois de ter sido privado de tantas satisfações simples dos mortais ao longo de sua sofrida vida, não merece ser despojado também do seu papel na História.
Pois, apesar das óbvias limitações, fez tudo que estava ao seu alcance para combater a ditadura mais tacanha e brutal que este país já conheceu.
Merece respeito por sua luta e compaixão pelas suas desventuras.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O ruir do "campo socialista": Implosão ou terceira guerra mundial?

Reflictamos no modo como o imperialismo americano conseguiu engolir a Nicarágua. Submeteu-a ao bloqueio económico e militar, ao controlo e à conspiração por parte dos seus serviços secretos, à colocação de minas nos portos, a uma guerra não declarada, mas sangrenta, suja e contrária ao direito internacional. Perante tudo isto, o governo sandinista viu-se obrigado a tomar medidas limitadas de defesa contra a agressão externa e a reacção interna. E logo a administração EUA se arma em defensora dos direitos democráticos espezinhados pelo "totalitarismo" e desencadeia a sua potência de fogo multi-mediático contra o governo sandinista, no âmbito de uma campanha que, se viu em primeiro plano a hierarquia católica, não deixou de arrastar algumas boas almas da "esquerda". A liberdade de manobra de Ortega perante a agressão foi sendo progressivamente reduzida e anulada. Enquanto o estrangulamento económico e a cruzada ideológica corroíam a base social de consenso do governo sandinista, as pressões militares e o terrorismo (alimentado por Washington) dos contras enfraqueciam a vontade e a capacidade de resistência. O resultado: eleições em que o imperialismo pôde fazer valer até ao fundo o seu super-poder financeiro e multi-mediático; já dessangrado e exausto, mais que nunca de faca apontada à garganta, o povo nicaraguense decidiu "livremente" ceder aos seus agressores. Não é diferente a táctica posta em acção contra Cuba. Bem, convém agora levantar uma questão: o ruir (pelo menos momentâneo) do regime sandinista é o resultado de uma "implosão"? Pode ser assimilado a "implosão" ou "colapso" o derrube, que desde há decénios o imperialismo americano persegue, de Fidel Castro e do socialismo cubano?

Neste caso, é imediatamente evidente o carácter mistificador de categorias que pretendem configurar como um processo meramente espontâneo e totalmente interno uma derrocada ou uma crise que não podem ser desligados da formidável pressão exercida a todos os níveis pelo imperialismo. Contudo, a categoria de "implosão" já não resulta persuasiva se, em vez da Nicarágua e Cuba, for aplicada à parábola do "campo socialista" no seu conjunto. Já em 1947, no momento em que formula a política da "contenção", o seu teórico, George F. Kennan explicita que é preciso influenciar "os desenvolvimentos internos da Rússia e do movimento comunista internacional", e não só por meio da "actividade de informação" dos serviços secretos, que no entanto - sublinha o autorizado conselheiro da embaixada americana em Moscovo e da administração EUA - não deve ser descurada. Em termos mais gerais e mais ambiciosos, trata-se de "aumentar enormemente as tensões (strains) sob as quais terá de actuar a política soviética", de modo a "promover tendências que deverão no fim encontrar a sua saída ou na ruptura ou no amolecimento do poder soviético". A que normalmente, com um singular eufemismo, é chamada "implosão" aqui é definida com precisão uma "ruptura" (break-up) que é tão pouco espontânea que pode ser prevista, programada e activamente promovida com mais de quarenta anos de avanço. No plano internacional, as relações de força económicas, políticas e militares são tais - prossegue ainda Kennan - que o Ocidente pode exercer algo parecido com um "poder de vida e de morte sobre o movimento comunista" e sobre a União Soviética. [3]

Nas origens da guerra-fria
O ruir do "campo socialista" portanto terá de ser colocado dentro de uma impiedosa prova de força. É a chamada guerra-fria. Esta investe todo o planeta e prolonga-se por decénios. Nos inícios dos anos 50, as suas modalidades são assim explicitadas pelo general americano James Doolittle: "Não há regras nesse jogo. Já não são válidas as normas de comportamento humano aceitáveis até agora... Devemos... aprender a subverter, sabotar e destruir os nossos inimigos com métodos mais inteligentes, mais sofisticados e mais eficazes do que os por eles usados contra nós".

