quinta-feira, 6 de abril de 2006

Locke apresentado por Voltaire

O exílio voluntário de Voltaire em Londres, provocado pelas perseguições do cavaleiro de Rohan, de que o filósofo não se conseguia livrar, decorreu de Maio de 1726 até ao Outono de 1728. As Cartas Filosóficas, que apareceram em 1734, são produto dessa viagem e forneceram ao público cultivado francês aquilo que ele ansiava: uma descrição sucinta, mas viva, do país vizinho e rival, próspero e avançado. Um país que Voltaire mostrou ser bem diferente da França, que governava o cardeal de Fleury, primeiro ministro do jovem rei Luís XV. Diferente na tolerância religiosa, como Voltaire comprovou em sete das suas vinte e cinco cartas; mas também na ciência e na filosofia. Quanto a Locke, que segundo Voltaire, fez «modestamente» a história da alma humana, «desenvolveu a razão humana como um excelente anatomista explica os mecanismos do corpo».

As Cartas foram proibidas pelo Parlamento de Paris, considerando o livro «escandaloso, contrário à religião, aos bons costumes e ao respeito devido às Potências», condenando-o ao fogo e mandando prender o autor.

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