A estas mesmas conclusões chega Eisenhower, o qual não foi por acaso que passou do cargo de supremo comandante militar na Europa para o de presidente dos EUA. Estamos em presença de uma prova de força que não só é conduzida, de um lado e do outro, sem exclusão de golpes (espionagem, conspiração, golpes de Estado, etc), mas que em diversas ocasiões se transforma, em várias áreas do globo, numa verdadeira guerra. É o que acontece por exemplo, na Coreia. Em Janeiro de 1952, para desbloquear a situação de empate nas operações militares, Truman acaricia uma ideia radical que chega a transcrever numa nota do seu diário: poder-se-ia fazer um ultimato à URSS e à China Popular, esclarecendo antes que a falta de obediência "significa que Moscovo, São Petersburgo, Mukden, Vladivostok, Pequim, Xangai, Port Arthur, Dairen, Odessa, Estalinegrado e todas as instalações militares ou industriais na China e na União Soviética seriam eliminadas" (eliminated). [5] Não se trata apenas de uma reflexão privada: durante a guerra da Coreia, em várias ocasiões a arma atómica foi brandida contra a República Popular da China; e a ameaça resulta tanto mais crível devido à lembrança, ainda viva e terrível, de Hiroshima e Nagasaki.

Não há dúvida de que com a dissolução, ou melhor, com o break-up, da URSS em 1991 se concluiu a guerra-fria. Mas quando começou? Já está claramente em curso enquanto ainda se mantém aceso o segundo conflito mundial. Hiroshima e Nagasaki são destruídas quando é já claro que o Japão está disposto a render-se; mais do que um país já derrotado, o recurso à bomba atómica tem em mira a URSS: é esta a conclusão a que chegam autorizados historiadores americanos, na base de uma documentação indesmentível. A nova arma terrível não pode ser experimentada com efeitos demonstrativos numa zona deserta, mas tem de ser já lançada sobre duas cidades, de modo que os soviéticos compreendam imediatamente e até ao fundo a realidade das relações de força e a determinação estado-unidense de não recuar perante nada. E com efeito, Churchill já se declara pronto, em caso de necessidade, a "eliminar todos os centros industriais russos", enquanto o secretário de Estado dos EUA Stimson acalenta por algum tempo a ideia de "obrigar a União Soviética a abandonar ou a modificar radicalmente todo o seu sistema de governo".

Verifica-se assim um paradoxo. A opor-se ou a mostrar-se relutantes ao projecto de bombardeamento são os chefes militares, sobretudo da marinha. "Bárbara" foi considerada a nova arma: ela atinge indiscriminadamente "mulheres e crianças", não é melhor que as "armas bacteriológicas" e que os "gases venenosos" proibidos pela Convenção de Genebra. Ainda por cima, o Japão está "já derrotado e pronto a render-se". Estes chefes militares ignoram que a arma atómica na realidade tem em mira a União Soviética, o único país agora em condições de contrariar o programa, explicitamente enunciado por Truman numa reunião de gabinete de 7 de Setembro de 1945, de fazer dos EUA o "gendarme e xerife do mundo". A notícia da horrível destruição de Hiroshima e Nagasaki provoca inquietação e inclusivamente indignação na opinião pública americana, e eis que em 1947 Stimson intervém totalitariamente com um artigo sensacionalista por todos os meios de informação para difundir a lenda e a mentira segundo a qual aquelas duas matanças indiscriminadas tinham sido necessárias para salvar milhões de vidas humanas. Na realidade - sublinha ainda o historiador americano aqui citado - era preciso bloquear de todas as maneiras a onda de críticas com o fim de habituar a opinião pública à ideia da absoluta normalidade do recurso à arma atómica (e de novo era avisada a URSS).

No Japão verifica-se outro facto decisivo para compreender a guerra-fria. Na sua agressão contra a China o exército imperial tinha-se manchado de crimes horríveis, utilizando não poucos prisioneiros como cobaias para a vivissecção e outras atrozes experiências e empregando contra a população civil armas bacteriológicas. Aos responsáveis e aos membros da famigerada unidade 731, a estes criminosos de guerra, os EUA garantem a impunidade em troca da entrega de todos os dados recolhidos. No âmbito da guerra-fria que agora se delineia, juntamente com as armas atómicas apontam-se também as bacteriológicas.

Vemos assim os inícios da guerra-fria entrelaçarem-se com a fase final da segunda guerra mundial. Na realidade, para ver como se entrelaçam não é preciso esperar por 1945. É esclarecedora a declaração feita por Truman logo a seguir à agressão nazi da URSS. Neste momento os Estados Unidos formalmente ainda não entraram em guerra, mas já estão de facto alinhados ao lado da Grã-Bretanha. Compreende-se portanto que o futuro presidente dos EUA se preocupe em explicitar que não quer "em caso algum ver Hitler vencedor". Contudo, por outro lado não hesita em declarar: "Se virmos vencer a Alemanha, devemos ajudar a Rússia, e se virmos vencer a Rússia devemos ajudar a Alemanha. Deixemos assim que se matem o mais possível". Isto é, apesar da aliança de facto do seu país com a Grã--Bretanha e portanto, indirectamente, com a URSS, Truman exprime todo o seu interesse ou entusiasmo pelo dessangramento do país nascido da revolução de Outubro. Nesse mesmo período de tempo, exprime conceitos semelhantes aos de Truman o ministro britânico Lorde Brabazon: é verdade que será obrigado a demitir-se, mas conta o facto de importantes círculos da Grã-Bretanha continuarem a encarar como um inimigo mortal a União Soviética com a qual contudo são formalmente aliados.

Tornando-se vice-presidente em 1944 e presidente no ano seguinte, Truman empenha-se em realizar o programa enunciado no verão de 1941. Deve-se acrescentar que o objectivo do enfraquecimento (ou do dessangramento) da URSS também não parece ter sido estranho a Franklin Delano Roosevelt (o qual, não por acaso, durante um ano teve como seu vice Truman). Quando se torna claro que seria a União Soviética e já não a Grã-Bretanha a emergir no fim da guerra "como o principal opositor a uma "pax americana" global", Roosevelt - observa um historiador alemão - alterou de modo radical a sua estratégia militar: "A consequência de deixar que a União Soviética fizesse o esforço maior para a vitória sobre a Alemanha teve expressão na decisão de predispor no seu conjunto só 89 divisões em vez das 215 previstas pelo Victory Programm deslocando o baricentro do armamento americano para a marinha e a aviação com a finalidade de construir uma potência naval e aérea superior".

Talvez se tenha de começar ainda mais atrás, e é significativo que André Fontaine, na sua História da guerra-fria, tenha partido da revolução de Outubro, que na realidade foi combatida com uma guerra-fria e quente. Se examinarmos o período que vai de Outubro de 1917 a 1953 (ano da morte de Estaline), vemos a Alemanha e as potências anglo-saxónicas alternar-se ou empenhar-se numa espécie de estafeta. À agressão da Alemanha de Guilherme II (até à paz de Brest-Litovsk) seguem-se as desencadeadas primeiro pela Entente e depois pela Alemanha hitleriana, e por fim a verdadeira "guerra-fria" que já tinha porém começado a manifestar-se decénios antes, entrelaçando-se mesmo com os dois conflitos mundiais.

Uma mistura fatal: o novo rosto da guerra
Em relação à URSS e ao "campo socialista" foi posta em movimento a mesma mistura de pressões económicas, ideológicas e militares com que a administração EUA conseguiu provocar a queda do governo sandinista e espera provocar a "ruptura" do sistema político-social cubano.Este modo novo e mais articulado e sofisticado de fazer a guerra foi sendo pouco a pouco elaborado precisamente no decorrer da longa prova de força empreendida contra a sociedade nascida da revolução de Outubro. Enviar soldados contra a Rússia soviética - sublinha Herbert Hoover, elevado expoente da administração americana e futuro presidente dos Estados Unidos - significa expô-los "à infecção de ideias bolcheviques". É melhor avançar com o bloqueio económico em relação ao inimigo e com a ameaça do bloqueio económico em relação aos povos inclinados a deixar-se seduzir por Moscovo: o perigo da morte por inanição fá-los-á recuperar o bom senso. O primeiro-ministro francês, Georges Clemenceau, é de imediato fascinado pela proposta de Hoover: reconhece que se trata de "uma arma realmente eficaz" e que apresenta "maiores possibilidades de sucesso que a intervenção militar". Indignado fica Gramsci com a chantagem formulada pelos imperialistas: "Ou a bolsa ou a vida! Ou a ordem burguesa ou a fome"!

Outra arma tem sido preparada a partir sobretudo da guerra fria propriamente dita. Já em Novembro de 1945, o embaixador americano em Moscovo, William A. Harriman, recomenda a abertura de uma frente ideológica e propagandística contra a URSS: pode-se recorrer à difusão de jornais e revistas, claro, mas "a palavra impressa" é "fundamentalmente insatisfatória"; melhor é o recurso a potentes estações de rádio capazes de transmitir em todas as diversas línguas da União Soviética. Destas estações de rádio é repetidamente recomendada e celebrada a potência [10] . Há uma nova arma à disposição no gigantesco choque que se vai iniciando. A rádio que servira ao regime nazi para consolidar a sua base social de consenso é agora chamada a desagregar a base social de consenso do regime soviético.

Juntamente com estas novas armas continuam a actuar de modo mediato ou imediato as armas verdadeiras. O período que vai de 1945-46 a 1991 tem sido autorizadamente definido como "uma terceira guerra mundial, embora de carácter assaz particular" [11] . Com efeito, é impróprio definir "fria" uma guerra que começou com Hiroshima e Nagasaki. Trata-se de uma guerra que não só se torna periodicamente quente nas mais diversas áreas do globo, mas que em certos momentos se arrisca a ser tão quente que derrete ou quase o planeta. Até no que respeita ao confronto directo entre os dois principais antagonistas, se a frente mais imediatamente evidente é a da batalha político--diplomática, económica e propagandística, nem por isso se deve perder de vista o terrível braço de ferro militar que, mesmo sem chegar até ao choque directo e total, decerto não é falto de consequências. Trata-se de uma prova de força que actua em profundidade sobre a economia e a política do país inimigo, sobre o conjunto da sua configuração, é uma prova de força que tem em mira e até consegue, como teremos ocasião de ver, corroer as alianças, o "campo" do inimigo.

Com as coisas neste ponto, a categoria de "implosão" revela-se como um mito apologético do capitalismo e do imperialismo: é celebrada a sua indiscutível superioridade em relação a um sistema social que, tanto em Moscovo como nas Caraíbas e na América Latina, se desmorona ou cai em crise exclusivamente devido à sua interna insustentabilidade, pela sua intrínseca inferioridade. A categoria de implosão ou colapso não faz senão coroar os vencedores. É verdade, ela encontrou largo acolhimento também à esquerda, entre os comunistas, também e sobretudo entre os que se comportam como ultracomunistas e ultra-revolucionários; mas isto é só a prova da sua subalternidade ideológica e política.

Denunciar a categoria de "implosão" não significa renunciar a um balanço impiedoso da história do "socialismo real" e do movimento comunista internacional. Pelo contrário, só se torna possível um balanço a partir da tomada de consciência da realidade da "terceira guerra mundial". Por outro lado, para que este balanço impiedoso não seja de nenhum modo confundido com a capitulação, é necessário conduzir até ao fundo a crítica do comportamento sob o signo da subalternidade e do primitivismo religioso que no movimento comunista ganhou pé a partir da derrota.